sábado, 13 de outubro de 2012

ENQUANTO ISSO, EU ME CERCO DE SEGREDOS E DESEJOS...

"Como sempre!", diriam alguns, mas não é tão simples assim: estou desacostumado a não ser tão explícito, mas, por outro lado, é interessante provar (mais para os outros que a mim mesmo, neste caso) que eu posso aprender a guardar segredos, a ser contido, etc., etc.... Não é o que eu prefiro, claro, mas não depende só de mim: respeitar os outros é uma decisão que perpassa também pela assunção de que existe a privacidade alheia. Ok! Há pouco, minha irmã mais velha telefonou aqui para casa e perguntou a minha mãe como é que eu estava. Resposta dela: "Wesley? Naquela base...". O que será que isso quer dizer?! Pelo sim, pelo não, é hora de tomar sorvete: em menos de uma hora, sairei para ver filmes com meus melhores amigos. Se tivermos sorte, poderemos incluir o filme do Andrzej Zulawski mostrado na imagem ["O Globo de Prata" (1987)]... Se não, será muito bom estarmos juntos: sempre é!

Wesley PC>

E A PERGUNTA QUE ME FIZERAM FOI: “WESLEY, COMO TU AGÜENTAS TER PESADELOS TODOS OS DIAS?”

Como se eu quisesse (risos)... Mas, freudianamente educado que fui, aprendi logo cedo que sonhos (e pesadelos em especial) são “manifestações inconscientes de um desejo reprimido”. Quanto mais pendências emocionais existirem em minha vida, mas eu processo ou condenso as minhas limitações através do universo onírico!

Na madrugada de hoje, foi a vez de eu sonhar que recebia um tapa cheio de pregos na boca sempre que elogiava alguém. Não pregos soltos e inofensivos, mas pregos grudados na tal mão, que me rasgavam a boca, a ponto de eu acordar sentindo o gosto de zinabre ainda. Horrível, mas eu sei o que me causou tal sonho: antes de dormir, assisti ao xaroposo “Uma Lição de Amor” (2001, de Jessie Nelson), filme que aborda a luta jurídica de um deficiente mental para provar que é capaz de educar a sua filha, que já o ultrapassara intelectualmente. O péssimo roteiro do filme aborda de forma rasteira o modo como o protagonista aprendeu a fazer sexo com uma adulta mas é capa de conter seus desejos eróticos, mesmo sendo mimado e tendo a suposta idade mental de 7 anos de idade. Mas deixa quieto: a minha identificação com a trama teve a ver com uma desilusão paternalista que não pára de me perseguir. Culpa minha!

Vale acrescentar que, no filme, quem mais me chamou a atenção foi a personagem de Dianne Wiest, uma pianista reclusa, que há décadas não sai de casa, em razão de detestar as mentiras do mundo real e de possuir traumas mal-superados em relação às perversões de seu próprio pai. As regravações de canções antológicas de The Beatles na trilha sonora – a cargo de artistas como Aimée Mann, Eddie Veder, Rufus Wainwright e tantos outros que eu aprecio – também é um chamariz louvável, a ponto de a trilha sonora do filme ter batido recordes de vendagem. Porém, acho que muita gente comprou gato por lebre: foram lançados dois discos referentes ao filme. Um com as canções mencionadas e outro com a trilha sonora incidental do John Powell, que, definitivamente, não me agradou... Por isso, os pesadelos! (risos) Que venham mais: estou disposto a interpretá-los!

Wesley PC>

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A RESOLUÇÃO VEM COM O TEMPO?


“ – Eu não consigo acreditar naquilo que não vejo... 
- E o que tu queres ver?
 - O mundo.” 

Neste exato momento, experimento aquela estranha sensação de deslocamento temporal que nos assola quando passamos a madrugada acordados e não dormimos o suficiente. Pois bem, depois de gastar com gargalhadas horas que, noutros dias, estiveram destinadas ao sono repositivo, assisti ao primeiro longa-metragem do diretor independente norte-americano Hal Hartley, “Uma Relação Muito Perigosa” (1989) e, oh, como eu apreciei o clima inusitadamente romântico do filme: na obra, um mecânico celibatário recém-saído da cadeia apaixona-se pela filha rebelde do homem que o contrata, mas ela insiste em se deprimir diante da possibilidade do fim do mundo. Ela costuma ouvir bombas se aproximando da cidade onde vivem e termina um namoro de vários anos com um vizinho depois que ele adere francamente ao capitalismo. Ela não quer ir para a faculdade, mas seu pai quer que ela estude Jornalismo. E, na Internet, um dos rapazes que conheci virtualmente na última semana publicou hoje uma bela montagem de fotos, com intervalo de 11 anos entre uma e outra, nas quais ele aparece abraçando a sua cadelinha de estimação. Repito: achei as fotos muito bonitas, ao tempo em que fiquei imaginando o que se passava na cabeça daquele menino nos dois momentos eternizados... Sou um oportunista? Pelo sim, pelo não, se a paixonite for uma doença, que ela venha: prefiro-a aos ensaios de desprezo!

 Wesley PC> 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

DOIS FILMES SEXUAIS NUMA MANHÃ DE QUINTA-FEIRA #02: “EU QUERIA LER ALGO SOBRE O PÊNIS MASCULINO!”

Definitivamente, “Am I Normal?: A Film About Male Puberty” (1979, de Debra Franco & David Shepard) é um curta-metragem que surpreende. Tachado de humorístico ou ridículo por alguns de seus audientes, este filme me impressionou sobremaneira, graças ao modo corajoso e não tendenciosamente moralista com que abordou o assunto das curiosidades masculinas sobre as mudanças ocorridas na adolescência.

 No filme, Jimmy (Joel Doolin), um garoto de 12 anos, fica impressionado com a quantidade de vezes que sente seu pênis ereto e com a recorrência de “sonhos molhados”. Ele pensa em pedir ajuda a seus dois melhores amigos – um “legal, mas não muito esperto” e o outro “espero, mas não muito descolado” – mas ambos são mais velhos que ele e tratam-no de forma zombeteira quando pensam que ele está viciado em masturbação. Jimmy tenta. Então, conversar com seu pai, mas este, quando ouve que o filho quer falar sobre sexo, aborda o assunto de forma pueril e abobalhada, comparando o pênis a um taco de beisebol e a vagina a uma luva receptora. Jimmy, porém, não desiste e, após procurar ajuda literária numa biblioteca, com uma enfermeira escolar e até mesmo com o zelador de um zoológico (“acostumado a ver pênis todos os dias”) é aplaudido por várias pessoas, incluindo seus melhores amigos, por causa de sua maturidade teórico-sexual, a ponto de rejeitar um encontro solitário com uma possível pretendente erótica por não se considerar “suficiente pronto para este tipo de encontro”. Amei o filme: saí da sessão encantado. Ah, se eu visse esta produção antológica quando tinha a idade de Jimmy...

 Além dos detalhes ficcionais supradescritos, o filme possui interessantíssimas animações acerca do funcionamento do pênis e sobre a normalidade que se abate tanto quanto quem se masturba quanto quem rejeita esta prática. Senti-me “normal” enquanto assistia ao documentário: muito bom!

 Wesley PC>

DOIS FILMES SEXUAIS NUMA MANHÃ DE QUINTA-FEIRA #01: VÁRIAS PESSOAS SOLITÁRIAS SÃO MAIS SOLITÁRIAS QUE UMA SÓ!

Estou determinado a cumprir uma regra sentimentalmente impositiva: amigo meu está proibido de reclamar que se sente sozinho! Como é que pode?! Quanto mais eu analiso o assunto, mais eu percebo que – para além das inevitáveis semeaduras em contrário – solidão é um conceito “inventado”, ao qual nos adaptamos, nos viciamos... Podem me chamar de autoritário se quiser, mas eu me proíbo de permitir que qualquer pessoa que eu ame reclame de solidão!

 O assunto (ou a decisão a ele atrelada) tornou-se particularmente nodal para mim depois que recebi mensagens similares de alguns amigos, reclamando de se sentirem solitários ou potencialmente solitários, reclamação esta que periga me tomar de assalto vez por outra, mas a enfrento da mesma forma que renego o tédio. Na manhã de hoje, inclusive, utilizei como arma um filme genial: “My Hustler” (1965), dirigido por Andy Warhol e Chuck Wein.

 No longa-metragem, um homossexual rico e afetado demonstra-se ciumento enquanto observa, à distância, o seu gigolô favorito bronzear-se. Em plano-seqüência, deixamo-nos contaminar pelo ponto de vista da câmera, que insiste em abandonar os interlocutores de uma conversa sobre carência que permanece em ‘off’ para contemplar o corpo seminu do escultural loiro Paul America. No segundo plano-seqüência do filme, o gigolô conversa com um colega mais antigo de profissão, enquanto se despe, se banha, se veste e escova os dentes. Ao final, uma contratadora dos gigolôs aparece em cena, reiterando a solidão financiada pelo capitalismo de que o filme fala desde o início... Solidão é um conceito perenemente reinventado, portanto!

 Wesley PC>

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

EU FODERIA COM UM MOTORISTA DE ÔNIBUS! (OU: “O SEXO DESTRÓI”?)

Uma subsunção persistente ao langor fez com que eu me deitasse antes das 22h na noite de ontem. Acordei às 9h da manhã de hoje, o que configuraria mais de onze horas de sono, se minhas atividades soporíferas não fossem intermitentes. Que eu me lembre, dois sonhos se destacaram neste período em que eu estive deitado numa cama: no primeiro deles, eu e alguns amigos passeávamos por Recife quando, ao desdenhar do conselho de uma amiga aburguesada, fomos assaltados. Para além do reavivamento de um trauma recente, este assalto onírico fez com que eu conhecesse um rapaz de mais ou menos 18 anos, fãs de filmes de terror japoneses. Ele e eu ficamos conversando na escada da pousada em que estávamos hospedados. Apaixonei-me rapidamente por ele, mas havia um irmão pequeno entre nós e uma mãe ciumenta e homofóbica que não aprovava o nosso relacionamento. Levantei, fui ao banheiro, e voltei a dormir e/ou sonhar...

 Na segunda parte do sonho, eu estava noutro ambiente, um quarto familiar, já em Sergipe, conversando com um estudante do Mestrado em Ciências Econômicas sobre o assalto ocorrido no sonho anterior. Ele estabeleceu algumas surpreendentes e credíveis correlações econômico-políticas entre a energia que se despendia sofrendo um assalto e aquela que se gasta durante a masturbação. De repente, ele se levanta e vai tomar banho de porta aberta. Detalhe: ele é um moreno com corpo escultural, de modo que acordei com os olhos ainda salivando, de tão satisfeito que fiquei com o que vi durante aquele banho.

 Por causa do sobejo de horas dormidas, minha coluna doía. Resolvi assistir a um filme do Andrzej Zulawski [“A Mulher Pública” (1984)] para ver se eu me acalmava, mas a histeria do filme me deixou ainda mais frenético e excitado. À tarde, precisei sair com minha mãe, para resolver um problema burocrático referente ao emplacamento da motocicleta de meu irmão caçula. E, no ônibus de volta, um motorista bonito nos conduzia. Fiquei excitado... E já estava acordado! O sexo destrói?

 Wesley PC>

terça-feira, 9 de outubro de 2012

OBSERVAR A VIOLÊNCIA E NÃO INTERVIR É SER CÚMPLICE!

Dormi assustado na noite de ontem: resolvi assistir ao filme australiano "Os Crimes de Snowtown" (2011, de Justin Kurzel) iludido de que seria um filme homoerótico superficial e me deparei com uma contundente obra australiana, sobre os graus de violência extrema a que nos deixamos submeter por pusilanimidade.

No filme, o belo e taciturno Lucas Pittaway interpreta o mais velho dos três filhos de uma mulher sem sorte em seus casamentos. Seu último marido molestou sexualmente os garotos, todos menores de idade. Depois que ele vai preso, ela se afeiçoa a um recém-chegado a seu bairro, que demonstra simpatia ao convocar reuniões de moradores a fim de descobrir quais são os párias do local. Aos poucos, Jamie, o citado primogênito da mulher mal-relacionada, descobrirá que seu padrasto é um assassino inclemente, preconceituoso e sádico ao extremo.

Magnificamente dirigido, interpretado e musicado, este filme dificulta a apreensão apenas entretenedora por parte do espectador em relação à trama ao mergulhá-lo numa espiral de torturas, sanguinolência, estupros e homofobia, que redunda  numa inconfortante confissão de que foi tudo verídico, que, de fato, aqueles personagens viveram e mataram na Austrália. Saí da sessão impressionado (e amedrontado): como é que eu não fui apresentado a este ótimo filme antes?! A realidade apavora!

Wesley PC>

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

E, SE ME PERGUNTAREM COMO ESTOU HOJE, O QUE DIREI? O QUÊ?

Não sei o que dizer...
Por um segundo, me permitirei este direito.
Um segundo.
(passou)

Wesley PC>

A CULPA É MINHA, DE NÃO TER ACHADO TÃO RUIM?!


Por onde começar? Pela descrição do pesadelo? Pela apreciação do filme? Por uma terceira via de acesso? Ok, lá fora faz sol...

 Na madrugada de hoje, sonhei que pagava mais de quinhentos Reais para, literalmente, “derreter o pau de alguém de tanto chupá-lo”. Em outras palavras, paguei uma insanidade monetária para praticar felação num rapaz até deixar seu pênis sangrando. Não foi algo predominantemente erótico: acordei assustado, portanto!

 Intimidado pelas imagens recorrentes do sonho – que, por mais tenebroso que tivesse sido, me excitou indiretamente – saí de casa, expus-me ao sol por alguns minutos e, depois, resolvi assistir a um média-metragem holandês que causou enfado em dois de meus melhores amigos: “Amor Pervertido” (2007, de Boudewijn Koole), em que um rapaz mimado decide conhecer o seu pai obcecado por ‘jazz’ e, aos poucos, se deixa ser sodomizado por ele, mas sem contar ao mesmo que ambos são parentes. O único movimento de enfrentamento (por falta de palavra melhor) que o rapaz demonstra em relação ao pai é não deixá-lo beijar na boca. Ao invés de odiar o filme, entretanto, gostei muito da utilização da versão de “Summertime”, pro Janis Joplin, ao final: a chave para a interpretação emocional do filme estava ali. Gostei do que senti, sou obrigado a admitir!

 Diante do exposto, minha cabeça treme, meu coração pulsa, minha genitália lateja: o que me espera nesta segunda-feira? Acerca do que todos estes indícios querem me alertar? Pelo sim, pelo não, deixarei os meus sentidos em estado de contínua vigilância...

 Wesley PC>

domingo, 7 de outubro de 2012

ANSIEDADE (EM MAIS DE UM SENTIDO PARA A PALAVRA, INCLUSIVE OS DISFARÇADOS)!


“Um pouco antes da Primeira Guerra Mundial John Reed (Warren Beatty), um jornalista americano, conhece Louise Bryant (Diane Keaton), uma mulher casada, que larga o marido para ficar com Reed e se torna uma importante feminista. Eles se envolvem em disputas políticas e trabalhistas nos Estados Unidos, e vão para a Rússia a tempo de participarem da Revolução de outubro de 1917, quando os comunistas assumiram o poder. Este acontecimento inspira o casal, que volta aos Estados Unidos esperando liderar uma revolução semelhante”.

 Basicamente, esta é a sinopse do ambicioso filme “Reds” (1981, de Warren Beatty), o qual sempre tive muita vontade de ver, mas calhei de ser desviado pela longa duração, por eventos do cotidiano, por motivos diversos. Hoje, dia de eleição, talvez eu consiga, apesar do temor de que a barulheira comemorativa típica dos domingos na rua em que moro sobreponha-se à dublagem do filme. Por falta de tentativa, entretanto, não me renderei...

A fim de que minha ansiedade referente à espera de que a sessão televisiva do filme tivesse início (às 14h, no canal TCM), fui logo exercer a minha obrigação de votar, temeroso de que o colégio em que exercito esta imposição democrática estivesse lotado de gente. De fato, estava, mas, para a minha sorte e espanto, apenas em minha seção não havia ninguém esperando. Repito: enquanto ao meu redor, as pessoas se amontoavam em filas barulhentas, na seção em que voto não havia absolutamente ninguém! Seria isso um bom augúrio?

 Quando eu estava penetrando na sala, alguém tocou em meu braço: era uma garota, que me reconhecera da época em que eu trabalhava no DAA. Cumprimentei-a sorridentemente, fiz as mesárias sorrirem quando fingi me confundi acerca de qual era o meu polegar direito e qual era o esquerdo, cumpri a promessa de endossar a candidatura de um conhecido em que um de meus vizinhos preferidos alega defender as causas políticas, votei para prefeito num candidato que não conhecia (por causa de seu partido, o PSOL) e voltei para casa, contemplando a beleza física de um rapaz narigudo com quem eu conversava bastante na adolescência, mas que hoje estava ocupado com suas funções eleitorais forçosamente imputadas. Estou ansioso para que o filme comece. É isto!

Wesley PC>