sábado, 11 de fevereiro de 2012

A COISA-CRENDICE [EXPLICAÇÃO DE FIM DE NOITE (DE SÁBADO)]:

Sou um rapaz religioso. Nos tempos modernos, isto quase equivale a dizer que sou um rapaz supersticioso. Acredito da possibilidade de não existir Deus, mas, ainda assim (e muito mais forte) eu creio em Deus. Creio com vigor, com paixão e atividade. Minha herança pascaliana, entretanto, me leva a ser bastante cauteloso no que tange a esta crença: sei que é uma aposta, que Deus é invisível e que intervenções divinas não são tão oportunas quanto pensam algumas religiões. Meu Deus age, mas, quase sempre, percebemos isso postumamente. Reticências...

Por causa de minha crença firme na aposta não-oportunista, sou cuidado em muitas de minhas atividades fadadas ao fracasso: quando planejo fazer algo que pode “mudar a minha vida”, geralmente o faço escondido, a fim de não ser contaminado por algo que seria tachado senso-comunalmente de “mau-olhado”. Os passos titubeantes de minha inscrição no Mestrado em Comunicação Social deste ano foi uma exceção: pela primeira vez, publicizei os medos e pequenas confianças que me acometeram durante o próprio processo. E, afinal, passei! Assustado, resolvi me punir (leia-se: comemorar) de duas formas: 1- cancelei todas as minhas folgas empregatícias da semana passada, trabalhando mais de 10 horas por dia; e 2- decidi passar 5 dias, 1 hora e 1 minuto sem ver filme algum. Ou seja, desde as 16h37’ da última terça-feira, dia 07 de fevereiro de 2012, estou proibido por mim mesmo de assistir a qualquer filme, um ultraje para quem está acostumado a ver uma média de duas produções fílmicas por dia. Amanhã, às 17h39’, minha promessa/punição chega ao fim. Pensava que sofreria muito mais profundamente de abstinência. Reagi bem a este exagero de privação justificada de prazeres. O que só prova que faço bem em acreditar num Deus que anseia por meu próprio bem-estar, ainda que a duras penas. Deus me ama e, se não fosse heresia pensar nisso, eu quase O amo mais ainda. Aí Ele vem e demonstra que me ama muito mais... E o ciclo recomeça!

Wesley PC>

DO ENFRENTAMENTO DA VIDA SOLITÁRIA (EM DIA DE SÁBADO) – II

Já possuía o disco de estréia da banda Rammstein em minha casa há algum tempo, mas nunca havia me dado conta que “Herzeleid” quer dizer “dor de cabeça” nem tampouco havia percebido que, na minha cópia anterior deste ótimo disco de 1995, a faixa 11 estava corrompida, justamente a melhor do disco, aquela que leva o nome da banda e que faz menção ao acidente aéreo que nomeia o grupo. Porém, em “Herzeleid”, encontramos também “Heirate Mich” (faixa 08), magnificamente utilizada na trilha sonora de um filme do David Lynch, e “Seemann” (faixa 04), obra-prima do álbum, sobre um barqueiro triste que, temendo o frio solitário de uma noite outonal, convida alguém para estar ao seu lado. Pelo tom depressivo e um tanto revoltoso da canção, fica patente que não obterá êxito em seus convites, mas o apelo gracioso continua pairando no ar após os 4 minutos e 48 segundos da canção...

Um dado pitoresco na aquisição tardia deste disco é que eu nunca tinha prestado atenção à capa do mesmo: os seis integrantes da banda, seminus, deliciosamente expostos como símbolos sexuais do ‘Neue Deutsche Härte’, gênero musical ao qual se filiam. Obviamente, esta foto de capa causou controvérsias na imprensa, por causa de uma suposta incitação ao “fisiculturismo da raça superior”, decorrente dos apelos nazi-fetichistas de que os integrantes da banda fazem uso em seus concertos. Tanto que, quando foi lançado nos Estados Unidos da América, a capa foi modificada: ao invés de estarem sem camisa contra um fundo florido, os rostos dos integrantes são mostrados contra um fundo assepticamente branco. Não concordarei nem discordarei das acusações (justificadas) à capa original, mas também não me furtarei de fazer um elogio cabal: as faixas aqui contidas são dignas de serem executadas durante a minha vindoura ruptura do hímen anal. Se um dia eu tiver coragem de “dar o cu”, será ao som de Rammstein!

Wesley PC>

DO ENFRENTAMENTO DA VIDA SOLITÁRIA (EM DIA DE SÁBADO) – I

Hoje eu tive um sonho erótico com um rapaz casado. Isto para mim não é de todo problemático (desde que consensual), mas, no contexto descrito, achei de bom tom obnubilar o sonho. Acordei, tentei seguir a minha vida e, enquanto almoçava, liguei a TV e assisti ao terceiro episódio da segunda temporada do seriado norte-americano “The Big C”, “Sexual Healing”. No episódio em pauta, a protagonista cancerosa (Laura Linney) comenta com o marido (Oliver Platt) que o tratamento médico a que está se submetendo a deixa com a libido retraída. Ele parece compreender, dizendo que consegue ficar sem sexo por alguns dias. No instante seguinte, folheando um catálogo de calcinhas depositado sobre a cama, ele se masturba, quase sem perceber, de tão necessitado por uma ejaculação que estava. Uma adolescente desordeira que estava passando um tempo em sua casa (Gabourey Sidibe) flagra-o com o pênis ereto nas mãos, de modo que ele se apressa em contar à esposa o que aconteceu. Ela fica irritada a princípio, mas logo entende a delicada situação dele e lhe compra uma luva para onanismo com formato de vagina. Ele desdenha o presente bizarro, mas ela insiste em vê-lo usando. Ela sussurra situações eróticas em seu ouvido e ele fica completamente excitado, até que ambos não resistem e fazem sexo ali mesmo, gritando de gozo como se não houvesse mais ninguém em casa. Ponto. Por este preâmbulo, já dá para imaginar o que o episódio desencadeou em mim, não é?

Wesley PC>

APESAR DE APARENTEMENTE TER NOS CONVENCIDO, ESTE NICHOLAS SPARKS DEFINITIVAMENTE NÃO ME CONVENCEU!

“Pesquisei o mercado, escolhi o meu tema (uma história de amor), evoquei um casal de personagens baseados nos avós de minha esposa e, antes de escrever a primeira palavra, passei dois meses pensando no enredo. Naquela época, o mal de Alzheimer era presença constante nos noticiários. Decidi que a doença seria o ‘veículo’ que eu usaria para criar o senso de tragédia necessário para uma história de amor de qualidade. Digitei 80 mil palavras, enxuguei para 25 mil e, em janeiro de 1995, terminei o livro”.

É assim que o autor de “Diário de uma Paixão” (1996) confessa os seus intentos literários num segmento de posfácio intitulado “Nicholas Sparks por Nicholas Sparks”. Apesar de ter gostado muito e chorado aos cântaros durante a sessão do filme de Nick Cassavetes baseado neste livro, desgostei solenemente do produto original. Este livro me enfastiou de uma forma lancinante, beirando a insuportabilidade mesmo. Por mais crente que eu seja nesse tipo de amor devocional intensivo e por mais crédulo que eu seja em relação às opiniões de minhas amigas que se derreteram pelo livro, sou obrigado a defenestrá-lo criticamente: o estilo do autor é chavonado ao extremo, repetitivo em seu tom lamurioso, usando e abusando de menções a poetas célebres da literatura anglofílica. Essa última característica, aliás, é responsável pela escritura da segunda melhor página do livro, quando o protagonista Noah recebe a notícia de que sua amável esposa Allie está afligida por uma doença mnemodegenerativa e a única coisa em que ele consegue pensar é numa dupla de versos do poeta britânico Charles Ledley: “no drowning man can know which drop/ Of water his last breath did stop”. De fato, qual afogado pode lembrar qual foi a última gota d’água que sorveu antes de morrer? Preciosa rima!

A página que mais gostei do livro já foi descrita aqui mesmo neste ‘blog’, quando o autor descreve a solidão atual do personagem Noah Calhoun, aos 31 anos de idade, em sua morada idílica e permeada por fantasmas doces do passado, com a qual obviamente me identifiquei, mas, de resto, por mais bela que seja a fidelidade do personagem ao longo de 49 anos exatos de matrimônio – e até mais – irritei-me com a delicadeza vendável com que são descritos os encontros amorosos dos personagens. Achei tudo muito oportunista e mercadologicamente direcionado, com o próprio autor não faz questão de esconder em seu depoimento. Insisto que o filme derivado deste livro é lindo e sinto muita vontade de revê-lo nesse instante, mas não me senti convencido por esta estória de amor não. Muito pelo contrário, estou irritado até!

Não vou mentir que, quando perguntado sobre se ainda lembro de meu primeiro amor, pensei com estranha nostalgia interrogativa numa menina de 9 anos chamada Sarah, por quem me apaixonei na terceira série e nunca mais vi na vida, ao mesmo tempo em que passei em revista os meus amores hodiernos, mas, para mim, o tom de realização profissional e possessiva subjacente aos cuidados afetivos do tal Noah foram inconvincentes. Não quero aquilo para mim. Ter passado a noite de ontem na casa de uma mulher divorciada e, ao que parece, feliz só serviu para acentuar a minha resistência a esse tipo de ladainha convertida em ‘best-seller’. Comigo, o buraco deve ser mesmo mais embaixo...

Wesley PC>

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

OS PROBLEMAS MATRIMONIAIS, A FOME E A VONTADE DE COMER...

Não lembro muita coisa da trama de “A Indomada”, telenovela escrita por Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares no ano de 1997, mas há um personagem inesquecível nesta trama: o famigerado estuprador Cadeirudo, que, em noites de lua cheia, atacava as mulheres da cidade fictícia de Greenville. Ao final, descobre-se que o Cadeirudo era, na verdade, uma mulher sexualmente insatisfeita. E, há pouco,quando me perguntaram sobre o ingrediente secreto dos deliciosos bolinhos de arroz feitos por minha mãe, um chiste afrodisíaco trouxe o personagem de volta à tona da memória. E eu sorri por dentro: foi-se o tempo em que eu me divertia vendo as telenovelas da Rede Globo...

Na tarde de hoje, sexta-feira, contingências para-matrimoniais alheias atrasaram o meu almoço em 5 horas. Somente às 17h eu pude verificar o que minha mãe havia preparado para mim na marmita vegetariana de hoje: numerosos bolinhos de arroz destacavam-se no prato, de modo que os mesmos foram repartidos entre diversos colegas de trabalho. Dia cansativo hoje. Acho que fiquei nostálgico...

Wesley PC>

E AGORA, PARA ONDE?

Finalmente saiu a tal lista com o resultado final do Mestrado. Fui aprovado, como já havia sido informado em previsões institucionais. Obtive uma boa colocação, apesar de minha exigüidade curricular e da impressão de ter me saído pessimamente na entrevista avaliativa. Se eu tiver sorte, terei direito a uma bolsa de assistência monetária, o que permitirá que eu deixe o meu estafante emprego burocrático de exploração terceirizada e tenha mais tempo para ler e alimentar a mente. Estou revestido por súbitas esperanças que, como não poderia ser de forma diferente em minha vida, vêm acompanhadas de muitas dúvidas e tensões: o que será de mim agora? Só o tempo dirá! Quem sabe esta não seja a oportunidade definitiva para provar a mim mesmo que eu tenho futuro!

Juro que tento ser racional enquanto escrevo esse texto, mas não consigo segurar uma emoção renitente: eu precisava desse estímulo! Não sou um bom competidor e imaginei as derrotas mais lancinantes durante o processo, mas estou feliz por ter conseguido êxito na classificação geral. Sou um rapaz deslumbrado e, como tal, imagino-me agora capaz de realizar os tímidos sonhos que as agruras de minha vida adulta teimavam em deixar recônditos. Eu ainda sonho. Cerceado por um mundo em plena decadência, eu ainda me dou o direito de sonhar. Quem diria? Mas, ao mesmo tempo, o que será de mim agora? Estou esperançoso e não esconderei isso de ninguém por ora. Estou contente. Eu precisava disso!

Wesley PC>

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

DESVIO DE ASSUNTO (EU, NUMA MOTOCICLETA)

Depois da traumática experiência íntimo-jurídica da manhã de ontem, era óbvio que eu teria um pesadelo envolvendo sexualidade: sonhei que estava num cinema de arte em Minas Gerais. Via um filme escandinavo (fictício?) sobre uma mulher neurótica que se apaixona por alguém do local de trabalho. Enquanto via o filme, um rapazinho loiro e com o rosto cheio de cicatrizes acariciava o meu corpo com seu pé. Ele estava sentado na fileira da frente, agarrando a sua namorada, mas insistia em me alisar, me acariciar, me aliciar. Apesar da aparência de marginal branco (ou melhor, justamente por causa disso), ele me atraiu sexualmente. Mas, como ele não me deixava ver o filme, saí dali. De repente, estava na cama de um homem casado (com outro homem). Nenhum dos dois estava em casa e eu saí, a fim de visitar um museu de arte cinematográfica polonesa com alguns amigos. Deixei a chave num altar dedicado à cineasta Agnieszka Holland e tive problemas para atravessas as ruas largas e movimentadas de Belo Horizonte. A mania recorrente de perseguição infiltrava-se em meu subconsciente, bem como a igualmente recorrente impressão de culpa. Acordei irritado, chateado, insaciado. Havia dormido demais, estava angustiado com as identificações potenciais com tudo o que me ocorrera ontem. Deveria estar feliz, mas é como se eu estivesse triste. O resultado (oficial) ainda não saiu. Quero comemorar: preciso sanar o que me afeta!

Wesley PC>

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

QUANDO OS SÍMBOLOS OPRIMEM...

Hoje eu fui intimado a comparecer como testemunha de um processo jurídico solicitado por um colega de classe, que deseja mudar de nome. Apesar de ser homem e ter nome de homem, ele se sente mulher, já deu entrada no tratamento para posterior mudança de sexo e anseia para ser registrado como Dafnne Vitória, que é como ele se reconhece nomenclaturalmente. Não sei direito o porquê de eu ser escolhido para depor (enquanto trabalho burocrático, tenho um ponto de vista muito definido sobre o assunto, que talvez não agrade ao colega em questão), mas tive que comparecer ao fórum assim mesmo – e, Deus do céu, como me assustei com o que vi lá!

A audiência estava marcada para as 10h30’ da manhã. Cheguei ás 10h25’, no mesmo horário em que meu colega estava chegando, andando de salto alto num terreno pedregoso. Adentramos o fórum, deparamo-nos com um aparelho de TV ligado na Rede Globo, sentamo-nos e esperamos a nossa vez. Quando entramos na sala da audiência, percebemos que havia pessoas esquisitas no local. Mais tarde, fui levado a intuir que se tratavam de estudantes de Direito com o direito de assistir aos ensaios de julgamento ali travados. Normal. Mas o que mais me intimidou, para além da complexidade inaudita do caso em pauta foi a presença ostensiva e intimidadora de um gigantesco crucifixo na sala. Num local reservado à “justiça dos homens”, deparamo-nos com um símbolo de um dos maiores erros de julgamento da História. Naquele instante, senti medo. Muito medo, juro que senti medo!

Passados 10 minutos, pouco antes de a corregedora (ou algum título parecido) chegar, pediram que eu saísse da sala. Eu saí. E esperei, enquanto vasculhava as paredes esbranquiçadas do local em busca de mais cruzes. Depois de algum tempo, meu colega de classe saí da sala indignado, pois ofereceram-lhe a possibilidade de ter os dois nomes (um masculino e outro feminino) no mesmo documento, o que, para ele, pareceu aviltante. O processo foi cancelado. “No final do ano, eu começo tudo de novo – depois de já estar tomando hormônios femininos, inclusive!”, acrescentou ele. E eu fui trabalhar, intimidado. Deus que me livre de precisar de um advogado. Literalmente, nos dois casos!

Wesley PC>

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O QUE FOR PARA SER, É PARA SER!

E com esta mensagem singela, com este ditado popular entupido de ideologia, com este desencanto disfarçado de esperança, eu dou as boas vindas a uma terça-feira que pode ser um dos melhores dias de minha vida. Será, em verdade! Estou vivo, sobreviverei!

Wesley PC>

O MEDO PALPÁVEL DE SER PRESO... DE VEZ!

“Ele estava com 31 anos agora, não era velho demais, mas velho o bastante para se sentir só. Desde que regressara, ainda não havia saído com ninguém, não tinha encontrado ninguém que lhe interessasse, nem de leve. A culpa era somente sua, ele sabia. (...) E, às vezes, nos momentos que antecediam a chegada do sono, se perguntava se estaria destinado a ficar sozinho para sempre.” (p. 10)

O trecho acima faz parte do romance “Diário de uma Paixão”, título nacional para um aclamado sucesso literário do autor de ‘best-sellers’ Nicholas Sparks, lançado em 1996 sob o título original “The Notebook”. Alguns anos depois, ele seria transformado num ótimo filme do diretor Nick Cassavetes, mas, na versão escrita, a trama está me desagradando bastante. As descrições românticas engendradas pelo autor são ruins, forçadas, idílicas num viés impositivo, não convencem... Mas como eu fiquei assustado quando me vi diante do trecho acima: ele sabia que eu estava lendo-o? Era um recado para mim? Com certeza, repetirei este trecho muitas e muitas vezes, ainda este mês!

Pois bem, no capítulo que acabei de ler, lá pela metade exata do romance, deparo-me com uma minuciosa descrição de uma to sexual entre homem e mulher. A palavra “ereção” não é mencionada sequer uma vez em tudo o que li até então, não obstante os seios enrijecidos da protagonista feminina serem destacados em mais de uma situação. Por mais solitário que seja o protagonista masculino, ele não se masturba, ele não se excita, seu pênis é utilizado apenas para penetrar a mulher que ama incondicionalmente, 14 anos após a última vez em que ele a tinha visto. E eu me irritando deveras com o oportunismo escapista do livro...

Na vida real, cheguei atrasado em minha casa. Atrasado em relação ao horário costumeiro. Fiquei conversando agradavelmente com uma amiga que me visitou, uma amiga que faz sexo com alguém por quem sou ainda extremamente obcecado. Tendo chegado atrasado, deparei-me com um rapaz que me instaura forte desejo erótico fechando a porta do quintal onde tomara banho. Ele estava enrolado numa toalha amarela, que não escondia o montículo sensual que se formava em sua zona genital. Tinha 90% de certeza de que ele se masturbara naquele banho. O seu sêmen precioso, que tanto aprecio em minha garganta, jazia esquecido e abandonado no ralo de seu chuveiro. E, sabendo que eu estava pensando nisso, ele ousou sorrir para mim e me cumprimentar enquanto fechava a porta e me impedia de verificar aquilo de que tinha certeza. Horas depois, eu estava ligando a TV, vendo um filme genial, com o qual muito me identifiquei, em meus surtos inconscientes repletos de inveja, ciúme, vingança e potencial sanha de estuprador. Por sorte, a identificação criminosa e reprovável me conduziu a outro tipo de expiação: quase chorei ao final do filme. Quase! Estou precisando disso...

Wesley PC>

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

ESTABELECER PRIORIDADES É FUNDAMENTAL!



O resto é cultura de massa subsumida à Indústria Cultural.
Ponto.

Wesley PC>

NÃO SEI QUEM É NEM SEI DO QUE SE TRATA, MAS É DISSO QUE EU PRECISO, MESMO QUE SEJA DESTA FORMA!

Não sei se preciso dizer muita coisa depois da publicização desta foto encantadoramente erótica por algumas redes sociais virtuais de que participo, mas... Depois de uma madrugada de insônia, decorrente de uma insatisfação/incompreensão erótica não relacionada a qualquer tipo de conseqüência masturbatória imediata, o tipo de compensação tardia mostrado na imagem atenuaria um pouco da minha angústia sim. Hoje eu estou angustiado. E o sobejo de perguntas mal-formuladas em meu local de trabalho só piora a situação. Queria ter coragem de direcionar o apelo a algum dos avatares comparativos da imagem caso eu fosse o protagonista do meio. Mas, por ora, talvez coragem não seja o mesmo que “respeito”. E, no que tange à observância prática desta palavra, difiro-me bastante do filósofo Luiz Felipe Pondé, que quase defende o estupro numa coleção de artigos recém-lidos. Uma manhã de folga talvez contribuísse para dissolver o meu problema, mas... Se viver tem dessas coisas, sobreviver mais ainda!

Wesley PC>

domingo, 5 de fevereiro de 2012

“NÓS PODEMOS SOBREVIVER SEM FAMÍLIA”!

Eu preciso falar sobre “A Invenção de Hugo Cabret” (2011), o mais recente filme do genial diretor Martin Scorsese. Não apenas falar, mas gritar! Quando tivesse acesso às primeiras informações sobre o filme, nutri grande impressão de antipatia por ele, crente de que o filem fosse uma regressão infantil do diretor. Vendo o filme na manhã de hoje, confirme a minha impressão preconceituosa nos três primeiros quartéis de projeção, irritando-me fortemente com a idiotia entreguista de alguns diálogos, com as interpretações caricatas, com o roteiro subserviente ao capitalismo estandardizador, com a direção aparentemente preguiçosa do gênio nova-iorquino. Aí o filme me deu uma rasteira: se, num momento, o personagem de Sacha Baron Cohen pouco mais era que um arremedo banal de vilão, no instante seguinte o filme empresta a perspectiva narrativa ao seu complexo personagem, que grita a frase que intitula esta postagem, fazendo com que entendamos com muita cautela o que o protagonista titular quis dizer quando lança a tese de que “na grande máquina que é o mundo, não existem peças extras. Por isso, cada um de nós tem um propósito”. E o propósito deste filme é provar que ainda existe vida inteligente em Hollywood: e inteligência rima com sobrevivência não apenas na escritura da palavra em português, mas em sua própria essência constitutiva.

A trama genérica do filme parece centrada no garotinho que intitula o filme, interpretado mecanicamente (inclusive, no sentido literal do termo) por Asa Butterfield. Este é um órfão que vive nos vãos dos relógios de uma estação de trem parisiense depois que seu pai relojoeiro falece num incêndio. Uma contingência faz com que ele se afeiçoe à afilhada de um ranzinza proprietário de uma fábrica de brinquedos (Ben Kingsley), que, à medida que o filme evolui, sabemos ser o cineasta Georges Méliès. E é a partir daí que o filme faz uso de todas as suas armas para agradar quem realmente gosta de cinema – e consegue! Se eu estava achando mais da primeira metade do filme absolutamente insuportável, fiquei bastante desconfiado quando o roteiro de John Logan dedica-se a uma historiografia respeitosa do cinema mudo. “Puro oportunismo deslocado!”, pensei, mas, aos poucos, roteirista e diretor provaram que eu estava errado e que o amor à arte ali suscitado era completamente legítimo, visceral, intenso, mútuo e, acima de tudo, gritante: um amor que contagia! De repente, o filme assume a defesa metafórica do cinema em si, não se contentando apenas em elogiar a egrégia “arte muda”, mas estendendo a sua defesa aos artífices contemporâneos de cinema que não sucumbiram às exigências dos novos tempos, que não se adaptaram, que se recusaram a dar apenas aquilo que o público pede e parece querer... De filme infantil deslumbrado consigo mesmo, o filme se torna um brado denuncista, uma ferramenta potente de crença na inteligência sobrevivencial hollywoodiana. Saí da sessão encantado e surpreso com a fecunda mudança de opinião apreciativa que se estabeleceu de repente: mais uma vez, Martin Scorsese nos engana (como faz um prestidigitador inteligente) para exercitar o nosso poder de fruição diante de uma obra de arte entupida com as rimas práticas de inteligência e resistência. E, por enquanto, é o que eu tenho a dizer sobre este filme. Preciso revê-lo, preciso discuti-lo com outrem, tenho que reverenciá-lo da forma que ele merece: numa tela grande e em 3D, mas sem capitular estupidamente aos ditames industriais dos dias atuais. Ansioso desde já: estréia logo no Brasil, “A Invenção de Hugo Cabret”!

Wesley PC>

TANTO SÊMEN NO CALÇÃO QUE ATÉ PARECIA QUE ESTAVA MIJADO...

“Querida Wendy” (2005, de Thomas Vinterberg) começa devagar, chatinho, um pouco deslumbrado consigo mesmo. Aos poucos, porém, o dedo incisivo de Lars Von Trier no roteiro começa a se mostrar dominante em seu tom de fábula invertida e a ótima trilha sonora com músicas antigas do grupo The Zombies prova o que suspeitávamos: que o filme não apenas é muito bom como ele enfia o dedo na ferida armamentista norte-americana naquilo que ela tem de menos cicatrizável: o discurso pacifista que se serve do porte de armas para ser efetivo. E, por mais que a beleza estranha do Jamie Bell me conduzisse para um terreno fantasioso divergente da extrema violência que sutilmente contagia o filme, até mesmo isso tinha sentido. A maravilhosa cena em que a personagem de Alison Pill mostra os peitos para demonstrar que está crescendo sai em minha defesa. Preciso tomar banho!

Wesley PC>