Por mais que a sinopse de “Dia de Preto” (2011, de Marcos
Felipe, Marcial Renato & Daniel Mattos) pareça minimamente merecedora de
entusiasmo por resgatar uma lenda brasileira sobre o primeiro negro alforriado
do Brasil, em 1661, assim condecorado por ter conseguido resgatar para o seu dono uma vaca
prenha, a primeira imagem do mesmo – entupida de efeitos especiais plagiados de
“Matrix” (1999, de Andy & Lana Wachowski) e/ou congêneres – decepciona solenemente
e prova que a aventura defendida pelos realizadores é tão descerebrada quanto
esdruxulamente publicitária.
Baseado em “cinco verdades essenciais sobre a liberdade”
adaptadas de ditados populares (vide quadro abaixo), o filme deixa claro que as
influências anglofílicas mais execráveis e equivocadas (vide entrevista com umdos diretores) foram deglutidas da pior forma possível e emaranhadas numa
mistura indigesta e deslumbrada que, em seu suposto anti-racismo, opera uma
verdadeira negação do Brasil, para utilizar uma expressão levada a cabo pelo militante
radial audiovisual Joel Zito Araujo. As vergonhosas declarações do diretor
Marcos Felipe sobre o cinema brasileiro oitentista e a subsunção chula do filme
aos piores clichês tecnológicos de ação num ‘shopping center’ justapõem-se na
péssima apreciação do filme, com certeza, uma das piores produções hodiernas do
Brasil, abaixo até mesmo – em matéria de ideologia e entreguismo capitalista –
das mais pífias e seriais produções da Globo Filmes. Pior do que um engodo, um
lixo vergonhoso e politicamente deletério!
Enquanto forçava-me para agüentar o horrendo filme até o
final, imaginava a cara de desprezo que um sociólogo recém-formado emitia
diante das hediondas cenas protagonizadas pelo inexpressivo Marcelo Batista.
Como pode alguém ter gostado deste filme?! Nesta página, inclusive, podemos
perceber alguns admiradores do mesmo (credo!)... Pelo menos, os diretores foram
sinceros ao exibirem, nos créditos finais, as dezenas de filmes estadunidenses
que os influenciaram – se bem que, de supetão, eu o achei muito mais parecido
com as obras do Park Chan-Wook que com o referido “Matrix”. Reforçando que não
existem coincidências, enquanto escrevo estas linhas, o cineasta militante
Spike Lee ocupa-se com uma refilmagem do filme mais famoso deste sul-coreano
vendido. Tristes tempos para quem se acha alforriado... Perto deste filme, "Django Livre" (2012, de Quentin Tarantino) é a Lei Áurea!
Wesley PC>
Wesley PC>
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