quinta-feira, 4 de abril de 2013

RADU MIHAILEANU NÃO ME REPRESENTA! (SÓ PARA TENTAR MUDAR DE ASSUNTO...)

Um sociólogo hipócrita que conheço talvez encontre na figura do demagogo cineasta romeno Radu Mihaileanu o seu modelo político ideal: acostumado a resolver as suas crises enredísticas a partir de uma adesão positiva à "mentira piedosa", este diretor atingiu o píncaro de sua criatividade em "A Fonte das Mulheres" (2011).

Se, nos filmes anteriores deste cineasta que, até então, eu tive acesso ["Trem da Vida" (1998); "Um Herói do Nosso Tempo" (2005); e "O Concerto" (2009)], o fingimento é elogiado como estratagema de salvação, no filme mais recente o foco parece muito mais "nobre": a tomada de partido em prol de mulheres exploradas e espancadas por seus maridos, que decidem fazer greve de sexo a fim de interromper uma tradição que as convence a percorrer longas distâncias para buscar água, mesmo quando grávidas e sujeitas a abortos infertilizantes. Até aí, tudo bem. O problema é que a perspectiva política do filme é simplista e enviesada (visivelmente estrangeirizada em seu cosmopolitismo capitalista), defendendo a irrupção do "islamismo esclarecido", desde que este não se oponha que mocinhas de vilarejo iludam-se com o amor diante de telenovelas mexicanas. Não que o filme seja ruim, mas que este discurso possui intenções vendáveis bastante convergentes, ah, tem!

Meu intuito ao falar sobre este filme era expurgar os maus sentimentos que me tomam de assalto depois das manifestações deletérias da má personalidade do sociólogo vilanaz citado no início, mas, a fim de evitar conflitos desnecessários com pessoas que amo mas que insistem em defender a perfídia enfeitiçadora desta criatura, interrompo este arremedo de resenha com um pedido: vejam os filmes do Radu Mihaileanu e depois me digam se estou errado em ter medo de seu projeto de enganação pseudo-conclamante!

Wesley PC>

Nenhum comentário: