segunda-feira, 4 de março de 2013

APESAR DE NEM SEMPRE TER AS PERNAS ROBUSTAS DO ANFITRIÃO AO REDOR DO MEU CORPO, A TERCEIRA TEMPORADA DE “THE WALKING DEAD” VALE POR SI MESMA!

Há poucos minutos, assisti ao décimo segundo episódio da terceira temporada (31º na contagem geral) do seriado “The Walking Dead”, chamado “Clear” e traduzido como “Liberado” na versão que adquiri. Acompanho este seriado desde o maravilhoso primeiro episódio, dirigido por Frank Darabont, e, ao contrário de outras séries – como “Lost”, “Homeland” e “True Blood”, por exemplo, que são muito interessantes no início, mas se desgastaram ao longo das temporadas (o que torço para que não aconteça com o excelente “Game of Thrones”, cada vez mais fantasioso, no segundo mais preocupante do adjetivo) – oferece-nos roteiros cada vez mais permeados por dilemas morais difíceis de serem resolvidos.

Para quem não acompanha o ótimo “The Walking Dead”, este é um seriado que acompanha as tentativas de um grupo de indivíduos para continuar sobrevivendo num mundo empestado de zumbis ávidos por carne humana. Na primeira temporada, os personagens se deslocavam através de espaços urbanos; na segunda, eles ficaram confinados numa fazenda aparentemente confortável; e, na terceira, adotaram uma penitenciária abandonada como refúgio, mas, aos poucos, os sobreviventes precisarão lutar não apenas com os zumbis, mas principalmente com outros sobreviventes, ainda mais beligerantes que os mortos-vivos. O pior de todos: um déspota cognominado “O Governador” (interpretado por David Morrissey).

Chefiados pelo xerife Rick Grimes (Andrew Lincoln), cada vez mais paranóico e estafado à medida que os episódios se acavalam, estes personagens lidam com conflitos eternos, dores atrozes, perda de entes queridos, privações fisiológicas elementares e rivalidades inevitáveis. Na terceira temporada, a esposa do protagonista faleceu, em decorrência de um parto. A criança está viva e é bem-cuidada pelos demais seres humanos, incluindo o seu irmão mais velho, Carl (Chandler Riggs), uma criança cada vez mais forçada a pular a adolescência e ir direto para uma idade adulta absolutamente fria e belicosa. No episódio que vi hoje, por exemplo, ele, seu pai e a impressionante Michonne (Danai Gurira), uma excelente espadachim mal-humorada, abandonam um transeunte humano que suplicava por uma carona na estrada. Na cena final, vemos os restos sangüíneos do transeunte, e os três personagens cinicamente dão a ré no carro para carregar o bornal abandonado do recém-falecido. Eles se tornaram desumanos, portanto! A questão-mestra do seriado: quem é capaz de julgá-los, diante de tudo o que estão enfrentando?

Apesar de eu apreciar bastante o seriado, a minha fidelidade ao mesmo dá-se muito mais pela afeição de um colaborador espermático, que me agradece com efusão sempre que eu lhe consigo antecipadamente o episódio que só será exibido televisivamente no dia posterior, pelo canal fechado Fox. Na noite de hoje, uma rival carente e merecedora de seu afeto (não posso negar) – à qual, por necessidades paraficcionais, apelido de “a ribeiropolense” – o abraçava enquanto víamos o episódio. Quem sou para julgá-la ou sentir inveja disso? Se tudo der certo, amanhã estarei fazendo o mesmo, noutro contexto mais humilhante mas seminalmente beneficiador. Viver é competir também: a arte é, ainda assim, não desaprender a compartilhar. Mais do que tentar, todo início de semana eu ponho isso em prática (ainda que, na maioria das vezes, de forma involuntária e/ou passiva). Amar é sobreviver!

Wesley PC> 

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