Quando “Belinda dos Orixás na Praia dos Desejos” (1979, de
Antonio Bonacin Thomé) começou a ser exibido, pensei que ele pudesse compor, em
minhas memórias apaixonadas de cinéfilo, uma espécie de trilogia, ao lado de “Juliana do
Amor Perdido” (1970, de Sérgio Ricardo, elogiado aqui) e “Janaína, a Virgem Proibida” (1972,
de Olivier Perroy, comentado exclamativamente aqui), sobre o uso erótico do candomblé no cinema brasileiro.
Comentei, inclusive, com alguns amigos, ao final da sessão, o quanto o tema é
ainda sub-explorado. Com certeza, merece melhor atenção...
O filme que vi há pouco até que começa bem: numa praia, seis
meninas dançam nuas ao pôr-do-sol. Quando voltavam para a sua cabana, deparam-se
com um ritual de candomblé na praia. Uma delas fica tão fascinada com o que vê
que se aproxima da mãe-de-santo. Era a Belinda do título, vivida pela lindíssima
Nicole Puzzi. Ela recebe uma flor branca da personagem que a acolhe como filha
e fica atordoada. Não quer mais se divertir com as amigas, que arrumam qualquer
pretexto para ficarem desnudas sob o sol...
De repente, uma subtrama policial invade o enredo: um
delegado honesto é obrigado a soltar três bandidos perigosos e endinheirados, que
o ameaçam e, enquanto vingança, decidem seqüestrar os seus dois filhos. Acabam
levando Belinda e seu namorado recém-conhecido, que é justamente o filho do delegado.
Antes, um dos bandidos, apelidado Chaim (Clayton Silva), estupra a irmã do seqüestrado
da forma mais ridícula possível, num consentimento depressivo que não convence.
Mais tarde, ela é consolada por um ex-namorado, amigo de seu pai, e fode
novamente. Vôte!
Se o filme começa “exótico” em sua abordagem
místico-religiosa, quanto mais ele avança na subtrama policial, mais precário
ele se demonstra. Até que uma hippie de cabelos vermelhos e sanha monetária é
possuída pelo espírito da mãe-de-santo e resolve denunciar os criminosos.
Decora a placa do carro deles e tudo. Seguem-se perseguições e aparições
fantasmagóricas da mãe-de-santo, que redundam na morte dos bandidos. Antes,
eles haviam dopado o casal seqüestrado: o filho do delegado é salvo, Belinda
morre. Uma flor branca aparece em sua cama. O final é uma reconciliação
ritualística à beira do mar. Muito ruim? Talvez, mas que tem seu charme, ah,
tem!
Wesley PC>
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