segunda-feira, 27 de maio de 2013

PALMAS PARA O PRESIDENTE DO JÚRI DO FESTIVAL DE CANNES 2013!

Quando eu soube que o cineasta estadunidense Steven Spielberg seria o presidente do Festival Internacional de Cinema de Cannes deste ano, fiquei preocupado com a voltagem ideológica do mesmo, temendo que suas escolhas fossem exageradamente anglofílicas. Quando soube dos resultados da premiação da edição deste ano do festival, fiquei impressionado com a versatilidade das escolhas do júri, que contava, além do referido cineasta, com as participações de Nicole Kidman, Naomi Kawase, Ang Lee, Daniel Auteuil, Christophe Waltz, Lynne Ramsay, Vidya balan e Cristian Mungiu: malgrado todos suspeitarem que o principal prêmio fosse para “Inside Llewin Davis” (2013, de Ethan & Joel Coen, vencedor do Grand Prix, afinal), o que não parecia de todo injusto, o grande vencedor do evento foi “A Vida de Adèle” (2013), dirigido pelo tunisiano Abdellatif Kechiche (vide foto, sendo beijado por suas duas atrizes), que já realizou sete longas-metragens elogiados pela crítica, mas não vi nenhum deles até agora. O seu filme mais recente, com quase três horas de duração, é baseado numa história em quadrinhos e conta o envolvimento com sexo explícito entre uma garota de 15 anos (vivida pela novata Adéle Exarchopoulos) e uma moça de cabelos azuis (a diva juvenil Léa Seydoux) e não foi muito bem aceito tematicamente pelo governo do país natal do cineasta, apesar de ter vindo a calhar na conturbada situação política francesa atual, em que o presidente socialista François Hollande aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que gerou protestos violentos de ontem para hoje.

 Ambas as atrizes de “A Vida de Adèle” eram favoritas ao prêmio de atuação feminina, mas este foi para Bérénice Bejo, por “O Passado” (2013, de Asghar Farhadi), enquanto o prêmio de atuação masculina foi para o norte-americano Bruce Dern, por “Nebraska” (2013, de Alexander Payne), apesar de ser quase certeira a premiação de Michael Douglas ou Matt Damon por “Behind the Candelabra” (2013, de Steven Soderbergh). O prêmio de Melhor Roteiro foi para o mais recente filme do chinês Jia Zhang-Ke, “Um Toque de Pecado” (2013), pelo qual já estou deveras ansioso para ver, enquanto que um Prêmio Especial do Júri foi para “Tal Pai, Tal Filho” (2013, de Hirokazu Kore-Eda). Vale lembrar que estou adotando aqui as possíveis traduções dos títulos internacionais dos filmes premiados.

A minha maior surpresa em relação aos premiados deste ano esteve na categoria de Melhor Direção, que foi para o desconhecido Amat Escalante, pelo filme mexicano “Heli” (2013), o qual passou despercebidíssimo para mim nas diversas vezes em que reli a lista com os vinte filmes indicados ao prêmio principal, mas em relação ao qual já estou deveras curioso, sem contar que, dentre as breves imagens do filme a que tive acesso, achei o seu jovem protagonista descamisado lindo. Aliás, por falar em imagens do Festival, é mister destacar que assistir a diversos telejornais na manhã de hoje, ansioso por notícias do evento, mas só fui encontrá-las num programa da TVE espanhola. Os canais estavam muito mais preocupados em falar sobre a despedida do jogador Neymar (que, eu confesso, acho bastante sensual!), que deixou a equipe do Santos, onde jogou por nove anos, para ser contratado pelo time europeu do Barcelona.

Dentre os filmes selecionados para o festival que instigaram bastante a minha curiosidade cinefílica, menciono: o irregularmente elogiado “A Grande Beleza” (2013, de Paolo Sorrentino), um dos supostos favoritos; os mais recentes trabalhos de Roman Polanski [“Venus in Fur” (2013)], François Ozon [“Jeune & Jolie” (2013)], Jim Jarmusch [“Only Lovers Left Alive” (2013)] e Arnaud Despleschin [“Jimmy P.” (2013)]; e os vaiados “Only God Forgives” (2013, de Nicolas Winding Refn), “O Imigrante” (2013, de James Gray), “Wara no Tate” (2013, de Takashi Miike) e “Borgman” (2013, de Alex van Warmerdam). Porém, dentre todos os que foram exibidos nos festivais paralelos, “Les Salauds” (2013, de Claire Denis) e “Enquanto Agonizo” (2013, de James Franco), me deixaram entusiasmadíssimo, além do vencedor da Palma de Ouro Queer deste ano, o elogiadíssimo “O Desconhecido do Lago” (2013, de Alain Guiraudie). Que estes títulos comecem logo a ser exibidos pelas telas de cinema do mundo!


Wesley PC>

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