Ainda conheço muito pouco sobre a trajetória do realizador Ângelo
Lima, exceto que ele é pernambucano de nascença mas radicado em Goiás, que ele
realiza cerca de três curtas-metragens por ano, e que ele é pai de um dos
amigos mais inteligentes que tive o orgulho de conhecer, num patamar
inicialmente virtual mas logo trazido para o âmbito cotidiano: não há um dia em
que eu não lhe envie pelo menos um SMS!
Graças ao diálogo ativo que eu mantenho com o filho do
realizador (que, na foto, é o que está à direita da placa proibitiva), tive
acesso a cinco de seus filmes: “Um Vídeo Chamado Brasil” (2000); “Cristo! Corra”
(2005); “Bicho Preto Nasce Branco” (2007); “A Próxima Mordida” (2009); e “Diga
33” (2010). Achei-os diametralmente opostos, em termos de qualidade estética,
aos seus anos de realização: o primeiro dos filmes vistos, realizado em conjunção
com o artista plástico Siron Franco, é mais que efetivo em sua transmissão do
lamento crescente de um patrimônio indígena cada vez mais dizimado, o que, no
filme, é metonimizado pela destruição do monumento construído pelo artista
parceiro do diretor, que é perscrutado pela câmera durante os oitos minutos de
duração; o mais recente versa sobre a disseminação de uma doença chamada
silicose entre os serradores de pedra da cidade goiana de Pirenópolis e tem
como principal problema o fato de ser excessivamente artificioso e subsumido
aos depoimentos proletários, o que torna a condução discursiva do documentário
negativamente unidimensional, didaticamente pusilânime. Mas o diretor é bom!
A audácia de realizar um curta-metragem sobre uma tradição
religiosa com montagem quase eisensteiniana e pró-cristã (no sentido legítimo
do termo), outro sobre as condições existenciais dos urubus e um terceiro sobre
os motivos socioeconômicos que estariam por trás dos ataques de tubarão nas
praias recifenses demonstra o quanto os filmes de Ângelo Lima merecem ser vistos
e debatidos com maior cuidado, para além do deslumbramento em saber que ele é o
progenitor de um dos rapazes mais encantatórios que já conhecia na vida. Anseio
por ter acesso a mais de seus curtas-metragens!
Wesley PC>
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