Não tenho certeza se a segunda metade do pronunciamento do professor
George Mascarenhas foi exatamente esta, mas o sentido é mais ou menos este: foi
o que ele comentou, ao final da sessão de “Parada” (1974, de Jacques Tati),
quando alguém na platéia insistiu em reclamar que os brasileiros eram meros “reprodutores
de cultura”, sendo pouco preocupados com a valorização do talento. A discussão oficial
sequer era esta, mas o pronunciamento não foi descartável: dentro do contexto,
fez muito sentido!
No filme, Jacques Tati aparece velhinho, mas cantando: “não
há idade para se ter ritmo”. Na platéia, outro velhinho elogiou tal cena. No
cinema, todos gargalhavam: mesmo não sendo um filme excelente, em minha
opinião, o filme é repleto de momentos circenses geniais, destacando-se um
número de malabarismo em que três pessoas formam uma parede humana, as seqüências
inusitadas de magia, as diversas quedas coletivas, os chistes envolvendo um
cavalo xucro, as mímicas esportivas, a interação do público treinado comicamente,
e a inocência criativa das crianças que sobem no palco, ao final... Um filme
lindo, ainda que irregular!
No debate ao final do filme, a história da mímica enquanto
arte foi evocada, e eu me deixei levar pelas explicações, pelas lembranças de
cenas do filme, pelas gargalhadas ainda incontidas do casal que estava ao meu
lado e da dupla de amigos sentados na fileira atrás de mim. Foi uma bonita
noite de terça-feira. Jacques Tati é genial!
Wesley PC>
Nenhum comentário:
Postar um comentário