segunda-feira, 9 de setembro de 2013

UM DISCO “ALEGRINHO” DO PLACEBO? COMO ASSIM?!

Pois é... Recentemente, li uma entrevista com Steve Forrest, baterista atual do Placebo, que falou algo sobre “Loud Like Love” (2013), disco programado para ser lançado no dia 16 de setembro, e alguém perguntava qual era a expectativa dele acerca da reação do público quanto ao suposto otimismo contido no álbum, quiçá dissonante em relação aos trabalhos anteriores do grupo. Pelo que intuí, a provocação interrogativa dizia respeito tanto às reações pouco entusiasmadas de alguns fãs ditos depressivos a “Battle of the Sun” (2009, comentado aqui) quanto ao susto que os admiradores da banda Nine Inch Nails levaram diante de “Hesitation Marks” (2013), cuja primeira música de trabalho, “Everything”, realmente não traz a lugubridade intensificada nas célebres composições do Trent Reznor. Se me dissessem que é uma faixa esquecida e reaproveitada de “To Record Only Water for Ten Days” (2001), do músico John Frusciante, eu acreditaria, visto que o enfrentamento do vício em drogas é comum a ambos os trabalhos. Entretanto, se o disco que ainda não ouvi pode assustar por causa de felicidade justificada, “Loud Like Love” é puro Placebo!

 Na verdade, parecer demais com o Placebo é o maior problema e o maior defeito deste disco mais recente, o que nem de longe não o torna inapreciável, mas creio que não figurará em nenhuma lista que eleja o melhor álbum da banda. A obra-prima do álbum, em minha opinião, é a derradeira faixa, “Bosco”, a décima, cujos versos iniciais “I love you more than any man” já eram mais do que suficientes para me conquistar, bem como o título masculino exótico e o refrão atrelado aos problemas do sobejo etílico e da abnegação amorosa. Maravilhosa esta canção: quero-a para mim!


 “I ask you for another second chance, but then I drink it all away 
 And I get bellicose when you react, for love, frustration and dismay
 I was so delicate when we began, so tender when I spoke your name
 But now I'm nothing but a partisan, to my compulsion and my shame” 


 Mas vamos às demais faixas: a mais famosa do álbum é a terceira, “Too Many Friends”, também excelente e devidamente anunciada através de um magnífico videoclipe multinarrativo roteirizado pelo escritor Bret Easton Ellis. A abertura com “my computer thinks I’m gay” e o complemento posterior “what’s the difference anyway?” asseguram a perpetuação da faixa entre os devotos placebianos que nem eu. Só por essas duas faixas, aliás, o disco já valeria muitíssimo a pena!

 A faixa de abertura, aquela que recebe o nome do disco, é uma espécie de complemento do disco anterior, com um estilo mais entusiasmado e um excelente uso dos verbos “breathe” e “believe”, lado a lado, num pré-refrão. Ótima canção! A faixa 02, “Scene of the Crime”, infelizmente não consegue empolgar tanto, mas tem seus méritos eventuais, graças à repetição exaustiva da expressão-título durante a letra...

 A faixa 04, “Hold on to Me” parece ter sido composta na década de 1980 por Giorgio Moroder – o que pode ser tanto um elogio quando um demérito, a depender de quem estabelece a comparação – e a faixa 05, “Rob the Bank”, parece uma resposta a “Follow the Cops Back Home”, do ótimo álbum “Meds” (2006). São faixas interessantes, porém mais discretas em relação ao restante do álbum, o que também se nota em “A Million Little Pieces” (faixa 06) e “Purify” (faixa 08). A faixa 09, “Begin the End”, foi a que eu menos gostei, por causa de sua letra um tanto forçada em seu afã consolador para a tristeza do ouvinte [exemplo: “I tried, God knows I tried/ But there's nothing you can do to change my mind”], o que já se percebe desde o título, oportuno no que diz respeito à posição numérica da canção no disco, mas inespontaneamente antitético. Por fim, a graciosa “Exit Wounds” (faixa 07) deixa entrever o quanto o Brian Molko se influencia positivamente por David Bowie, possuindo um válido embasamento eletrônico que combina bastante com a dançante e mórbida “Julien”, do disco lançado em 2009.

 Oficialmente, só ouvi o disco integralmente duas vezes. Estou ouvindo-o novamente agora, não me proibindo de repetir as faixas de que mais gostei, aquelas que mais me emocionaram. Sou assim, fazer o quê? Num primeiro impulso, considero um álbum médio, mas com extraordinários momentos. Assim sendo, recomendo-o bastante. Quem é fã do Placebo não se decepcionará, insisto em antever!

 “But I got a reson to declaim 
 The applications are to blame 
 For all my sorrow an my pain 
 Of feeling so alone. 

 I got too many friends,
 Too many people
 That I'll never meet
 and I'll never be there for
 I'll never be there for
 'Cause I'll never be there”. 


 Obrigado, Américo, por ter me apresentado ao videoclipe desta excelente canção e, Renison, de coração, valeu por ter disponibilizado o disco em tempo recorde. Estou agradecidíssimo e emocionado por isso! Estas são apenas as minhas primeiras impressões...

 Wesley PC>

3 comentários:

Renison disse...

O disco ta realmente como todo fã do Placebo gosta: melancolico e powerfull! 'A million little pieces" não sai da minha mente, que musica fodastika! Eu não gostei do disco de 2009, achei muito fraco para o padrão que a banda vinha fazendo na maravilhosa dobradinha "sleeping with ghosts" e "meds". Esse para mim forma a trilogia juntos com os últimos dois citados.

Gomorra disse...

De minha parte, Renison, confirmo o elogio da primeira parte de teu comentário. Nas primeiras audições, insisto em coaduná-lo com o disco anterior (até a capa é muito parecida), mas é superior sim.

Abraço - e obrigado mais uma vez pela indicação preciosa!

"Bosco" é soberba! (WPC>)

AmericoAmerico disse...

de nada! ainda não escutei o álbum, escuto dois álbuns em média por ano... hehe. e repit-os sempre... mas qm sabe esse entra pra lista?