segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

PALAVRA-CHAVE: CONTINUAÇÃO (OU CONTINUIDADE, SE MELHOR PREFERIREM)

31 de dezembro de 2012: este é mais um daqueles momentos em que confessar pela enésima vez que "eu sou um fetichista" talvez não mude muita coisa em relação à apreensão do que vou escrever em seguida, mas, à guisa de retrospectiva íntima, preciso dizer que, se houver algo de diferente em relação ao conjunto dos 365 dias que hoje se encerra, tive um 2012 excelente, soberbo, e, principalmente divino (em mais de um sentido literal e/ou dialético)...

 Se, por um lado, coisas ruins obviamente sucederam, por outro, todas estas foram ressignificadas ou compensadas por outras deveras melhores: 

 - Percebi que uma das criaturas que se dispunham a andar sem reservas entre o meu círculo aberto de amigos era uma víbora detestável, uma criatura traiçoeira, egoísta e burra (na acepção mais autodestrutiva do termo, visto que não gosto de utilizar esta palavra, aqui infelizmente necessária), mas aproximei-me ainda mais de seres que já eram infinitamente encantadores para mim; 

 - Fui assaltado com violência e hipertrofiei as minhas cautelas urbanofóbicas, mas diverti-me bastante ao percebi que sobrevivi sem danos físicos, que meus óculos deixaram de ser obrigatórios e que não faltaram amigos dispostos a me ajudar no que eu precisasse (inclusive, policiais críticos que insistiram comigo, quando souberam que eu estudava Jornalismo: "fale mal da polícia, mas não dos policiais" - risos);

 - Ingressei tardiamente (porém, no tempo exato) num Mestrado, onde percebi-me envolvido em conflitos intelectuais intensos com meu orientador, mas a convivência com meus nove colegas apaixonados pelo que estudam e a disponibilidade temporal para o incremento de meu arcabouço temático (a Boca de Lixo paulistana na década de 1980) fizeram com que a minha vida teórica tivesse muito mais sentido prático no futuro que se anuncia...;

 - Desvencilhei-me de uma função ocupacional que já me servia como antonomásia (chamavam-me de "DAA" nas ruas e sou gravado assim nas listas telefônicas de vários amigos), mas continuo guardando excelentes lembranças e ensinamentos daquele local, sem contar que as amizades que lá erigi são para sempre, como bem demonstram os reencontros freqüentes e cheios de afeto; 

 - e, principalmente, percebi-me vítima de diversas lamúrias, mas encontrei no CECINE/UFS, agora ressuscitado em sua terceira geração, a vontade de estender a minha voluntária inserção durkheiminiana dentre os "Aparelhos Ideológicos de Estado" que Louis Althusser tão bem descreveu num contexto em que sentimentos e ações andam juntos com a necessidade de transformar e melhorar um contexto terrestre que, se não se extinguiu no dia propagandeado pela mídia [e no qual tive acesso ao filme cujo fotograma emoldura esta postagem: O FIM DO MUNDO (1916, de August Blom), devidamente comentado aqui], pode soçobrar a qualquer momento, de tão chafurdado por ideologias malévola transmitidas e assimiladas através dos meios de comunicação de massa. 

 Enfim, resistiremos: possuo amigos, colegas, familiares, vizinhos, cúmplices, irmãos, seres vivos que me legam a cada instante o dom de amar e ser amado em retorno. A todos estes (que são tão infinitos quanto é o amor do Deus em que insisto em acreditar), eu deixo o meu eterno OBRIGADO, a ser reproduzido nos dias que se seguirão: muito obrigado mesmo! E que venha 2013... E todos os anos seguintes a ele, com a certeza de que não estou só - ou melhor, não estamos sós! 

 O texto acima talvez seja claro e auto-suficiente em seu direcionamento coletivo de agradecimentos, por mais que um ou outro ponto exija maiores explicações. Transferirei as mesmas para o desfecho do citado filme mudo dinamarquês, em sua bela seqüência final, mostra homem e mulher desolados num mundo destruído simultaneamente por fogo e água. Um predicante religioso permite o reencontro de ambos e a perspectiva moral do roteiro deixa clara a intenção de depositar no casal o intento da recolonização do mundo, aqui associado à continuidade de seus valores afetuosos, bastante divergentes da cobiça que impera nos demais contextos personalísticos. Isso fala por mim agora: estou feliz, confiante e agradecido, ainda que chateado por uma traição que não consegui contornar. Mas o mal é menor diante do bem supremo: estou feliz, não estou sozinho e há um Deus! 

 Wesley PC>

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