sábado, 1 de dezembro de 2012

NÃO É QUE SEMPRE FIQUE ALGUÉM DE FORA... É QUE É MESMO DIFÍCIL DEFINIR QUAL É O LADO DE DENTRO!

Dormi impressionado com o que experimentei diante de “Para Poucos” (2010), gracioso filme de Antony Cordier, cineasta que já havia granjeado o meu favoritismo epidérmico em “Duchas Frias/ À Flor da Pele” (2005). Em sua obra mais recente, o cruzamento entre as temáticas do amor livre e de parceiros sexuais engendra um conjunto mais adulto de situações, mas, ainda assim, permeadas pela imaturidade relacional: é difícil se deixar levar pelo desejo sem recair no ciúme, é difícil tentar não coibir a liberdade erótica de quem se ama sem recorrer às regras!

 Na trama, os personagens de Marian Foïs e Nicolas Duvauchelle são colegas de trabalho. Ambos se dão bem entre si e resolvem ampliar os laços de coleguismo, convidando os seus respectivos esposos (Roschdy Zem e Élodie Bouchez) para um jantar de casais. Durante o evento, o marido da primeira assedia a esposa do segundo e é correspondido. O fato não apenas é declarado como desencadeia um beijo romântico entre os dois colegas de trabalho, que se apaixonam. Assim, eles passam a conciliar os cotidianos maritais bem-sucedidos com esta espécie de ‘swing’ mais focado no companheirismo extra-relacional que no sexo, ainda que o erotismo seja um componente essencial tanto do filme quanto do que não é mostrado na tela. Mas nada impede que os mais belos momentos da obra sejam instantes epifânicos de bem-estar entre amigos, como quando um marido liga para a esposa do outro para fazer com que ela ouça os sons do local em que ele se encontra ou no momento registrado em foto, quando eles se banham após uma bacanal no pó. Um filme que encanta facilmente, mas que o faz justamente por nos apresentar o que eu me recuso a enxergar como a inevitabilidade do desencanto...

 A sensualidade incandescente (e a nudez desenvolta) dos atores, a cumplicidade demonstrada entre os personagens, a idealização de algo em que muito acredito, tudo me levou a ser projetado no filme de forma intensa, apaixonada, deslumbrada: por mais que o roteiro tenha os seus problemas, até mesmo estes são validados por uma brilhante correspondência com a realidade. O filme é inspiradíssimo, me fez pensar em minha própria vida, nos erros e anseios que norteiam os meus comportamentos cotidianos, sendo ótimo até mesmo em sua obviedade. Recomendo!

 Para ser sincero, com esta resenha mui pessoal eu pretendia adiantar algumas pendengas internas, destacar alguns fatos pessoais, realizar alguns elogios e/ou cobranças, mas talvez não seja mais o momento: vou esperar que meus amigos queridos entrem em contato com este filme qualitativo. Tomara que seja rápido: a língua coça, o contexto urge! 

 Wesley PC>

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