sábado, 2 de março de 2013

GOSTO DA COUVE-FLOR EMPANADA, ACRESCENTARIA COMO COMPLEMENTO PESSOAL EXTRA-FÍLMICO...

A frase-título nada tem a ver com o quase ótimo “Rudo e Cursi – A Vida é uma Viagem” (2008, de Carlos Cuarón), que vi antes de dormir, mas, como este foi um comentário relevante em minha manhã de sábado, quando meu irmão e minha mãe voltaram da feira, trazendo couve-flor para mim, achei de bom tom destacar a minha satisfação familiar. Afinal de contas, desde a pertinente narração inicial, família é uma instituição posta em xeque no bem-amarrado roteiro do filme: “dizem que a primeira guerra foi travada entre irmãos. Então, inventaram o jogo, que a imitava simbolicamente, mas eles insistiam em confundir a guerra com o jogo e o jogo com a guerra”...

No filme, Beto (Diego Luna, excelente) e Tato (Gael García Bernal, sensual) são meio-irmãos. Ambos trabalham numa transportadora de bananas para sobreviver. O primeiro dedica-se fanaticamente ao futebol na posição de goleiro; o segundo é um exímio atacante, mas prefere sonhar em ser músico. O primeiro é casado e viciado em apostas; o segundo é solteiro e deslumbrado. Depois que ambos conhecem um finório e simpático descobridor de talentos apelidado Batuta (Guillermo Francella), ambos se mudam para a Cidade do México e envolver-se-ão com os problemas decorrentes do vício em cocaína e da paixão irrestrita por uma mulher lasciva e mentirosa, respectivamente. Gostei muito do que vi no filme!

Irmão do inteligente e politizado Alfonso Cuarón (que atua como produtor do filme, ao lado dos famosos Alejandro González Iñarritú e Guillermo Del Toro), Carlos Cuarón oferece-nos um filme jovial, muito bem-dirigido (o ‘travelling’ no interior de um campo improvisado de futebol que antecede os créditos finais, ao som de uma versão em inglês da canção que Tato insistia em cantar é genial!) e efetivo em sua explicação formal do porquê dos apelidos dos protagonistas: Beto é Rudo [“rude”] porque se exaspera com facilidade, no jogo e na vida, e Beto é Cursi [“brega”] porque ama e se equivoca. E cada um deles é “iniciado” nos chuveiros dos estádios quando chegam à metrópole mexicana, visto que “a cidade grande é um monstro, mas até mesmo um monstro possui algo que não seja feio”. Apesar de o roteiro cair nalgumas armadilhas composicionais na segunda metade do filme, este filme é tão bom e empolgante (como uma legítima partida de futebol) que, a qualquer momento, eu perigava levantar do sofá e gritar: “gooooooooooooooool!”. Devo tê-lo feito em mais de uma cena, aliás!

Wesley PC> 

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