domingo, 2 de dezembro de 2012

UM FILME FELIZ DO CLÁUDIO ASSIS OU AÍ SURGE O AMOR E MUDA TUDO!

A pessoa que me apresentou entusiasticamente a “Febre do Rato” (2011, de Cláudio Assis) urrava de contentamento: como ele tinha visto o filme antes de mim, sentia um imenso prazer em me desvirginar simbolicamente durante a sessão! Esperava um filme cruel, violento... Deparei-me com um filme contente, disposto a enfrentar o inimigo capitalista através da cumplicidade de classe subjugada e da adesão aos “prazeres condenáveis”. Não gostei do protagonista, mas quase tudo no filme me encantou: lindo demais!

 Magnificamente fotografado em preto-e-branco por Walter Carvalho, fim de realçar o que o diretor assimilou como coloração adequada para a poesia, “Febre do Rato” tem na figura do personagem Zizo (Irandhir Santos) o seu foco, o seu ordenador discursivo, distanciando-se um pouco da estrutura-painel que caracteriza o estilo do cineasta. Porém, são os coadjuvantes do filme que mais chamam a nossa atenção: sejam as duas vizinhas velhas que alcançam o gozo através do sexo com o poeta, seja o travesti que volta e meia briga com seu marido coveiro. O brilho em cena de Mariana Nunes, nua na maior parte das seqüências, só não me encantou mais do que a beleza pós-adolescente de Vítor Araújo, que interpreta um dos rapazes com quem ela faz sexo. Absolutamente atraído por ele, mal sabia que este jovem é um virtuoso pernambucano do piano e que, recentemente, lançou um disco maravilhoso chamado “A/B” (2012), o qual ouço exatamente agora e sobre o qual escreverei um texto elogioso muito em breve... Apaixonei-me por este rapaz: sua nudez esplendorosa parecia destinada a me encantar desde o início, desde que seu personagem configurou o primeiro grande momento epifânico do filme, quando Mariana Nunes dança ao som de algo que ele executa num teclado... Estou apaixonado por ele, pura e simplesmente!

 Enquanto ouço o disco, muito diferente da efusão comunitária do filme (as quatro primeiras faixas chamam-se “Solidão”, por exemplo), não consigo parar de pensar em “Febre do Rato”: ainda que eu não tenha gostado tanto dele quanto os meus companheiros de sessão, fiquei deslumbrado diante da pujança poética do discurso de Cláudio Assis. Tentei escrever algo sobre ele aqui, mas o encanto foi mais forte... Apaixonar-se é muito bom – que o diga o belo fotograma anexado a esta postagem!

 Wesley PC>

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