segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

“O MUNDO INTEIRO É UM CARRO VELHO ONDE A GENTE PULA, DEITA E ROLA”...


Quanto mais se mergulha no cinema brasileiro, mais se descobre que ainda se tem muito a descobrir: na tarde de hoje, por mero acaso, fui apresentado a um trio de comediantes [formado por Mário Alimari (Feneguetti), Sandrini (Mexilin) e Rony Cócegas (Maionese)] que, no final da década de 1970, estrelou um programa cômico na TV Tupi que imitava descaradamente Os Três Patetas estadunidenses.

Sem que eu sequer tivesse ouvido falar deles até o dia de hoje, conheci um filme pretensamente infantil chamado “Os Pankekas e o Calhambeque de Ouro” (1979, de António Moura Mattos), deveras assemelhado ao estilo nonsense d’Os Trapalhões, no qual o trio troca uma galinha por um calhambeque velho, que calha de ser o veículo do título, feito de ouro por um assaltante de banco que, assim, tencionava ultrapassar as fronteiras do Estado de São Paulo e fugir tanto da Polícia quanto de seu mafioso contratador, que era justamente o presidente do banco onde estavam as barras de ouro que serviram para a confecção do calhambeque. O roteiro de Emanoel Rodrigues, entretanto, evita se prender à sinopse apresentada na ficha técnica do filme e desperdiça as possibilidades de graça a partir da personificação do veículo, que pisca os olhos/faróis e anda sozinho quando lhe convém. O início do filme é muito divertido, mas, do meio para o final, apesar de sua curta duração (apenas 81 minutos), os resultados são desinteressantíssimos, principalmente por causa do excesso de perseguições bobocas e aceleradas (uma delas, numa boate com dançarinas e sheiks árabes; outra, num parque de diversões que se beneficia de vantagens publicitárias) e do alavancamento de personagens policialescos secundários, mas, não vou mentir: achei engraçada a insistência do personagem Maionese em repetir o seu jargão “na manteiga!”.

Para além (ou aquém) dos muitos defeitos estruturais do filme, conhecer o cinema brasileiro é sempre muito recompensante. Por isso, tenho a plena certeza de que, antes de chegar ao final de meu Mestrado, Paulo Emílio Salles Gomes e Jean-Claude Bernardet tornar-me-ão um homem mais intelectualmente feliz do que eu sou agora...

Wesley PC> 

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