segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

“O AMOR É IMORTAL: DEUS É UM CANTEIRO DE VIOLETAS CUJA ESTAÇÃO NÃO PASSA NUNCA!”

E Alberto Lourenço é lindo! Sendo lindo, ele amplia a dramaticidade do filme “A Casa Assassinada” (1971, de Paulo César Saraceni), ao interpretar tanto o jardineiro Alberto quanto o incestuoso e atormentado André, seu filho proveniente de um adultério forçado. Na trama, adaptada de um excelente livro do Lúcio Cardoso, magistralmente fotografada por Mário carneiro e brilhantemente musicada por Antônio Carlos Jobim, Norma Bengell interpreta Nina, a moça da cidade que se casa com Valdo, um dos integrantes mais passivos da abastada porém decadente família mineira Menezes. Obnubilado pelo irmão estouvado Demétrio, Valdo não percebe a angústia que toma de assalto a sua esposa, que encontra refúgio nas conversas demoradas com Timóteo, irmão afeminado e obeso que vive aprisionado num quarto, a fim de que a sua bizarrice seja oculta do restante da família. A governante Betty serve de intermediária entre estas conversas, que enche de inveja a esposa de Demétrio, a macambúzia Ana, tão apaixonada pelo jovem e belo jardineiro Alberto quanto os demais personagens que apreciam a nudez masculina. E, assim, eu me constatei emocionado, além de profundamente identificado, perante este ótimo filme.

 Merecidamente premiado nos festivais de Brasília, de Gramado e em tantos outros, ”A Casa Assassinada” consegue condensar em apenas 103 minutos as mais de quinhentas páginas do excelente romance, um dos meus favoritos e um dos mais difíceis de serem lidos. Uma obra-prima literária que, convertida em filme, não se tornou menos solene, menos trágico, menos genial. A extensão do personagem Timóteo no filme, magnificamente interpretado por Carlos Kroeber, é um dos maiores méritos do mesmo, que encanta, seduz, apaixona, fisga quem já está apaixonado. O tema do filme é a beleza, a ressurreição da beleza, a eternidade da beleza, a fragilidade da beleza, a eterna luta da beleza contra a hipocrisia. A direção de Paulo César Saraceni, em comunhão com os primorosos aspectos técnicos anteriormente destacados, é, sem dúvidas, uma das melhores do Brasil. Estou em transe: culpa da beleza! 

 Wesley PC>

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