Neste feriado de quarta-feira, Dia do Trabalho, assisti a um
filme belga considerado um dos cinco favoritos de um rapaz gracioso e bastante
gentil que conheci recentemente: “Ex-Baterista” (2007, de Koen Mortier).
Estávamos na casa de sua namorada – além dele e dela, eu e mais quatro
espectadores – e ele exultava porque finalmente estávamos prestes a conferir um
dos filmes que mais o empolgam. Ao final, eu estava absorto (visto que me
identifiquei bastante com o clima ‘white trash’ da obra) e ele doente. Até que
eu caísse no sono, às 2h30’, o filme ainda latejaria bastante em minha
cabeça...
Na trama do mesmo, um narrador insuportável, correspondente
à função musical que intitula o filme, explica como conheceu os três supostos
deficientes que o convidaram para participar de sua banda de ‘rock’: um careca
misógino que se demonstra tão deslocado do mundo que, além de divertir
espancando mulheres, é mostrado quase sempre de cabeça para baixo em seu
apartamento; um homossexual não-afeminado cujo braço direito paralisou depois
que sua mão o flagrou masturbando-se, perdendo todos os cabelos na ocasião; e
um cocainômano surdo que finge que é cego, que é internado num hospício depois
que sua filha pequena morre de overdose e ingestão desleixada de merda. Isso sem contar o vocalista de uma banda rival, cujo pênis de cinqüenta centímetros é, ao mesmo tempo, alvo de fama e infâmia. Personagens fortes que interagem num contexto de penúria européia muitíssimo
bem-dirigido e, principalmente, bem-musicado pelo diretor estreante em
longas-metragens, que utiliza a obra-prima musical da banda galesa Mogwai
(“Killing All the Flies”) da forma mais emocionante possível. Apesar de não ser
um filme perfeito, o impacto de “Ex-Baterista” sobre mim foi intenso!
Precisei de algumas horas para dirimir o impacto do filme,
de modo que não foi nada estranho que eu tivesse um pesadelo na madrugada de
quinta-feira: estava na casa de um amigo, cujo sobrenome é Coelho, e este
estava sendo investigado num programa policial de TV por utilizar imagens de
freiras mostrando o dedo médio para a câmera durante um videoclipe local
filmado por ele. Ele me oferece arroz com macarrão e ovo frito, quando percebo
que havia mais dois convidados no local: um assessor de imprensa cujo sobrenome
também é Coelho e uma amiga apresentadora de TV, doce e muito calma, que, no
sonho, havia acabado de entregar sua filha recém-nascida para adoção e,
friamente, dizia não se importar emocionalmente com a criança, visto que ela
poderia atrapalhar a sua carreira profissional. Fiquei tão atordoado com este
pesadelo que lhe enviei uma mensagem de celular, de modo que, à tarde, ela me
telefonou, dizendo que está bem, que sente saudades, e que jamais faria isto
com uma filha... Ufa, menos mal!
Mais relaxado, sentei-me numa calçada com visão providencial,
à espera de uma criatura cuja genitália me faz sentir absolutamente querido.
Ele atrasou-se, mas, num contexto de perigo e volúpia, permitiu que eu
arreganhasse o zíper de sua casa, enquanto ele falava ao telefone com uma
suposta namorada. Como ele estava sentado – e não deitado como habitualmente
ocorre – arreganhei as suas pernas ao máximo, enfiei-me entre elas e fui
beijando o seu corpo quase inteiro, do púbis em direção à axila esquerda,
passando pelo umbigo, por seu abdome, pelo tórax e por onde mais ele deixasse
sem que o som de meus ósculos apaixonados e repletos de desejo pudesse
comprometer a confiabilidade heterossexual de sua ligação. O amei, como sempre
faço, e, quando ele ejaculou, sorvi cada gota como se fosse um presente
angelical, insistindo em deitar a minha cabeça sobre seu pênis, que amolecia
enquanto era amparado por meus afetos. Depois, fechei-lhe o mesmo zíper que
abri e fui sorrir, não sem antes contribuir para que ele adormecesse com o
conforto de meus cafunés em seu cabelo. Terei um sonho belíssimo na madrugada
vindoura, estou prevendo...
[Observação: o texto acima foi escrito pouco antes de
meia-noite de quinta-feira, antes de eu me deitar. Não quis ligar o computador
e publicá-lo imediatamente por ter receio de ficar acordado até tarde, mas,
mesmo assim, não consegui dormir de imediato, de nodo que fiquei lendo sobre um
dos filmes que pesquiso em meu Mestrado. Ao contrário do que eu previra, não
tive um sonho bom, mas um pesadelo alheio, em que a filha pedante e carente
(pedante porque carente, na verdade) de uma mulher que faleceu recentemente
aqui na rua adentra a madrugada conversando com minha mãe, que aceita tomar
conta de seus cachorrinhos recém-nascidos enquanto os seus parentes brigavam em
sua casa. Era ‘réveillon’ no sonho. Apenas eu, minha mãe, a vizinha pedante e
carente e o pai bêbado de outra garota que mora aqui na rua (que, na vida real,
também morreu há poucos meses) não estavam em clima comemorativo. De minha
parte, apesar de me sentir triste no sonho, enquanto testemunhava tudo aquilo,
fiquei contente quando soube que minha mãe ganhara um filhotinho de cachorro de
nossa cunhada mais velha. Ao longe, o irmão da vizinha que conversava com minha
mãe, lá em casa, ficava nu por alguns segundos, sem perceber. Ele é bonito.
Apesar de estar triste e órfão, ele continuava bonito. Acordei zonzo novamente.
Precisava ouvir o Ólafur Arnalds para me acalmar. É o que faço agora... Eu sou
um homem que ama: Deus é bom!]
Wesley PC>
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