quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

CONTRA A "ATITUDE HOSTIL" DA CRÍTICA - E, MAIS AINDA, DO ESPETÁCULO!


"Seria falsa a impressão, que alguns podem ter, que uma visão crítica do cinema supõe uma certa hostilidade ante as fitas. Uma postura consciente ante o cinema não supõe um desinteresse antes as fitas. A análise cinematográfica é uma etapa posterior à visão de uma fita. Mesmo a pessoa mais consciente e crítica há de ver o cinema com a entrega e o desfrute necessários para sintonizar com uma obra de comunicação audiovisual. O próprio crítico verá o cinema deixando-se captar pela para-hipnose da fita. Somente depois analisará o visto e não se deixará arrastar pela sugestão do que lhe comunicaram. O cinema, como todo diálogo, compreende duas fases: escutar a comunicação do interlocutor e responder a ela. Esta segunda fase é a única que diversifica a atitude de uma pessoa consciente ante o cinema e a de uma pessoa que se deixa alienar por ele" (Luis Espinal - "Consciência Crítica Diante do Cinema" - página 42).

Conforme eu comentei recentemente, sentia-me doente anteontem. Ingeri um remédio, por sugestão de minha mãe e, no dia seguinte, fui ao cinema com dois amigos, rever um filme que me obseda, não obstante eu constatar alguns de seus perigosos desvios ideológicos e espetaculosos. Meus amigos zombaram do filme durante a sessão. Eu tossi. Nada disso impediu que eu permanecesse apaixonadíssimo pelo que eu via e ouvia na tela, e que permaneceu me impregnando após a sessão. Cheguei em casa, mas não consegui escrever a crítica de imediato: como já havia visto o filme três vezes - e me sentia fortemente apaixonado - precisei dormir. Ao acordar, redigi um dos textos mais irracionais de minha vida. Não o digo por falsa modéstia: o texto realmente está impregnando de emoção, mas não posso me arrepender dele nem renegá-lo como enganoso: "Os Miseráveis" (2012, de Tom Hooper) me encantou pungentemente. Estou apaixonado - por este filme, inclusive!

E, ao final de seu artigo, o padre Luis Espinal arrebata: "para poder criticar uma fita, é necessário entregar-se ao diálogo da comunicação, com atitude despojada e aberta". Eu o fiz em relação ao filme. Mas, mesmo assim... Glupt!

Wesley PC>

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