O filme menos autoral do cineasta, dentre os que eu vi até
agora. Mas há um adultério. Um amor sincero que emerge após um desmaio desencadeado
pelo tédio burguês. Um médico preocupado com as causas sociais. Um velho que
tenta estuprar uma criança e é preso. Gatos. Muitos gatos. Um viúvo jovem,
bonito e desesperado. O sol que insiste em nascer, dia após dia. Um homem rico
que explora seus empregados mas afaga carinhosamente a esposa e a filha
pequena. Talvez ele tenha um caso com uma enfermeira. O que importa é que,
mesmo sendo comunitariamente vilanaz, ele é assassinado diante de quem o ama...
Não consegui dormir. Estava tão ansioso quanto carente.
Ontem, brinquei que defloraria meu ânus no meu vindouro aniversário de 33 anos.
O sol nasceu cedo. Clareou. Eu despertei. Assisti a um programa televisivo
sobre a ótima discografia de Marisa Monte. Barulhos no portão. Hora dos
proletários irem para os seus respectivos empregos. Um menino bonito – e/ou que
amo – sai de casa, em sua motocicleta. Camisa vermelha da farda, calça preta
realçando as suas formas calipígias e genitais. Um homem tão sensual quanto
imponente, em suma, mas que sequer dignou-se a olhar para mim, desejando-o
através das grades. Eram 6h29’ da manhã. No fogão, um cuscuzeiro...
Wesley PC>
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