Enquanto pensava no que escrever, sentei-me para comer meu
desjejum e me deparei com um videoclipe da banda eletrônica LMFAO na TV. Neste,
diversos homens espalhafatosos balançavam o conteúdo de suas sungas diante da câmera.
Não soube o que pensar de imediato, mas não sei se achei engraçado. Um questionamento
sobre aquilo que eu talvez considere sensual ficou latejando em minha cabeça durante
e após a exibição do videoclipe. E eu resolvi falar sobre o que os dois
curtas-metragens griffithianos que vi ontem à noite me causaram:
No primeiro deles, “Faithful” (1910), D. W. Griffith
utiliza-se dos talentos cômicos de Mack Sennett para construir uma pequena
tragicomédia em que, depois de salvar a vida do personagem-título, um homem
passa a ser perseguido por ele em todos os lugares. O que parece ser extremamente
inconveniente (e, de fato, o é), termina sendo benfazejo, visto que, por ser persecutório,
Faithful descobre que a noiva de seu amo estava aprisionada num incêndio e a
salva. O final é feliz!
Não preciso dizer que me identifiquei bastante com o
personagem e sua noção enviesada (e, na vida real, condenada) de fidelidade
excessiva. É mais ou menos assim que eu ajo em relação às pessoas por quem me
apaixono, o que engendra problemas de irritação semelhantes ao que acometem o
perseguido Adonese (vivido por Arthur V. Johnson), o que nos leva ao segundo
filme:
Em “The Usurer” (1910, vide foto), um agiota sovina exige
que seus cobradores despejem uma mulher e sua filha doente do cômodo onde
vivem, visto que elas não podem pagar as contas. A mocinha é vivida pela
virginal Mary Pickford, que cativa forçadamente a ternura do espectador, que
assiste a um desfecho trágico mas “feliz”, em que, ao morrer sufocado em seu
cofre, o usurário do título permite que sua irmã descubra a sua crueldade
financeira e livre os seus devedores das dívidas absurdas depositadas sobre eles.
Muito oportunista este desfecho (e hipócrita, levando-se em consideração o
contexto produtivo do mesmo), mas não desprovido de interesse e/ou reprodução
na vida real. Para além de ser ou não sensual, importa-me tentar ser bom. Mas
este é um conceito delicado, fugidio, que não raro implica em perseguições
assustadoras. Por isso, sigo aqui digerindo o que comi...
Wesley PC>
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