sábado, 1 de setembro de 2012

POR EXTENSÃO FACEBOOKIANA, O FILME QUE AINDA NÃO VI, MAS COMO SINTO, OH, COMO DESEJO!

"Durante as noites, no meu leito,
 busquei aquele que meu coração ama;
procurei-o, sem o encontrar.
Vou levantar-me e percorrer a cidade, as ruas e as praças,
em busca daquele que meu coração ama;
procurei-o, sem o encontrar.
Os guardas encontraram-me quando faziam sua ronda na cidade.
 'Vistes acaso aquele que meu coração ama?'
Mal passara por eles, encontrei aquele que meu coração ama.
Segurei-o e não o largarei
antes que o tenha introduzido na casa de minha mãe
no quarto daquela que me concebeu.
Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém,
pelas gazelas e corças dos campos,
não desperteis nem perturbeis o amor, antes que ele o queira".
 CÂNTICOS DOS CÂNTICOS (3:1-5) 

Por isso, eu não consigo deixar de acreditar em Deus. No mais intenso desespero, abri por acaso a Bíblia Sagrada e me deparo com estes versos magnos, que parecem que foram escritos exatamente para mim, exatamente agora. Pensava em dormir, mas será de bom tom assistir a algum filme no quarto do meu irmão, com ou sem aquele que meu coração ama. Pena não estar com este desejado filme do Walter Hugo Khouri em mãos. Mas em mente, no coração, ele entende e define aquele que meu coração ama. Ao final, talvez eu ame eu mesmo, sobretudo! E a Deus, a um Deus em que insisto em crer e que me ampara até mesmo no mais lamentoso dos contextos eróticos. Pois isso também é amor!

Foi mais ou menos isso o que confessei em meu perfil de Facebook, tomado por uma angústia forte, decorrente de eventos recentes que me fizeram regredir a um passado de decepções e frustrações que eu fingia que cria superadas. Continuo a buscar "aquele que meu coração ama", mas tendo a oprimi-lo, seja lá sob qual face ele se apresente. Mas minha sina é também enfrentar. Por isso, enfrentarei, sobreviverei, desejarei e continuarei a amar "aquele que meu coração ama"!

Wesley PC>

“EU NÃO VOU MUDAR O JEITO QUE SOU, PARA MOSTRAR QUE NÃO PERTENÇO A ELES!”

Por mais que eu cogite – em sentido pascaliano – a possibilidade de não haver um Deus, aposto na crença n'Ele e sou muitíssimo beneficiado por isso! Quando o filme “Jogos Vorazes” (2012, de Gary Ross) estreou, alguns elogios de amigos próximos fizeram com que eu desejasse bastante vê-lo no cinema. Uma série de incidentes impediu a concretização deste anseio, de modo que, vários meses depois, tive acesso ao referido filme numa cópia ruim, baixada pela Internet. Era o suficiente para que eu percebesse não apenas que o filme não presta como ele é moralmente abominável: que bom que eu não desperdicei tempo, dinheiro e ansiedade para ser tão vilipendiado por uma obra absolutamente negativa, sob qualquer parâmetros que seja analisada.

 Roteirizado a partir de um cruzamento acrítico de idéias enredísticas lançadas em ótimos filmes como “Rollerball, os Gladiadores do Futuro” (1975, de Norman Jewison) e “Batalha Real” (2000, de Kinji Fukasaku), e baseado numa bem-vendida série literária escrita por uma tal de Suzanne Collins, “Jogos Vorazes” tem como mote tramático central um jogo de sobrevivência, transmitido por todo o país, adaptado de uma tradição de vassalagem, em que os distritos mais pobres de uma dada distopia têm seus competidores forçosamente escolhidos num sorteio cruel. O modo como esta situação se desenvolve é a mais previsível possível, o que não seria de todo abominável se o filme fosse ritmicamente agradável ou ideologicamente consciente. Porém, ele se deixa propositalmente contaminar pela montagem televisiva criticada pelos personagens, no interior da trama, e erige seus supostos méritos narrativos a partir da presunção de que estamos torcendo pela protagonista (vivida pela bela Jennifer Lawrence) e, por extensão, contra todos os outros participantes do jogo do título, salvo o rapaz tímido por quem ela se apaixona. Não preciso nem revelar como o filme termina, de tão vergonhosamente óbvio que é o desfecho, inclusive em sua abertura para desnecessaríssimas continuações, anunciadas desde já. Espero não precisar me atrever a ver estes filmes vindouros no cinema: uma apologia ao fim do mundo está contida neles! 

Wesley PC>

BESTA SOU EU! (OU DE COMO PERCEBI QUE SEI O QUE NÃO QUERO!)

Na noite de ontem, depois de ter revisto o magnânimo “Hiroshima, Meu Amor” (1959, de Alain Resnais) – que, desta vez, me feriu bem mais que todas as outras – deixei-me levar por uma espécie de convite para um evento ‘pimba’, no qual a elogiada banda sergipana Cabedal executaria na íntegra os célebres discos “Transa” (1972, de Caetano Veloso) e “Acabou Chorare” (1972, de Novos Baianos), por ocasião dos quarenta anos de ambas as obras-primas. Aceitei o que parecia ser um convite. E, se não me atrevo – por orgulho e/ou pirraça – a admitir que me arrependi, tecerei alguns comentários sobre o concerto, afinal, muito bom, como a banda está acostumada em nos oferecer.

Senti-me violentamente deslocado no local, como não me sentia há mais de quinze anos. Era como se eu estivesse regredido aos piores anos de minha adolescência, em que eu constatei que não tinha muito a ver com as pessoas ao meu redor, antes de amar conjuntamente os amigos maravilhosos que tenho hoje. Em dado momento, uma garota bonita e muitíssimo simpática aproximou-se de mim, para dizer que eu era muito inteligente e que, se eu não bebesse ou fumasse algo, me sentiria entediado. Não foi bem o que experimentei: era como se estivesse tomado por uma cólera por ser idiota, cólera destinada a mim mesmo, obviamente. Mas suportei com galhardia toda aquela agonia.

Quatro horas após o horário previsto para o início do concerto, a banda Cabedal subiu ao palco. Explicaram a proposta do evento e iniciaram a execução da egrégia “You Don’t Know Me” (faixa 01 do “Transa”). O disco seria executado na íntegra, conforme prometido. Emoções fortes me tomariam de assalto. Arrepiei-me mais de uma vez durante o ‘show’. “You Don’t Know Me” é um título que tinha muito a ver com o que eu sentia naquele exato momento. E, vendo aquele menino lindo que é o vocalista da banda cantar esta maravilha de canção com tanto vigor, não deu outra: arrepio na espinha!

Não gostei muito da execução de “Nine Out of Ten”: a voz do belíssimo Saulo sandes não se adequou bem à canção, mas, ainda assim, foi uma bela e emocionante apresentação, o mesmo valendo para “Triste Bahia”, em que todos os integrantes da banda demonstraram-se em estado de graça. Eles tocam muito bem, eles são excelentes instrumentistas. E nunca me cansarei de repetir: o vocalista é lindo, canta sempre com um sorriso imenso nos lábios. Impossível não se apaixonar enquanto espectador. E veio “It’s a Long Way”, glupt: maravilhosa!

Conforme era esperado, a execução de “Mora na Filosofia” foi acompanhada por uma extrema participação da platéia: ninguém quis contestar a genialidade de Caetano Veloso ao comentar a desnecessidade da rima fácil entre amor e dor... Aí, a primeira parte do concerto encerrou-se com a virtuosística “Neolithic Man” e com a menos inspirada “Nostalgia” (faixa de que não gosto tanto). A reclamar apenas a transmutação do aspecto fortemente introspectivo do álbum ao jeito desinibido e contente com que a banda canta. Mas foi maravilhoso!

Deu um intervalo, tentei interagir um tanto, parecer menos inútil naquele contexto. A banda volta ao palco, para nos emocionar com “Brasil Pandeiro”, faixa inicial do genial disco dos Novos Baianos. A namorada do vocalista, Renata Abreu, participou da maioria das faixas, interpretando a voz de Baby Consuelo, mas ela não se saiu bem. Prejudicou bastante as melhores canções do álbum, mas, por outro lado, estava bem-intencionada, estava a se divertir. Para mim, isso importou! E começou “Preta Pretinha”. Comoção dançante generalizada na platéia. Afinal de contas, a sonoridade do disco tem muito a ver com o espírito contente do Cabedal. E veio “Tinindo Trincando” para confirmar o que falei anteriormente.

 A faixa instrumental “Um Bilhete Para Didi” talvez fosse o momento máximo do evento, tamanho o talento dos músicos envolvidos no projeto, se não fosse a encantadora execução solitária de Saulo Sandes, ao violão, para a faixa-título do álbum. Se alma se masturbasse, a minha ejacularia rios durante estes minutos, de tão lindo que foi esta apresentação, o mesmo podendo se aplicar às demoradas e bem-vindas execuções de “Swing de Campo Grande” e “Mistério do Planeta”. Por causa do meu já citado descontentamento com a Renata Abreu, “A Menina Dança” não teve o poder que a música exige, mas nada que o hino à alegria plena batizado de “Besta é Tu” não resolvesse. Lindo!

Em seguida à execução dos dois discos, o vocalista anunciou que interpretaria faixas da própria banda Cabedal, “até o sol raiar”. Eu não duvido que ele e seus companheiros o tenham feito com a competência habitual, mas precisei ir embora. Sentia-me triste demais para ser submetido a tamanha beleza. E, mesmo tendo odiado pungentemente a noite, foi bonito, foi lindo. E aquele vocalista é um semideus!

Lamento não ter conseguido tirar uma boa foto do evento, mas é mais ou menos assim que eu enxergo (inclusive, de óculos). Vale pela metonímia fisiológica, acho!

Wesley PC>

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

ALGUMAS GOTAS SÃO SÊMEN. ALGUMAS SÃO SANGUE. MAS A MAIORIA É ÁGUA MESMO!

"Não castigarei as vossas filhas prostitutas, nem vossas noras adúlteras. Porque eles mesmos coabitam com meretrizes, e sacrificam com hieródulas. O povo insensato lança-se à perdição" (Oséias, 4: 14)

Abri a Bíblia Sagrada por acaso, após a sessão do magnífico e atordoante "Desejo e Obsessão" (2001, de Claire Denis). Deparei-me com esta citação contextual no livro de Oséias, profeta que eu não conhecia. Ao invés de buscar uma explicação para este conselho, preferi alinhá-lo a este belo fotograma do filme, referente a uma cena em que o personagem de Vincent Gallo se banha, após ter devorado uma mulher com quem fizera sexo. Numa belíssima e dolorosa cena anterior, ele se masturba quando estava prestes a penetrar a sua esposa, receoso de que fizesse mal a ela, por causa de sua sexualidade irrefreada. Identifiquei-me deveras. Deus meu!

Wesley PC>

“VOCÊ GOSTA DE FODER, NÉ, SEU FILHO DA PUTA? POIS EU VOU MOSTRAR PRÁ VOCÊ COMO É QUE SE TREPA!”

“Os Tarados” (1983) é o quarto filme do diretor paulista Francisco Cavalcanti a que assisto. Antes deste, para além de notas uma canhestra coerência em sua obra, costumava reclamar que ele era o mais desagradável cineasta da Boca do Lixo a que tive acesso, mas, com este filme tosco, posso finalmente dizer que me tornei seu fã!

Um elemento demasiado recorrente nas obras policialescas e repletas de sexo quase explícito do Francisco Cavalcanti é a tragicidade familiar. Não raro, seus personagens principais (geralmente interpretados pelo próprio diretor) estão às voltas com uma necessidade de vingança, em razão de sua mãe ter sido violentada e/ou morta num contexto bastante traumático. No filme em pauta, Lauro, o protagonista, é um homem que, aos sete anos de idade, presenciou sua mãe ser assassinada por um homem que, mais tarde, alega que ela foi a única mulher que ele amou. No filme, entretanto, a única relação que vemos entre ele e ela é um estupro num momento de bebedeira. Cego pela vingança, Lauro rapta a filha do assassino de sua mãe e resolve assassiná-la diante dele, a fim de “causar tanto sofrimento quanto ele causou”. Aos poucos, entretanto, Lauro apaixona-se pela rapariga, que tenta seduzi-lo a fim de salvar a sua própria vida, mas, afinal, acaba sinceramente atraída por ele. Num enquadramento inusitada e involuntariamente belíssimo, a seqüestrada pede que ele reze a Deus para que a vingança saia de seu coração e ele possa finalmente encontrar o amor, enquanto vemos uma reprodução do quadro “La Gioconda”, de Leonardo da Vinci, sobre a cama de motel na qual eles estão... Ao final, a prece dela dá certo: gravemente ferido, o estuprador arrependido do passado abençoa a relação entre Lauro e a garota por quem se apaixona...

Apesar da aparente organização com que o argumento acima é descrito, o roteiro do filme é entrecortado por outra intricada trama de seqüestro, envolvendo uma rixa entre gangues e um poderoso homem de negócios, que motiva o rapto em massa de várias garotas. Estas se convencem entre si que, se fingirem amar os seus raptores, terão mais tempo para continuar viva e, quem sabe, conseguirem fugir. Uma delas, entretanto, fica tão amargurada após ser deflorada por seu raptor que pula do oitavo andar de um prédio, numa cena gráfica que impressiona pela verossimilhança angustiada em relação à moralidade da época. Aos poucos, as tramas se imbricam, não obstante, em vários momentos, as mesmas serem apenas pretextos para que o diretor possa exibir vaginas, bundas e pênis semi-eretos, a fim de atender a uma rigorosa exigência comercial erótica da Boca do Lixo. Mal-feito ou não, o fato é que gostei muito do filme: agora entendo que a mixórdia de estilos envolvendo referências a Fritz Lang, José Mojica Marins e Sergio Leone e a trilha sonora esculhambada, que reveza de um famoso tema de ficção científica de John Williams para uma batida ‘disco’ em segundos, fazem parte de um elã produtivo, que tornou Francisco Cavalcanti um dos mais prolíficos (e injustiçados) cineastas brasileiros da década de 1980. Depois deste filme, com certeza, preciso prestar mais atenção a ele em minha futura dissertação de Mestrado sobre o cinema paulistano equivocadamente taxonomizado como pornochanchada.

Por falar em minha dissertação de Mestrado, antecipo aqui que, graças a uma conversa seriíssima que tive com meus colegas de classe – e que pretendo debater com pelo menos duas de minhas professoras – levarei à frente a minha decisão de trocar de orientador. Estou cansado de ver o meu projeto ser falsamente enquadrado numa temática da Economia Política da Comunicação que ignora a relevância psicanalítica dos filmes analisados. No caso da obra cavalcantiniana, por exemplo, como estudá-lo sem utilizar um referencial freudiano? Como? Gostei muito do que vi!

 Wesley PC> 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

“LET’S BOOT AND RALLY!”

Oficialmente, eu tinha desistido de assistir ao seriado “True Blood” nesta quinta temporada. Havia visto os três primeiros episódios e me decepcionado deveras. Graças a um pedido insistente de um fornecedor habitual de sêmen curativo, resolvi arriscar novamente uma adesão espectatorial, deixando claro que me interessava bem mais a companhia erótica que o seriado em si. E, na noite de ontem, assisti ao quarto (“We’ll Meet Again”) e ao quinto episódios. Gostei do que vi – e do que tive ao meu lado, claro!

Por mais que eu não tenha conseguido acariciar o pênis do meu companheiro de sessão, visto que ele havia acabado de se masturbar no banho (e estava provisoriamente saciado por causa disso), ele não me impediu de alisar os seus cabelos, beijar o seu pescoço e lamber as suas axilas perfumadas, enquanto conversávamos sobre a atmosfera irrestrita de desejo que, para além das tramóias mal-desenvolvidas do seriado, inoculava cada um daqueles personagens: vampiras que declararam ser amigas pouco antes de brigarem pelo mesmo namorado humano; fadas lúbricas que penetram nos sonhos familiares traumáticos de um jovem perenemente excitado e o faz experimentar enigmas incestuosos; lobisomens mortos por não conseguirem conter os seus instintos, cada personagem daquele seriado tem algo a esconder, por mais que insista em mostrar. Por isso, sinto que falo a mesma língua que eles!

Nesta quinta temporada, uma personagem que ganhou muita visibilidade dramática foi a vampira bissexual Pamela (Kristin Bauer), cujos detalhes de sua conversão sobrenatural são gradualmente deslindados na trama, a fim de que compreendamos o porquê de sua fidelidade irrestrita ao “pai” Eric Northman (Alexander Skarsgard). Numa bela seqüência do quinto episódio, a libertação das responsabilidades obrigatórias de Pamela em relação a Eric é ecoada em relação ao voto de confiança que Bill (Stephen Moyer) deposita em relação a sua protegida parafilial Jessica (Deborah Ann Woll), minha personagem favorita do seriado. Só por isso, “True Blood” reconquistou a minha atenção nesta quinta temporada. Mais tarde, eu e meu companheiro espermático estaremos sentados juntinhos novamente. Tomara que hoje eu consiga chegar antes de ele ligar o chuveiro...

Wesley PC>

terça-feira, 28 de agosto de 2012

PIADA (ACADÊMICA) INTERNA:

Na tarde de hoje, mu orientador de Mestrado solicitou uma correção de artigo requerida há algumas semanas. Perguntei-lhe até quando eu tinha para lhe entregar e ele respondeu: "até a semana que vem, sem falta!". Dei de ombros, anuindo com o prazo, quando ele acrescenta: "mas este texto é teu, não vou assiná-lo não. Tu te responsabilizarás por ele!". Era pr'eu achar ruim? (risos) Pelo sim, pelo não, estou tentando...

Wesley PC>

PREFIRO ISSO AO SILÊNCIO?


"Sim. Gritamos todos juntos 'take care of the one you need'..."

 Prefiro isso ao silêncio? Sim, eu prefiro!

 Wesley PC>

PÚBLICO-ALVO: EU?

Na manhã de hoje, enquanto caminhava para a universidade, ouvi o mais recente disco da banda gaúcha Topáz, “Onze Nós” (2012). O próprio título do álbum indica que o mesmo é composto por onze faixas, mas, no trajeto, pude ouvir apenas três. O motivo: não consegui parar de repetir a terceira faixa, “Se For Pra Tudo Dar Errado”, à qual fui apresentado, através de um videoclipe xaroposo, no último sábado, por acaso, após uma madrugada extasiante.

 Assim, de supetão, não me sinto apto a descrever o quanto eu fui atingido pela banda – em sentido técnico-apreciativo – mas, no que tange à identificação sentimental com a letra da faixa elogiada e muitas vezes repetida, não deu outra:

 “Eu nunca fui bom nisso, não levo jeito pra dizer 
Que vai dar tudo certo e nenhum desastre vai acontecer 
Eu tenho os meus problemas e a certeza que você tem os seus. 
Quem sabe a gente aceita todos eles, juntos, só dessa vez? 

Se for pra tudo dar errado 
Quero que seja com você.”

 A segunda parte da letra não é tão efetiva quanto a primeira, mas não estraga a graciosidade da canção. Planejo, inclusive, ouvir o restante do disco quando voltar para casa, daqui a pouco. Os títulos das faixas seguintes [“Suicídio ao Contrário” (05), “Eu Sempre Esqueço” (07), “Sono” (09)] parecem promissores, mas, por ora, insisto em continuar repetindo a faixa benfazeja, enquanto satisfaço-me em saber que a banda possui um público-alvo cativo. Tomara que, mais cedo ou mais tarde, eu venha a fazer parte dele (risos)... Ou não!

 Wesley PC>

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O MENOR DOS FILMES CHABROLIANOS É MAIOR QUE... MAIOR QUE!

É batata: cada filme do Claude Chabrol que vejo me conduz a uma esfera psíquica de lascívia e empolgação moral que demora em assentar! Não obstante sua vasta filmografia ser categorizada em fases distintamente apreciadas, cada um de seus filmes leva-nos a questionar muito mais que o tecnicismo cinematográfico contra o qual ele e seus colegas da Nouvelle Vague se ouriçaram. Basta ver os comentários apaixonados que, até então, eu publiquei sobre ele neste ‘blog’, enquanto aguardo para ver seus demais filmes. Na noite de hoje, foi a vez de “Quem Matou Leda?” (1959), uma de suas obras menos interessantes. Ainda assim, quanta coisa boa pode ser dita sobre ela...

A trama do filme, conforme o oportunista título brasileiro indica, tem seu paroxismo na investigação da morte da exuberante amante italiana (Antonella Lualdi) de um pai de família tipicamente burguês (Jacques Dacqmine). Sua esposa insatisfeita e traída (Madeleine Robinson) passa a ser, obviamente, a principal suspeita, mas diversos personagens hiperativos merecem a atenção dos virtuosismos de câmera, de enredo e de montagem do filme, desde a empregada espirituosa (Bernadette Lafont) até o amigo estrangeiro (László Szabó) do anárquico noivo (Jean-Paul Belmondo, que mostra a bunda no filme) da filha burguesa (Jeanne Valérie), passando pelo irmão psicótico (André Jocelyn) desta última, pelo entregador de leite (Mario David) e pelas figurantes femininas cobiçadas por dois boêmios inveterados. Ao final, a revelação do assassino nem é tão relevante, mas sim o contexto, a crítica social, o senso de humor referencial, os pastichos hitchcockianos, a genialidade inequívoca do diretor desta peça subestimada de cinema francês pré-sessentista...

Não gostei muito do filme, mas como aquela sessão me empolgou, como fiquei excitado enquanto via este filme coloridíssimo. Pena que a palestra em seguida foi chocha em sua coleção de dados estatísticos (alguns truncados) sobre a carreira do diretor e de seus colegas franceses de geração. Mas nada que uma revisão posterior, devidamente situada na cronologia chabroliana, não dignifique os aspectos que eu não pude perceber no primeiro contato com este “turno duplo” repleto de estratagemas de prestidigitação cinefílica. Obra de arte sacana que fez muito bem à minha enxaqueca emergente, curada graças aos sorrisos dos amigos e ao sêmen farto de meu "fornecedor" favorito!

Wesley PC> 

“QUANDO SE TRATA DE MULHER, NÃO HÁ UMA IDADE IDEAL PARA DEIXAR DE SER HUMILHADO” (DEUS ME LIVRE DE SER INVEJOSO!)

Por mais esquemático que seja “Sete Dias com Marilyn” (2011, de Simon Curtis), tê-lo visto após finalmente suportar o pouco conhecido “O Príncipe Encantado” (1957, de Laurence Olivier) foi uma experiência dadivosa: o filme pareceu ainda mais simpático do que já era, para além de seu esquematismo biográfico. Não tem como não se encantar com esta diva triste que é a eterna Marilyn Monroe, do mesmo modo que não há como não se impressionar com a interpretação dramaticamente arrebatadora de Michelle Williams! No filme original, a loira interpreta uma corista que chama a atenção de um presunçoso grão-duque, que tenta domar a sua rebeldia lasciva, mas, afinal, sucumbe ao seu charme, doçura e inocência.

No filme que reconstitui as conturbadas filmagens do filme anterior, o maior problema é a falta de perspectiva: oficialmente, o ponto de vista dominante pertence ao terceiro assistente de direção (e futuramente escritor) Colin Clark, vivo um tanto apaticamente por Eddie Redmayne: este se apaixona pela atriz, enquanto ela enfrenta uma inextinguível depressão, que, afinal, a conduziria ao suicídio, poucos anos depois. Na trama, não apenas ele se apaixona por ela, como parece que a mesma corresponde a sua atenção. Como o filme fez questão de afirmar sua fidedignidade a um relato verídico na abertura, não questionarei este fato (pois é o que menos interessa aqui), mas, ao final da sessão, me sentia incomodamente invejoso. Talvez fosse conseqüência de uma moléstia causadora de dor de cabeça, mas não gostei de sentir isso...

 Uma das cenas que mais me incomodaram negativamente no filme foi a crise de ciúme que a musa Vivien Leigh (majestosamente vivida por Julia Ormond) destina contra seu marido Laurence Olivier (Kwenneth Brannagh), quando ele não consegue esconder que está deslumbradíssimo pela diva norte-americana. No pesadelo que havia tido antes de ver o filme, duas pessoas que me atraem sexualmente (em diferentes medidas, diga-se de passagem, tão extremas quanto possível no que tange à sexualidade) fundiam-se num caminhoneiro solitário, magro e envelhecido que dirigia por uma praia, até ser atacado por uma mulher, que o fere, que o faz mal. A uma das pessoas fundidas neste personagem onírico, dei detalhes sobre o sonho. À outra, apenas transmiti que havia sonhado. Preferi não arriscar a conseqüências mais desastrosas, como aquelas que, no filme, são metonimizadas na cena em que Marilyn Monroe acha o diário do seu marido Arthur Miller (Dougray Scott), onde ele confessava estar arrependido de ter se casado com ela. Lendo palavras tão duras contra sua pessoa íntima, ela chora. E eu senti inveja! Deus me livre de ser invejoso: não tenho medo de me humilhar quando estou apaixonado (ou, no mínimo, sexualmente atraído)!

 Wesley PC> 

domingo, 26 de agosto de 2012

UMA EMULAÇÃO E/OU O AFETO PERPÉTUO...

Não é que eu não tenha o que dizer, mas às vezes as palavras faltam, de tão inebriados que estão os sentidos, por um amor que ultrapassa qualquer barreira, qualquer distância, qualquer convenção social... Até mesmo quando se assemelha a uma perversão compensatória. Queria dizer que isso parece felicidade, mas perigo ser mal compreendido. Estou pouco me lixando: não digo precisamente - por pura incapacidade, não por falta de volição - mas predigo eternamente...

Wesley PC>