domingo, 3 de março de 2013

“A DERRADEIRA DOR SERIA GOZAR SEM LIMITES”, CONCLUI O LACANIANO JUAN-DAVID, A PARTIR DE UMA LEITURA DE SIGMUND FREUD!



“A dor não é estar insatisfeito, mas, pelo contrário, estar entregue a uma insatisfação fora de medida. A insatisfação das pulsões refreadas pelo recalcamento é, de fato, menos penosa que a satisfação absoluta que essas pulsões teriam obtido se não tivessem sido detidas pela censura. Sem a censura do recalcamento, conheceríamos a derradeira dor de um gozo ilimitado. Assim, o recalcamento nos protege contra a hipotética dor da explosão do ser” (J.-D. Nasio – “A Dor de Amar” – página 146).

Posso calar a boca?
Posso agradecer pelo recalque imputado?
Posso admitir que tive vergonha de mencionar o título do livro num SMS?
Posso poder?

Numa página anterior (p. 104), o próprio autor me responde: “o perverso não pode absolutamente nada! São criaturas tristes, que, exceto nesses momentos de excitação que são as cenas de perversão, ficam mal, muito mal, apagam-se completamente. Há três estados para o perverso clínico: o estado de excitação quando o impulso o habita; o estado de tristeza após o ato perverso (a experiência perversa é em geral uma série de fracassos retumbantes, e ainda que não haja fracassos, o perverso é triste); e o terceiro estado é um estado de tédio, a vida é um tédio. Em geral, são intelectuais; não se pode negar, não são artesãos nem pedreiros, em geral estão entre os professores, entre pessoas como nós. O perverso tem apenas, em contrapartida, uma capacidade extraordinária, um dom extraordinário – nisto, é superior a todos nós –, o dom de encenar seu desejo perverso”. Isso eu não tive vergonha de compartilhar. Mas, oficialmente, eu não sinto tédio. Não é preciso sentir tédio...

Wesley PC> 

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