Para quem não conhece os polêmicos fatos familiares recentes,
meu irmão de 30 anos engravidou uma menina com metade de sua idade. O filho
nasceu, meu irmão assumiu, a guria completou 16 anos e, aos poucos, poder-se-ia
pensar que tu se resolveria... É isso? De forma alguma! Meu irmão é concubinado
com uma mulher extremamente ciumenta de 33 anos que ameaçou a adolescente de
morte quando soube que meu irmão precisou visitar o filho para pagar a pensão
mensal, visto que o primeiro salário após o nascimento do filho já foi
disponibilizado. O que isto ocasionou: uma briga de proporções épicas! Minha
casa ficou interditada para qualquer ato racional na tarde de hoje...
Frustrado e aprisionado pelas contingências, sentei na
varanda, aguardando que um potencial e recorrente amante chegasse do trabalho. Entretanto,
ele estava de mau humor e trancou a porta de sua casa, não queria conversa
comigo.Impossibilitado de me ocupar intelectualmente, sentei-me em frente à
minha casa por duas horas e entreguei-me voluntariamente ao tédio. Queria
entender o porquê de algumas pessoas insistirem em sentir isso. Constatei que
se entendia quem quer, quem se entrega! Duas horas e dez minutos depois, eu
estava alisando os cabelos do rapaz que amo e em dúvida acerca de que filme ver
na TV: “Caminhos Violentos” (1986, de James Foley) ou “O Exército do Crime” (2006,
de Robert Guédiguian)? Por sorte, escolhi a primeira opção.
Não me arrependi nem um pouco: na trama, Sean Penn
interpreta um delinqüente juvenil desembestado que se apaixona pela personagem
de Mary Stuart Masterson. De repente,
ele conhece o pai (Christopher Walken), um conhecido e infame ladrão de
tratores da região. Depois de brigar com o seu padrasto, o protagonista – que tem
o mesmo nome do pai, Bradford – resolve ir morar com ele. Ingressa no crime,
mas é preso em seu primeiro assalto oficial. Na prisão, é convencido a
denunciar o pai, sob pena de não ser libertado. O pai assassina o irmão de seu
filho (vivido por Christopher Penn, irmão de Sean Penn na vida real) e a sua
namorada, além de um amigo de ambos. O desfecho é tão afobado quanto trágico. Última
frase pronunciada pelo protagonista: “ele é meu pai”. O que se segue: a
belíssima canção “Live to Tell”, de Madonna, que ameaça ser executada na
íntegra desde o início do filme. Ganha um doce quem souber o que estou a ouvir
agora, pouco tempo depois de a avó do filho de meu irmão ter aparecido aqui em
casa para suplicar à minha cunhada que ela não mais ameaça a garota
recém-parida, “pois ela não é nenhuma vagabunda não!”. Gritos femininos
revoltados ecoaram na rua em que moro. E eu tentando ouvir música,
concentrar-me em meus próprios problemas, ai, ai...
Wesley PC>
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