quinta-feira, 12 de setembro de 2013

TRÊS MASTURBAÇÕES NUM MESMO DIA!

Ruy Guerra é um cineasta que envelheceu mal. Não chega a ser um problema para quem realizou os magistrais "Os Cafajestes" (1962) e "Os Fuzis" (1964) em complicada época, sem contar o ótimo e incompreendido "Ópera do Malandro" (1985). Verdade seja dita, há de se mencionar que "Estorvo" (2000) e "O Veneno da Madrugada" (2004) são tentativas audaciosas de manter-se autoral num contexto em que o cinema brasileiro está entulhado de meras extensões televisivas amorfas. Porém, ao ver o filme mais recente há pouco, preciso tecer algumas considerações pouco elogiosas: baseado num livro de Gabriel García Márquez chamado "A Má Hora", o filme incomoda por suas indefinições tramáticas, pelos vais-e-vens nem sempre convincentes, pelo elenco travado, pela fotografia incômoda (excessivamente amarelada e chuvosa), pela lentidão... Alguns efeitos são propositais e dignos de aplausos intencionais, outros nem tanto. Gostei de ver o ótimo Zózimo Bulbul em cena e minha mãe se interessou bastante pelo universo místico do filme, mas fiquei agoniado durante os cento e dezoito minutos de duração. Ao final, a impressão de que tudo se estendeu por tempo demais, poderia ser mais sucinto, mas impactante!

Não que o filme não tenha bons momentos e ótimos personagens, mas o tom da encenação é equivocado, tanto quanto é incômodo o cheiro da vaca morta que encalha numa enchente. Terminada a sessão, tentei dormir. Conforme sói acontecer recentemente, enquanto estava deitado, tinha a impressão de que espinhos de diversos tamanhos e formatos saíam de meu corpo, inclusive das mucosas. Mais uma vez, acordei com os gritos de minha escandalosa cunhada, que se divertia na sala, antes de se angustiar por causa da bebedeira violenta de um de seus irmãos. Enquanto isso, a fim de justificar o título, nalgum lugar, um sociólogo de cabelos cacheados insistia em apregoar que, apesar de viciar, a masturbação é o melhor antídoto contra o mau humor. "Melhor que qualquer droga", dizia ele, em conversa automobilística na noite de ontem, acentuando o aspecto vicioso da situação. Não sei se o moçambicano Ruy Guerra concordaria com ele...

Wesley PC>

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