“Leite” (2008) é o segundo filme da trilogia retrospectiva
do poeta Yusuf, realizada pelo diretor turco Semih Kaplanoglu. O terceiro filme
[“Um Doce Olhar” (2010), que, em verdade, narra o começo da estória e, em seu título original, quer dizer apenas "Mel"] já foi
comentado aqui, mas é interessante assistir aos filmes na ordem inversa da
realização, porém obedecendo à progressão do envelhecimento de seu protagonista.
Mais do que ansioso para ver “Ovo” (2007), portanto!
Assim que soube que “Leite” seria exibido na TV, apressei-me
em indicá-lo a alguns amigos sensíveis e estéticos. Nenhum deles teve tempo de
conferir o filme, de modo que externo aqui a minha perplexidade diante da
multiplicidade de pistas formais do filme: no início – depois de um maravilhoso
prólogo, em que uma mulher expele uma cobra pela boca! – parece que o diretor e
roteirista do filme quer contar a história do poeta, fazer com que os
espectadores filiem-se a ele, compartilhem com ele as suas frustrações e
ambições poéticas. Mas, aos poucos, os diálogos vão ficando cada vez mais
escassos...
Depois que situamos Yusuf como um rapaz obcecado por
leitura, que ajuda a mãe a contragosto na venda de leite e feitura de queijos,
acompanhamos os exames médicos para a sua admissão no exército, suas paixões
não realizadas por raparigas bonitas que cruzam o seu caminho, uma queda de motocicleta
e, de repente, vemo-lo com um peixe enorme nas mãos. Sua mãe apaixona-se pelo
carteiro da vila, ele se entristece e, numa bela imagem conclusiva, a lâmpada de
seu capacete de mineiro ofusca a tela com a sua luz branca. Parecia que eu
estava a desgostar do hermetismo poético do filme, mas o seu plano final me
encheu de tamanho encanto que não deu outra: gostei muito do filme! Se brincar,
na sexta-feira, quando ele será reexibido em versão dublado, vejo-o
novamente... Preciso compartilhar o que senti com outrem!
Wesley PC>
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