terça-feira, 27 de agosto de 2013

“NÃO ACREDITO EM TALENTO: TODO MUNDO É CAPAZ DE FAZER ALGO ARTISTICAMENTE!”

Não tenho certeza se a segunda metade do pronunciamento do professor George Mascarenhas foi exatamente esta, mas o sentido é mais ou menos este: foi o que ele comentou, ao final da sessão de “Parada” (1974, de Jacques Tati), quando alguém na platéia insistiu em reclamar que os brasileiros eram meros “reprodutores de cultura”, sendo pouco preocupados com a valorização do talento. A discussão oficial sequer era esta, mas o pronunciamento não foi descartável: dentro do contexto, fez muito sentido!

No filme, Jacques Tati aparece velhinho, mas cantando: “não há idade para se ter ritmo”. Na platéia, outro velhinho elogiou tal cena. No cinema, todos gargalhavam: mesmo não sendo um filme excelente, em minha opinião, o filme é repleto de momentos circenses geniais, destacando-se um número de malabarismo em que três pessoas formam uma parede humana, as seqüências inusitadas de magia, as diversas quedas coletivas, os chistes envolvendo um cavalo xucro, as mímicas esportivas, a interação do público treinado comicamente, e a inocência criativa das crianças que sobem no palco, ao final... Um filme lindo, ainda que irregular!

No debate ao final do filme, a história da mímica enquanto arte foi evocada, e eu me deixei levar pelas explicações, pelas lembranças de cenas do filme, pelas gargalhadas ainda incontidas do casal que estava ao meu lado e da dupla de amigos sentados na fileira atrás de mim. Foi uma bonita noite de terça-feira. Jacques Tati é genial!


Wesley PC> 

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