terça-feira, 13 de agosto de 2013

PARA ALÉM DA MERDA (MAIS UMA VEZ, UM ASSUNTO COMO ESTE):

Ontem eu vi “Círculo de Fogo” (2013, de Guillermo del Toro – crítica aqui) e detestei o filme!  Por mais que eu goste de seu diretor, por mais que eu tenha lido comentários mui elogiosos sobre ele, achei o filme insuportável, o roteiro péssimo, os efeitos especiais confusos em sua pletora imagética (de)formadora de daltônicos. Só não fiquei muito irritado durante a sessão porque estava muitíssimo bem-acompanhado, mas duas cenas merecem destaque positivo (e irônico) em meio à projeção: numa delas, perto do final, um cientista prestes a vomitar encontra um vaso sanitário em meio aos escombros de uma cidade destruída pelo ataque de um ‘kaiju’; noutra, logo no início, um fotograma telejornalístico explica o quão venenoso era o excremento desse tipo de monstro. O filme não era de todo ruim: algumas boas idéias estavam evidentes em meio àqueles péssimos diálogos! Enquanto isso, eu e meu amigo da esquerda temíamos a invasão de atiradores na sala de cinema em que estávamos...

No dia seguinte a esta sessão, conversei com um admirador de ‘heavy metal’ e música sertaneja por quase duas horas. Estávamos em aula, mas pudemos entrar em assuntos delicados, como a admiração dele pelo sistema político nazista, a sua convincente explicação de que a umbanda não é uma religião politeísta, a insistente (e polêmica) declaração de que “trauma é coisa de retardado!” e seus comentários surpreendentes sobre a irritação que lhe causa a homofobia de seus colegas de classe. Enquanto a professora exibia um documentário televisivo sobre a influência de Joseph Goebbels no cinema alemão da década de 1940, nós falávamos sobre filmes, música, espiritismo e problemas familiares. Ele é um rapaz bonito – como muitos são no mundo! – e desapreciado por alguns, em razão de seus comportamentos um tanto abestalhados (o que, para mim, está longe de ser um problema – nos tempos atuais, é quase uma virtude!), de modo que fiquei muito contente por termos avançado dialogisticamente para além dos estereótipos. Foi como eu comecei a conversa: “sempre pensei que tu fosses apenas um ‘poser’, mas gosto de teu estilo”. Ele retribuiu com um comentário parecido e mais incisivo em sua defesa observacional de minhas idiossincrasias. Olhar duas vezes e entrar em contato é essencial neste mundo de (falsas) impressões: aprende-se bastante assim! E isso vale para o filme também...


Wesley PC> 

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