quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

DESLUMBRAMENTO, PAIXÃO E “16 MOÇAS PARA CADA RAPAZ”...


Estou me contorcendo para não adiantar as citações afetivas e aflitivas do maravilhoso romance que consumo de ontem para hoje [“Lucíola” (1862), de José de Alencar], mas assisti a um filme que traz em seu bojo um sentimento deveras semelhante de identificação projetiva e feminina: “Os Amores de uma Loira” (1965, de Milos Forman).

Depois de um início pré-‘punk’, em que uma rapariga com corte de cabelo ousado cantarola uma música sobre amor e abandono, conhecemos, em meio a outras garotas, a operária Andula (Hana Brejchová), a loira do título, paquerada por três soldados mulherengos e infiéis. Enquanto suas duas amigas cedem ao flerte interesseiro dos homens mais velhos, Andula se deixa envolver pro Milda (Vladimír Pucholt, lindo!), um jovem pianista que a seduz gradualmente, desnudando-se aos poucos enquanto finge que a está ensinando a se defender dos abusos sexuais de outros homens...

Idilicamente, Milda faz com que Andula se sinta amada, a ponto de se desfazer de anel que recebera de seu namorado, sumido há mais de um mês. Milda, entretanto, precisa voltar para a capital Praga, onde repete chistosamente que não tem nenhuma namorada. Andula acredita e, iludida, vai a seu encontro, na casa de seus pais, que brigam por causa dela e por causa da inconseqüência de seu filho... O desfecho do filme equivale àquilo que chamam de realidade, mas, ainda assim, quem puniria Andula por se apaixonar?

Apesar de eu não estar apreciando muito o filme durante a longa seqüência de flerte dos militares bem mais velhos, de repente, me vi irremediavelmente envolvido pelo filme, cuja pletora afetiva já me fora recomendada quando pintei o cabelo de loiro da primeira vez: não foi por acaso, me vi naquele filme. Será que, se eu fosse mulher, a esta altura de minha vida (não-)virginal, eu já teria engravidado? Deixarei a pergunta em aberto, por falta de disposição especulativa disfuncional. “Eu sei que o amor é uma coisa boa”, da mesma forma que sei que o adjetivo “bom” varia de pessoa para pessoa... E eu sou um moralista!

Wesley PC> 

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