sexta-feira, 26 de outubro de 2012

DIRETO AO PONTO, MAIS UMA VEZ:


Chuif, chuif, chuif!

  Desculpa?

Wesley PC>

O QUE DIZER (DEPOIS)?



Triste...

 Vivo! 

(Logo, enfrentando...)

 Wesley PC>

FOCO NO PROBLEMA, FOCO NA DOENÇA!

“Amigo/Amado” (1999, de Ventura Pons) – Personagens:

 • Um professor universitário que padece de uma grave doença, quiçá terminal, e, depois de ter ensinado em vários países, volta para a sua Espanha natal, onde se apaixona por um aluno rebelde, mas que demonstrou interesse em literatura medieval, sua especialidade. Porém, antes de amar este rapaz, ele amava o seu melhor amigo, casado com uma mulher encantadora, com quem ele se realizava por extensão. Seu sonho: ter um herdeiro, ainda que não diretamente vinculado a ele, por meios consanguíneos;

• Outro professor universitário, mais ranzinza  bem-casado, com um bom relacionamento com seu melhor amigo homossexual apaixonado por ele, mas incapaz de demonstrar o ódio que sente por um ex-aluno, que acaba de engravidar a sua filha;

 • A esposa do professor universitário, bondosa e ainda muito bonita, apesar, generosa e disposta a apoiar a filha grávida, caso ela opte por um aborto. Nostálgica, sobretudo;

 • A filha do professor universitário, que vive com vários colegas masculinos e apenas uma amiga, mas que tentou transar com esta última e nunca com seus convivas do sexo oposto, salvo o rapaz odiado por seu pai, de quem engravida, por quem está apaixonada, por quem se dispõe a conversar com a mãe, a fim de entender as suas frustrações matrimoniais disfarçadas, de quem reclama que não quer que ela projete as suas insatisfações de juventude nela: “não faça isto comigo, mãe. Eu não aceito!”;

• Um aluno rebelde, prostituto, alvo de amores e desejos de um professor, sua namorada e clientes que anseiam que ele se porte de forma sadomasoquista. Um egoísta, um oportunista, um mau caráter que não se esquiva de destruir o ensaio literário único de seu professor idealista, mas que se atreve a aumentar o preço de suas fodas com a desculpa de que tem “um filho para criar”...

Quem sou eu diante deste filme?
 Foco no problema, foco na doença! 

 Wesley PC>

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"O BURRO É TEIMOSO E IMUTÁVEL, MAS AGÜENTA MAIS PESO QUE OS OUTROS ANIMAIS: SEJAM BURROS NO CASAMENTO, SEJAM BURROS COM OS FILHOS, SEJAM BURROS UM COM O OUTRO, SEJAM BURROS NO AMOR!"

Se, ao invés de burro, eu tivesse escrito asno (visto que ambas as traduções são possíveis para 'ass'), talvez o conselho que intitula esta postagem não soasse tão ambíguo, mas o fato é que me surpreendi bastante com "Encontro de Casais" (2009, de Peter Billingsley), filme que vi por acaso na noite de hoje...

Calhava de ser uma comédia hollywoodiana típica, em que as manifestações de crises maritais renderiam um elogio reiterado à família nuclear, ao final, mas os conflitos relacionais foram bastante sinceros em sua apresentação: um dos casais vive bem, mas sentem falta da lua-de-mel que nunca tiveram; um segundo também vive bem, com sua filha crescida, mas o marido sente falta da liberdade supostamente estrangulada, pois eles engravidaram ainda na adolescência. Isso explica a compulsão masturbatória do marido, que questiona a si mesmo o tempo inteiro se fantasiar com outras mulheres equivale a trair a sua esposa; um terceiro casal supera a impossibilidade de não ter filhos e a recuperação do câncer testicular do marido, mas amam-se para além das preocupações exacerbadas; e o quarto casal não era bem um casal, mas abre espaço para o marido divorciado faça as pazes com sua esposa. Em linhas gerais, a sinopse do filme é esta, mas as situações apresentadas não são comicamente estereotipadas, mas, pelo contrário, dramáticas, bem-conduzidas pela direção e muitíssimo bem defendida pelo elenco, que conta com um Jean Reno em estado de graça como um terapeuta afetado mas bem-intencionado em seu anseio por reunir casais que brigam... Afinal de contas, brigar não é deixar de amar. E eu fiquei muito contente ao final da projeção: o filme é quase ótimo. Surpreendente!

Wesley PC>

"NÃO QUERO TE VER TRISTE: QUERO LEMBRAR DE TI COM UM SORRISO DE ORELHA A ORELHA... EU TE AMO! NOS VEMOS EM OUTRA ESFERA!"

E, assim, eu tremo de identificação diante de "4:44 - Último Dia na Terra" (2011), obra-prima tétrica do genial cineasta católico Abel Ferrara. Aqui, ele conduz as origens etimológicas do termo religião ao seu paroxismo e oferece-nos a tábua de consolo de que eu mais necessitei durante a sessão: tentei não prestar tanta atenção ao filme, a fim de não ficar assaz afetado, mas... Como? Como ficar inane diante de uma adolescente reclamado que não quer morrer virgem e acrescentando logo em seguida: "tarde demais para isso...". Tarde mais para quê? Para querer?

No filme, pessoas desesperadas porque sabem que vão morrer dentro de algumas horas questionam se devem ou não voltar a cheirar cocaína, mesmo estando "limpas" há mais de dois anos. Incapaz de resistir a uma tentação que parece sem sentido, o protagonista sucumbe. E, abraçando quem ama, interage  "tu és um caso perdido. Me perdoe!". E eles se perdoam mutuamente. E se abraçam. E a luz chega. E eles sentem Deus. E são ambos anjos, todos no mundo são anjos... Chuif!

Wesley PC>

IDENTIFICAÇÃO É UM TROÇO BIZARRO!


Cheguei em casa disposto a escrever um texto autocomiserativo: uma crise insuportável envolvendo um amigo fez com que eu experimentasse uma revolta tamanha que até parecia ódio, na melhor das hipóteses, ódio de ser tão estúpido e me deixar confiar em quem não mais me suporta. Liguei a TV por acaso e me deparei com um filme adolescente que me parecia promissor por causa de sua sinopse: tratava-se de “Rebelde com causa” (2009, de Miguel Arteta), cujo protagonista, vivido pelo muso ‘indie’ juvenil Michael Cera, é um rapaz virgem, fã de Frank Sinatra e dos filmes de Federico Fellini, que tem como melhor amigo um rapaz que é “ainda mais infeliz do que ele”, no sentido de que sucumbe pungentemente a uma paixão platônica que deforma o direcionamento de seu pênis. Quando ele conhece uma rapariga obcecada por músicas do Serge Gainsbourg e por um filme do Jean-Luc Godard, ele tenta conquistá-la:

“ – Meu filme favorito é ‘Era Uma Vez em Tóquio’ (1953). [Kenji] Mizoguchi é um grande diretor!
- Mas o diretor deste filme não é o [Yasujiro] Ozu?
- Quem saber...”

E eu tremi: “putz! Este é um filme que tem a ver comigo!”

De fato, à medida que o filme evoluía, eu percebia cada vez mais similaridades entre o comportamento e as pulsões desejosas do protagonista e minhas próprias frustrações. Estava a desgostar da composição caricatural dos personagens adultos, mas os adolescentes eram fascinantes, todos eles. E, de repente, o protagonista percebe que, a fim de conquistar a sua amada, ele precisa fingir que é um ‘bad boy’ afrancesado. Ao final, a estratégia dá certo: ele vai para um reformatório juvenil, mas, antes, eles fazem sexo e ela garante que o esperará... Será que é isso que eu devo fazer?

Meu coração dói neste exato instante: sinto-me injustiçado, mas o filme me apaziguou por alguns instantes. Não é tão bom quanto poderia (ou deveria) ser, mas, quando acerta, atinge-me nas veias mais delicadas do meu organismo!

Wesley PC> 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

E, AFINAL, A INTERPRETAÇÃO VEIO! E, COM ELA, UMA PERGUNTA IRRESPONDÍVEL...

De um lado, um amor defunto, mas que oferece a demonstração ilusória de que pode ser ressuscitado; do outro, a necessidade de impedir o alastramento de uma psicose erótica, permeada pela violência e pelo desrespeito ao próximo. Apenas um dos atos pode ser praticado: qual dos dois eu escolheria?

Por não poder responder a esta pergunta e ter despertado apavorado do sonho através do qual ela ousou se manifestar, eu finalmente me submeti ao genial "Drácula de Andy Warhol" (1974, de Paul Morrissey), em cuja carência alastrada do protagonista eu me projetei, antes que ele fosse abatido em nome das possibilidades vindouras da emancipação proletária. Pode mudar o destino? E quando se crê que a escritura da História somos nós que fazemos a cada dia?

Acho que tentaria resgatar o amor cadavérico e, ao lado dele, lutaria para impedir o alastramento luxurioso da destruição... Acho que tenho certeza, aliás!

Wesley PC>

domingo, 21 de outubro de 2012

“... E TU JÁ CONSEGUISTE FAZER ALGUMA ASSOCIAÇÃO?”

Resposta: talvez!

 Na manhã de hoje, finalmente consegui assistir ao famoso filme de Robert Rossen “Desafio à Corrupção” (1961), no qual o jovem Paul Newman interpreta um jogador de sinuca que desdenha a oportunidade de reorganizar a sua vida ao lado de um grande amor, materializado na figura de Piper Laurie, que interpreta muitíssimo bem uma estudante de faculdade bêbada, solitária e manca. Depois de uma desilusão atrelada ao incontrolável vício de seu amado em jogos apostados, ela se suicida, não antes sem confessar que o ama, num piquenique. Quando declara o seu extremo afeto por ele, este reage interrogativa e friamente: “tu realmente precisas ouvir estas palavras?”. Ela: “sim, eu preciso. Se tu as disseres, farei com que jamais te esqueças!”. Mas ele não as disse... E ela morreu, ao passo em que ele enriquece com a jogatina, vencendo finalmente o seu principal adversário. “Não basta ter talento. É necessário também ter personalidade!”, conclui.

 Após o desfecho do filme, fui dormir. Sonhei que fora induzido a um tratamento subliminar que me fazia ficar mais sonolento que o habitual e, dentro do sonho, sonhei que minha cadela ‘poodle’ Zhang-Ke havia falecido por causas naturais. Meu irmão caçula ficou tão triste e desolado que se recusou a enterrá-la. Ao invés disso, atirou-a num açude, próximo ao Rio Poxim, fronteira natural entre os municípios de Aracaju e São Cristóvão. Num dado momento do sonho, eu estava no interior de um ônibus, perseguido um estuprador. Eu era um policial especializado em crimes sexuais e um violentador procuradíssimo estava no veículo, prestes a ser preso por mim. Quando eu olho pela janela, vejo o cadáver de minha cadelinha se movendo sobre a água. Tive certeza de que os movimentos eram devidos às atividades digestivas dos gusanos, mas quis descer para resgatá-la mesmo assim. Acordei apavorado desses dois níveis oníricos, de uma vez só: difícil me livrar daquelas imagens (e sentimentos) atemorizantes...

 Tentei almoçar, mas a comida me parecia ruim, não consegui terminar. Liguei a TV para assistir a um filme sueco sobre anarquia musical, mas a ordem vence, afinal. A ordem vence, afinal. A ordem vence, afinal. E eu gosto da ordem. E a ordem vence, afinal. E o silêncio (mágoa e rancor)!

 Wesley PC>

UM DEVANEIO APAIXONADO ADICIONAL ("É SÓ LITERATURA!", DIRÃO ALGUNS...)


"É bonito, é poeta e - o mais importante para ele - inteligente; pois bem, vai entrar em alguns desses lupanares do pensamento chamados jornais, deixar lá suas melhores idéias, esturricar o cérebro, corromper a alma, cometer as covardias anônimas que, na guerra das idéias, equivalem aos estratagemas, às pilhagens, aos incêndios, ao costume de se bandear que existia na guerra dos 'condottieri'. Depois que ele, como milhares de outros, tiver gasto sua genialidade para proveito dos acionistas, esses mercadores de veneno o deixarão morrer de fome, se tiver sede, e de sede, se tiver fome." (ILUSÕES PERDIDAS - 1843 - Honoré de Balzac - página 299 da edição que possuo).

De quem o autor fala? Em quem eu penso? A beleza precisa de autorização para ser mencionada? Não, para mim, ele não parece um porco. E, se parecer, porcos são belíssimos animais... Para mim, eles são!

Wesley PC>