sábado, 30 de novembro de 2013

EM PROL DA EQÜIDADE INTRA-SISTEMÁTICA!

Estava a ler um livro polêmico de Gerard Lenne contra "o aparato burguês do cinema oficial" quando me deparei a um elogio ao clássico subestimado "O Sal da Terra" (1954, de Herbert J. Biberman), segundo o autor, o único filme que pode ser efetivamente realizado por comunistas neste contexto opressor...

Por mais que muitos reclamem que o filme seja datado e/ou que a narrativa esteja subsumida na propaganda sindical, achei o filme lindo em seu vigor autocrítico: para além do macro-conflito entre trabalhadores e patrões, há relações conflituosas internas entre mineiros e donas-de-casas, entre imigrantes mexicanos e nativos estadunidenses que apoiam as suas causas sociais. É um filme extraordinário enquanto discurso, ainda que, de fato, seja atravessado por uma ou outra obviedade tramática (no sentido profético, inclusive, visto que, infelizmente, ainda hoje, as contradições que o filme combate se repetem)...

Não à toa, a magnífica protagonista interpretada por Rosaura Revueltas resiste à tentação de ofertar aos espectadores um "final feliz": o que ela nos luga é uma batalha vitoriosa num enfrentamento perpétuo, que visa à união entre as pessoas. Nesse sentido, por mais submissa que ela pareça ser em relação a um marido que esquece a data de seu aniversário por causa das obrigações grevistas, ela sabe erguer a voz e quase ficar afônica quando necessário. E, no instante em que se arrepende de ter desejado o aborto de seu terceiro filho, o filme é também emocionalmente engrandecido. "O Sal da Terra" faz jus ao seu título mítico!

Wesley PC>

Nenhum comentário: