quarta-feira, 4 de setembro de 2013

CONFORME DISSE NOUTRO CANTO, "DE VOLTA À PRANCHETA DE TRABALHO"...

Depois de um período de agouro em meu Mestrado,sinto-me apto a voltar à minha pesquisa. Na tarde de ontem, inclusive, recebi uma ligação de uma professora que esteve em minha banca de Qualificação, confirmando que já foi publicizado que estou sendo orientado por um novo professor. Ufa! Posso voltar a estudar, a me dedicar àquilo que tanto me interessa e apaixona...

Quando recebi a tal ligação, estava correndo para chegar em casa: tinha gana de ver "A Filha de Calígula" (1981), famoso e oportunista filme do genial Ody Fraga que eu ansiava por deglutir faz tempo - e, oh, como valeu a pena ter visto este filme: tudo o que eu pesquiso (e alego dissertativamente) está lá!

Tendo pouco mais de uma hora e dez minutos de duração, não se pode dizer que haja necessariamente uma trama neste filme. Há uma situação: Sílvia (Daniele Ferrite), a personagem-título, tem como amante principal um cavalo falante que, mesmo não a considerando "o tipo ideal de égua", diverte-se a lamber as suas nádegas em momentos de descanso. Ela é obrigada pelo tio invejoso e homossexual Cipião (Roque Rodrigues) a se casar com o capacho Carlus Marcus (J. Santana), a fim de dirimir o seu poder libertino, mas ela se recusa. O motivo: "para quer casar e dar apenas para um se eu posso continuar dando para todos?". Cipião resolve, então, envenená-la, contando com a ajuda de seu (in)fiel escudeiro nordestino Furius (Bentinho), mas a entrada em cena de Márcio Nogueira, que vive um rapaz abobalhado, nu do início ao fim, redefine as tensões: todos no filme se apaixonam por ele, o que obviamente desbunda no triunfo de Sílvia, que assassina os escudeiros de seu tio e o faz ser devorado pelos testículos por um cachorro de nome Rufus.

Obviamente, é tudo uma grande piada, mas, diferentemente do humor rasteiro das pornochanchadas às quais este filme se afilia genericamente, o roteiro de "A Filha de Calígula" é repleto de piadas geniais, como quando se fala mal do roteirista, que entope os diálogos com trechos em italiano, quando o que deveria ser privilegiado é o latim, ou o momento em que, quando Cipião alega que seus servos devem tomar no cu, um deles grita: "desse jeito, não dá: vou trabalhar na Embrafilme", ao que bentinho logo corrige: "para isso, tu tens que ser carioca!". Nossa, como eu gargalhei!

Entretanto, o filme me conquistou mesmo em seus chistes homo/bissexuais, como quando Cipião explica que, "na antiguidade, cada governante era marido de todas as mulheres do império... e, ao mesmo tempo, mulher de todos os maridos!". Noutro momento, quando tenta convencer o rapaz nu a se deixar ser analmente penetrado por ele, explica: "desde que o mundo é mundo, existem apenas duas formas de ação sexual: dar e comer. Os homens superiores, as verdadeiras elites, praticam ambas!". O rapaz retruca: "pois eu me contento apenas com a segunda opção. Não quero ser elite, mas povão: eu só como!". E eu gargalhei mais uma vez! O que o filme faz com a democracia (pura avacalhação!) é absolutamente devastador e contestatório: vejam este filme, por favor! Prometo que o reverei em breve...

Wesley PC>

Um comentário:

Dilmar Gomes disse...


Valeu a dica! Procurarei vê-lo.
Um abraço daqui do sul do Brasil.