quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

"O MUNDO É BOM! O MUNDO É BOM!"

Para além de todo e qualquer clichê crente positivamente repetido, dormi e acordei contente por causa dum filme recente e infelizmente ignorado pelos críticos: "Marfa Girl" (2012, de Larry Clark).

Na trama, como sói acontecer na obra do diretor, jovens andam de 'skate', fodem, fumam maconha, ouvem músicas, agem, vivem, amam... O maior indício de maturidade em relação às obras anteriores deste diretor de quem sou fã é o tratamento dado aos personagens adultos, não mais tão amplamente estereotipados como outrora.  Tudo bem, um e outro defeito composicional persiste, mas o tom conciliador do filme me veio em excelente hora. Amei esta produção feliz!

Wesley PC>

sábado, 20 de dezembro de 2014

PARA QUEM ESTEJA ESTRANHANDO O MEU APARENTE SUMIÇO - PARTE 2



Pelo menos, ainda sei abrir vasos de azeitonas...

E sim, continua...

E sim, sim, eu voltarei: eu tendo a voltar!

Wesley PC>

PARA QUEM ESTEJA ESTRANHANDO O MEU APARENTE SUMIÇO - PARTE 1

Quem me conhece, sabe que sou indiscreto. Talvez até me conheça justamente por isso. Não é um adjetivo que eu rejeite, aliás, visto que, politicamente, careço dele como ponto de partida expressivo: para mudar uma situação que discordamos, é preciso incomodar e, para tanto, ser indiscreto é mais que essencial, é estratégico!

Pois bem, defender esta perspectiva levou-me a ser tachado de "afastador confesso de pessoas que gostam de mim", via SMS, nesta manhã de sábado. Não sei até que ponto devo considerar esta expressão demeritória uma exclusividade, mas, pelo visto, devo anexá-la ao meu currículo particular de vida: de fato, em minha vida, pessoas que gosto (e/ou que gostavam de mim, para aproveitar a definição alheia) afastaram-se deste que vos escreve. Quem sabe elas retornem (estarei aguardando por elas, não duvidem), mas, independente do que tenha engendrado tais afastamentos, sou menos um réu confesso que uma testemunha subjetiva dos fatos: culpabilidade e pretensa coerência política andam lado a lado neste caso. Ou, ao menos, penso assim, o que talvez contribua para afastar mais e mais pessoas ("que gostam de mim", não esqueçamos o complemento pontual) daqui por diante. Uma pena. Lidar com aquilo que nos define e que ofende a outrem é uma lição diuturna, que me ensinaram involuntariamente desde o meu primeiro espancamento no Ensino Fundamental. Já sou Mestre em Comunicação Social, mas continuo aprendendo esse tipo de coisa: nunca é tarde para aprender - e, melhor ainda, nunca se sabe de onde podemos tirar as lições mais valiosas!

 Continuando: quem conversou comigo nos últimos dias, acompanhou um desgaste de um dilema pessoal, que parece chistoso, mas é muito sério. Muito sério mesmo! Ao longo desta semana, na empresa em que estou trabalhando hodiernamente, assisti a uma palestra sobre Segurança do Trabalho que explicou o quão perigoso é agachar-se nos vasos sanitários. Tão perigoso que é alçado à categoria de advertência punitiva. Algo compreensível, dentro do contexto. O problema é que, desde que me entendo por gente (e produtor de merda, por conseguinte), nunca aprendi a sentar na privada: sou daqueles que se acocoram - ou que, pelo menos, até anteontem, se acocoravam. Um detalhe muito íntimo, reclamariam alguns, mas que, na angústia que desencadeou em mim, assumiu ares de reflexão política: até que ponto o simples ato de defecar indica algo sobre a classe social de uma pessoa ou sobre o seu caráter? O desconforto extremo que experimento quando tento me sentar (e eu juro: estou tentando arduamente) é um ponto de partida auto-responsivo!

Não por coincidência, no filme hollywoodiano aparentemente trivial que vi ontem à noite ["Namoro ou Liberdade?" (2014, de Tom Gormican)], o personagem de Zac Efron utiliza o vaso sanitário de maneira absolutamente heterodoxa. O motivo: apesar de seu vigor juvenil atlético, ele ingerira pílulas de Viagra para exibir uma potência sexual exacerbada em seus flertes noturnos intencionalmente descompromissados. E, quando vem a necessidade de urinar, a ereção perene o impede de aliviar-se fisiologicamente. Esta disfunção possui alguma correlação política (ou ideológica)? Ao invés de responder, firmarei um compromisso convosco: não me suicidarei neste Natal. Por mais que eu tenda a afastar mais pessoas "que gostam de mim". É um compromisso!

Wesley PC>

domingo, 7 de dezembro de 2014

NÃO É QUE EU NÃO SAIBA O QUE DIZER, MAS, ÀS VEZES, A ANGÚSTIA SE INSTALA DE MANEIRA TÃO SUTIL QUE...

...as frases quedam incompletas. Ou melhor, são completadas, mas recebidas incompletamente. Há o que chamamos de ruído na comunicação!

Tentando explicar de outro forma: desde que vi "Nono Mandamento: Não Desejar" (1946, co-dirigido por um tal de Marcello Pagliero), fiquei tão impressionado que resolvi adentrar numa maratona com os filmes menosprezados do genial cineasta Roberto Rossellini (1906-1977), maratona esta que é adiada faz tempo. Li, inclusive, uma autobiografia do diretor e constatei o quanto, para além de seu catolicismo fiel, ele é obcecado por mulheres. Quem mais ousaria mostrar uma fêmea humana nua em 1946? Sabendo-se que o filme foi filmado em 1943, a interrogação fica ainda mais alarmante!

Ah, mas ainda não deu para entender o que eu quero reclamar aqui?! Digamos que hoje é domingo, quando escrevo estas parcas palavras. Domingo, hoje é domingo, dia da semana que mais me apavora. Um domingo de dezembro, mês do ano que mais me assusta. Um conjunto de superstições, talvez. Domingo, quarta-feira, sábado, são todos dias da semana repletos de possibilidades. O mesmo acerca dos meses e dos anos e dos séculos e séculos, amém.

Preciso tomar banho! Talvez lavar os pratos e/ou escolher o que ver mais tarde. A maratona complementar do Alfred Hitchcock (1899-1980) foi adiada. A adolescência da Elizabeth Taylor conseguiu me convencer. Ao final, o cachorro foi salvo, o amor é mais forte. Minha mãe sorriu, vendo algo na TV. Agora, ela resolveu sentar-se na varanda, reclamando do claro. Também sinto claro, numa miríade de sensações que não descarta uma tristeza distanciada. Deixa ela lá. Por ora, ainda reflito. E completo as frases que parecem incompletas... Reticências!

Wesley PC>

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

DE COMO SE RENASCE COM AS ATRIBULAÇÕES...

Nos últimos dias, por conta de obrigações pré-empregatícias, estou sendo obrigado a suplantar minhas necessidades cinematográficas diuturnas,por enquanto compensadas através da audiência cuidadosa a incursões de Robert Altman e Steven Soderbergh em produções televisivas. Antecipei algo sobre o assunto nesta confissão pessoal, mas careço recomendar com fervor adicional "The Knick" (2014), cujo primeiro episódio, "Method and Madness" me impressionou deveras. Logo na abertura, uma tentativa de parto a fórceps, onde mãe e filho morrem. Minutos depois, um dos médicos se suicida com um tiro na cabeça. O que sobrevive é promovido a um cargo administrativo, mas é flagrado por uma de suas enfermeiras numa crise de abstinência de cocaína, de modo que ela precisa injetar a droga numa das veias de seus pênis. O que se segue são muitas intrigas (algumas, policialescas em excesso), mas fiquei positivamente chocado com o que vi. O mesmo sendo dito acerca de eventos recentes: até um apelido eu recebi! Sou chamado agora de Superchoque por meus colegas de curso pré-trabalhista. Era só o que me faltava!

Wesley PC>

sábado, 29 de novembro de 2014

HORA DO CHÁ DE BOLDO!


Tomara que esse enjôo passe logo...
Afinal de contas, o mundo é bom!
E o homem é amigo do homem.

Wesley PC>

A CERCA DO PRURIDO ANAL:

"O que é o prurido anal?

 O prurido anal é uma situação relativamente frequente, que se caracteriza por comichão à volta da região anal, resultando numa vontade irresistível de coçar esta área. Muitas vezes surge durante a noite, com o calor da cama, ou após a defecação. 

 O que provoca o prurido anal? 

Existem diversos factores responsáveis. Pode ser devido à limpeza excessiva (lavagens repetidas) da região anal, à umidade desta área, como acontece em resultado de sudorese marcada ou de fezes líquidas e irritantes. Diversas bebidas podem também ser responsabilizadas (cerveja, leite, sumos de frutas ácidos, bebidas com cafeína – café, cola -, bebidas com teína – chá preto), assim como alguns alimentos (chocolate, frutos, tomates, ameixas). Existem ainda outras causas como hemorróidas, fissuras, infecções anais, alergias locais, eczemas, dermatites, parasitas. 

Pode ser resultado de falta de higiene local?

 Pode, embora a tendência natural assim que apareça a comichão seja a de lavar a região anal de forma vigorosa, o que só vai agravar o problema por traumatizar a pele e por eliminar substâncias oleosas naturais".

As informações proctológicas acima foram retiradas deste 'site' proctológico lusitano, deveras visitado por mim nos últimos dias, desde que me deparei com vermes galináceas em meu quintal. Obviamente, ter me deparado com aquelas áscaris tão nojosas me fez enjoar, de modo que, desde a noite de ontem, sinto-me acometido por uma violenta diarréia, que está me assustando particularmente, visto que, daqui a pouco, precisarei ir para o meu futuro trabalho, onde um dos colegas é aficcionado pela banda 'pop' norte-americana (vendida como "alternativa") Imagine Dragons. Não por acaso, esta banda é também a favorita de um rapaz que me evita lancinantemente, de modo que, a fim de senti-lo próximo, atrevi-me a ouvir o disco com atenção, desde que ele foi premiado num evento musical anglofílico recente, o American Music Awards, comentado entusiasticamente aqui.

Sendo bastante sincero, não achei "Night Visions" (2012) um disco ruim. Apensa chato, cansativo, um tanto formulaico em seu tom consolador. Mas a faixa de abertura "Radioactive" (01) e a muito executada "Demons" (04) merecem meu elogio pessoal. Elas funcionam (se é que não preciso me explicar acerca do uso íntimo deste verbo...)!

Wesley PC>

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

ASSIM CANTAVA A MARY HOPKINS EM 1968:


"Once upon a time there was a tavern
 Where we used to raise a glass or two 
Remember how we laughed away the hours
 And dreamed of all the great things we would do

 Those were the days, my friend 
We thought they'd never end
 We'd sing and dance forever and a day 
We'd live the life we choose we'd fight and never lose 
For we were young and sure to have our way

 La la la La la la
 La la la La la la
 La la la La la
 La la la la la"...

Assim cantarola os Cowboys de Leningrado, ao fundo do maravilhoso curta-metragem "Those Were the Days" (1991, de Aki Kaurismäki), que vi na manhã de ontem, antes de iniciar um treinamento empregatício que me deixou deveras ansioso. Tanto que nem dormi direito em seguida. Mas sonhei...

No sonho, eu e minha mãe saíamos para algum lugar. De repente, eu caminhava sobre os trilhos de uma montanha-russa num parque de diversões abandonado, localizado num bairro (outrora) perigoso de Aracaju. Eu dançava ao lado de uma bailarina profissional e estávamos sendo observados pelos jurados de um 'reality show'. De repente, ao voltar para casa, meu irmão havia usado 'crack', estava triste, amontou pilhas e mais pilhas de papel roído por ratos e, na esquina, uma vizinha lésbica, pedia que eu lhe levasse um pacote de guardanapos. Na esquina da rua anterior, havia um baro com música ao vivo, um rapazola muito jovem encetava uma canção antiga de MPB. E meus irmãos mais velhos demonstravam ciúme de mim e de meu irmão mais novo em relação à minha mãe...

Acordei!

Wesley PC>

“O SOFRIMENTO ALIMENTA A FÉ”

Que o cineasta Roberto Rossellini (1906-1977) fosse ideologicamente vinculado ao estoicismo cotidiano, creio que não seja surpresa para ninguém. Mas, para mim, foi um verdadeiro (e delicioso) baque deparar-me com esta grandiosa constatação ao final do difamado “O Navio Branco” (1941), seu longa-metragem de estréia, que vi na manhã de hoje, crente de que era apenas um subproduto fascista...

De fato, em mais de uma situação, os personagens e/ou figurantes fazem saudações ao ‘Duce’ Benito Mussollini, mas talvez isto fosse uma imposição produtiva mais geral. O filme é sobre um marinheiro apaixonado por uma professorinha que, ao contrário de seus colegas de esquadra, é fiel apenas a ela, escreve cartas apenas para esta moça, enquanto os outros disseminam chavões de amor, duramente retrucados por seu moralismo passional: “para o amor verdadeiro, não importam as palavras ou as fotografias, mas sim os atos”. 

No dia seguinte, este marinheiro consegue uma folga, a fim de encontrar a sua amada numa estação de trem. Ele aproveita o deslize de um garçom para furtar uma flor de um arranjo de mesa, mas, quando está prestes a desembarcar, uma batalha irrompe e ele é obrigado a voltar para o couraçado, sendo gravemente ferido no combate. Após duas transfusões de sangue, ele fica hospitalizado e, não por acaso, a enfermeira que fica responsável por seus cuidados é justamente a moça que ele buscava encontrar na estação. O problema é que, sendo enfermeira, ela não pode zelar apenas por ele, não pode ter preferências, mas tratar a todos os pacientes com igual zelo e afeto.

Antes que o filme chegue ao fim (em aberto) – mas não a guerra, visto que esta perdurou por mais quatro anos – os personagens são elogiados em seu fulgor humanístico, de uma maneira que antecipa bastante o estilo que o diretor adota em “Paisà” (1946), também maravilhosamente musicado por seu irmão Renzo Rossellini. Fiquei apaixonado pelo que vi: é muito, muito amor! Eu estava precisando deveras...

Wesley PC>

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

EU TENHO VOCAÇÃO PARA CRÍTICO DE MÚSICA? – PARTE II: AS DISTÂNCIAS

Quando me sentei diante da TV para assistir ao American Music Awards, premiação musical anglofílica, conforme o nome do evento sintetiza tão bem, minhas expectativas eram tronchas: estava preparando-me para falar mal do apresentador, o insuportável ‘rapper’ Pitbull (que deixou bem claro que não queria ser confundido com um mexicano, apesar de ser fluente no idioma espanhol), bem como dos artistas ‘pop’ que me frustram, como Nicki Minaj e Ariana Grande, por exemplo. À medida que a premiação foi avançando, entretanto, surpreendi-me comigo mesmo ao mudar de idéia e apreciar que estava sendo executado (não tudo, claro)...

 De fato, a mesmice hodierna manifestou-se: Katy Perry recebendo prêmios a rodo, One Direction arrebatando público e votantes, a neozelandesa Lorde confirmando que nem tudo está perdido, etc.. Logo na abertura, uma de minhas artistas ‘pop’ favorita, a belíssima Taylor Swift, que, apesar de ter me decepcionado com seu novo disco, “1989” (2014), cantou uma faixa graciosíssima, “Blank Space”. Enquanto escrevo estas linhas, Diana Ross sobe ao palco. O comentador brasileiro do evento, João Marcelo Bôscoli, elogia quase todo mundo, até mesmo Selena Gomez e a “melhor banda alternativa do ano” (sic) Imagine Dragons. Comecei a prestar atenção otimista ao evento...

 Mais uma vez, Taylor Swift sobe ao palco, agora para receber um premio honorário. Merecido, não vou mentir. A banda juvenil 5 Seconds of Summer foi deveras premiada, mas eles não chamaram muito a minha atenção não, salvo pelos atributos carnais dos integrantes (vide foto – risos). Estou louco para ouvir “Bad Blood” (2013), disco de estréia da banda melancólica britânica Bastille, já devidamente acondicionado em meu computador. Não sei até que ponto o premiado Sam Smith e a bastante reverenciada ‘rapper’ australiana Iggy Azalea me conquistaram, mas talvez eu os dentro de alguns dias, nem que seja por curiosidade analítica. Afinal de contas, sou obrigado a admitir: ao contrário do que eu pensava, a safra musical anglofílica não está tão ruim!

 Em mais de um momento, o citado comentador nacional do evento (transmitido através do canal TNT) frisou que os artistas concorrentes provêm de diversos países, muitos deles da Oceania, inclusive. A estadunidense Fergie está cantando agora, e, antes, a banda de ‘reggae’ canadense Magic! subiu ao palco para cantar a contagiante “Rude” (e seu refrão grudento e delicioso “marry that girl”), em companhia do haitiano Wyclef Jean. Estou me divertindo, ainda que não esteja prestando completa atenção, já que precisei interromper a audiência por alguns minutos para telefonar para um amigo angustiado por supostas perseguições classistas. Mas, insisto: eu estou gostando do que estou vendo e ouvindo. Uau!

 Wesley PC>

domingo, 23 de novembro de 2014

EU TENHO VOCAÇÃO PARA CRÍTICO DE MÚSICA? – PARTE I: AS PROXIMIDADES

Na tarde de hoje, eu ouvi pela primeira vez o novo disco do grupo mineiro Pato Fu, “Não Pare Pra Pensar” (2014). Tinha relativas expectativas, já que sou um fã devotado da banda, mas não gostei muito do que ouvi. Na terceira vez, entretanto, já posso escolher uma ou outra faixa favorita, providencial...

 A abertura com “Cego para as Cores” é muito bacana, a voz suave de Fernanda Takai não decepciona. Mas há algo de descompassado entre o que ela canta e os seus colegas tocam. Pelo sim, pelo não, enviei a faixa para um amigo daltônico. Talvez a letra lhe diga alguma coisa (risos)...

 A faixa 02, “Crédito ou Débito”, segue o mesmo âmbito descompassado, que também se manifesta outras vezes ao longo do disco, como na faixa-título (04) e na derradeira música do álbum, “Eu Ando Tendo Sorte” (11). O ponto mais baixo do disco, sem dúvida, é a fulambenta “You Have to Outgrow, Rock’n’Roll” (07), interpretada pelo simpático John Ulhoa que, paradoxalmente, também é responsável pela melhor faixa do disco, a inesperada “Ninguém Mexe com o Diabo” (03). Tem tanto a ver com um amante fugidio, que a repeti inúmeras vezes, tornou-se a minha favorita!

 De perto, seguem a previsivelmente agradável regravação de Roberto Carlos, “Mesmo que Seja Eu” (10), a ressurreição colaborativa do cantor Ritchie em “Pra Qualquer Bicho” (09) e a calculada, telenovelesca e quase inoportuna em termos climáticos gerais “Um Dia do Seu Sol” (06), que parece irmã gêmea (no mau sentido vendável, inclusive) da quarta faixa do disco “Muito Mais que o Amor” (2013), do Vanguart, justamente nominada “Meu Sol”. São boas canções, mas parecem repetidas, desgastadas, enjoativas...

No geral, portanto, o disco não é ruim. Em nota, daria um 6,0 (seis), tanto quanto o fiz, arredondadamente, em relação à produção mazzaropiana que vi com minha mãe mais cedo [o simpático e equivocado “Zé do Periquito” (1960, de Ismar Porto & Amácio Mazzaropi)]. Na pior das hipóteses, veio num bom momento este disco mediano: tem a ver com necessidades diplomáticas de intervenções contra silêncios que me afligem. É um álbum profilático, eu diria.

Wesley PC>

sábado, 22 de novembro de 2014

ÀS VEZES, QUANDO VAMOS LIMPAR A BUNDA, APÓS TERMOS DEFECADO, O PAPEL HIGIÊNICO SE RASGA, E NOSSOS DEDOS ENCONTRAM EM CONTATO COM A MERDA. ASSIM SE DÁ O PROCESSO DE RECONTAMINAÇÃO DE VERMINOSES!

Não obstante o título longo e um título chulo desta publicação, ela vem a calhar perante o desconforto (físico) que senti enquanto via o elogiado “A Tortura do Medo” (1960), longa-metragem deveras pessoal do diretor britânico Michael Powell, que, aqui, não trabalha com seu companheiro habitual Emeric Pressburger.

Infelizmente, à época de seu lançamento, este filme foi um terrível fracasso de público e crítica. Seu diretor foi relegado a um ostracismo ocasional por ousar ser genial e tocar em temas tão duros, ainda que o seu formalismo característico demonstre-se um tanto frio aqui, para além da inequívoca pujança conteudística.

Na trama, um homem atormentado pelos experimentos psicológicos de seu pai (interpretado em breves ‘flashbacks’ pelo próprio Michael Powell) torna-se um ‘voyeur’, que assassina mulheres apenas para vê-las experimentando um medo intenso, que provém da combinação entre um pé afiado no tripé de sua câmera e um espelho deformador. O que o interessa é o pavor extremo, a reação das fêmeas perante a iminência da morte. Até que ele se apaixona. E a relação – para além de sua máxima compatibilidade (a moça é uma escritora de livros infantis, um deles sobre uma câmera mágica, “que não pode funcionar sozinha”) – soçobra por conta da perversão dele, que se suicida, tal qual qualquer de suas vítimas...

Malgrado eu não ter gostado tanto deste filme quanto ele quase me obrigava (o roteiro é fabuloso, mas nem tudo funciona na encenação!), prometi a mim mesmo e a quem estava ao meu lado após a sessão que, da próxima vez que me apaixonar, exibirei este filme para o meu amante vindouro nos encontros exordiais, quando ainda estivermos analisando as nossas afinidades. Será um pacto: tomara que dê certo!

 Wesley PC>

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

EU TERIA TANTO A DIZER ACERCA DESTE LIVRO, MAS... DIGAMOS APENAS QUE EU O AMEI!

As primeiras cento e duas páginas da edição que possuo do romance 'noir' "O Longo Adeus" (1954), de Raymond Chandler, foram lidas no consultório público de um dentista. As demais duzentas e setenta e oito se espalharam por algumas semanas. Amei o tom melancólico e sarcástico do protagonista, que era, afinal de contas, um solitário, um devoto, um apaixonado. Tudo bem que, ao contrário do que ocorre na versão fílmica de Robert Altman, a afeição entre Philip Marlowe e Terry Lennox é muito mais rápida e fulminante no livro. Mas não é inconvicente nem num nem noutro caso...

Eu pensava em redigir uma resenha mais detalhada do que o livro me causou, de suas acachapantes reviravoltas, de seus personagens inesquecíveis, de seus diálogos sórdidos e realistas, de suas características literárias ímpares, mas... Fica pruma outra vez! Vou pôr a culpa na correria que me acometeu nesta semana... Mas o livro é excelente, ótimo para se dar de presente!

Wesley PC>

DISCO E FILME, AGORA, UM INSTANTE...

"De dentro da banheira eu tento entender 
O que sinto exatamente por você 
Faço muita espuma e no final 
Já não sei o que é sonho e o que é real 
Se eu sinto frio no sexto andar 
Eu me aqueço desenhando um sol 

A tempestade bate na janela 
Sem querer queimei o dedo e apaguei a vela 
Tento ler meu livro que ficou molhado 
Já não sei o que é presente e o que é passado 
Alguém me falou pra eu não cantar 
Mas se eu te enquadro num pedaço de ar 
Não posso ignorar os meus desejos 
Como faz pra continuar?
Como amar alguém que nunca vai merecer? 

 Enquanto alguns só pensam em morrer 
O diabo parece me temer 
Um homem bateu na minha porta 
Faz um tempo que eu não sei como chorar

 Nunca fugi, nunca escondi
 Os meus desejos por você
 Eu sempre fui o seu brinquedo
 Mas tudo tem um tempo pra durar

 Deito no tapete e sinto alegria 
Se alguém me liga a meia noite, me dá alergia 
Solto a fumaça em espiral 
Enquanto colo um adesivo no quintal 
A chuva fina me faz ficar longe demais 
Tenho medo de acordar e de olhar pra trás 

Sinto a pele enrugada dentro da banheira
 Já nem sei se ontem eu falei besteira
 Eu me perguntei pra sua mãe 
Se algum dia ela teve um anel
 E até comprei para o seu pai 
Um antigo LP
 Que embrulhei pra presente sem você perceber 

[...]

 E depois de um dia de sonho
 Você pode querer bem mais"...

Faz um tempinho que eu vi o filme do Sérgio Ricardo.  E ouço bastante o disco mais recente da Tiê nos últimos dias. Tudo porque o amor é livre. Mesmo quando é aprisionado por outrem...

Wesley PC>

ULYSSES GROSJEAN, MAL TE CONHECI E JÁ TE AMO!

Assuntos não faltaram para compartilhar, mas, sempre que eu vinha aqui, algo me interrompia e fazia com que eu me dispersasse, sem escrever o que eu tinha para dizer...

Seja como for, deixo agora, neste início de madrugada, um conselho: se, em algum momento, o filme "Depois do Sul" (2011, de Jean-Jacques Jauffret) estiver sendo exibido diante de ti, não perca a oportunidade: jogue-se que o filme vale muitíssimo a pena!

O modo como as tramas paralelas convergem para a tragédia cotidiana me fizeram pensar numa versão muitíssimo pessimista das obras da Agnès Jaoui. Este diretor tem estilo - e sabe escolher um ótimo elenco que é uma beleza. Deus benza!

Wesley PC>

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

ALGUMAS BREVES PALAVRAS SOBRE O FILME DOMINICANO QUE VI ANTES DE DORMIR...

Quando me deparei com a sinopse de "A Filha Natural" (2011, de Letícia Tonos), exibido ontem à noite na TV Brasil, indiquei este filme a diversos amigos, visto que presumi que ele seria minimamente interessante enquanto exemplar do desconhecido cinema caribenho. Infelizmente, nenhum dos indicados pôde ver o filme até o final, o que é uma pena redobrada, pois, além de seus méritos eventuais, há muito o que ser discutido - num viés político - acerca do que este filme representa enquanto tentativa de visibilidade. Afinal de contas, quantos filmes produzidos pela República Dominicana costumam ser lançados anualmente?

Apesar de ser uma produção tipicamente centro-americana, a narrativa do filme lembra as tradições africanas [pensei especialmente no filme senegalês "Madame Brouette" (2002, de Moussa Sene Absa), muitíssimo divertido e dramático, que vi há bastante tempo, acompanhado por amigos], visto que fantasmas e crendices abundam...

Na trama, uma jovem órfã vai morar com seu pai - que não conhecia até então - depois que sua mãe é atropelada e morta, num acidente rodoviário. Este pai é assolado por uma suposta maldição, relacionada à sua falecida esposa e problemas de espólio territorial. Ele vive com um haitiano manco, saudoso de sua família e deveras crédulo acerca das supostas assombrações que circundam a residência. Até que a garota se apaixona por um belo rapaz tribal porto-riquenho, a quem é apresentada por uma dupla de moleques imitadores de jovens gangsteres: um garoto mudo, apelidado de Fera, e um guri de menos de 15 anos, que age como mafioso de gueto estadunidense. Só vendo o filme para crer: apesar de suas falhas e de atropelos audiovisuais, ele possui muito charme, uma ótima trilha sonora, atores bonitos e uma moral da estória conciliadora. Era do que eu estava precisando, antes de sonhar!

Wesley PC> 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

ESTOU INDO DORMIR, MAS, POR DENTRO, EU DIGO 'SIM!'


O diretor Bernard Attal é francês.
Vladimir Brichta revelou-se um ótimo ator - no cinema, ao menos.
Walmor Chagas se matou ao final das filmagens.
E a Clarisse Abujamra é deveras expressiva.
Como não amar "A Coleção Invisível" (2012)?
Como não?
No rádio, agora, Tiê canta.
E eu vou dormir, mas, por dentro, eu digo 'sim'.
Sim! (por dentro).

Wesley PC> 

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

ESCREVI NO FACEBOOK HÁ POUCO...

Conforme antecipei no título, redigi no Facebook, há pouco:

"Quando eu terminei a minha crítica insossa sobre o cinematograficamente anódino TIM MAIA (2014), fiquei angustiado: no texto, eu tecia algumas especulações psicológicas acerca das obsessões temáticas do diretor Mauro Lima comparando o filme mais recente apenas com o elogiado MEU NOME NÃO É JOHNNY (2008), de que gosto, aliás. Esqueci, entretanto, que, entre um filme e outro, o diretor também havia realizado REIS E RATOS (2010), filme que estava aqui em casa faz tempo, mas que eu não me atrevera a ver ainda, já que muitos de meus amigos odiaram-no. Mas a crise de consciência me perseguia: será que eu tinha prejulgado afoita e negativamente o Mauro Lima?! 

Nem 10 minutos de filme se passaram e eu já constatei que, de fato, entorpecentes e casamentos malogrados ressurgiam roteiristicamente. Mas, aqui, o foco globofílmico era outro: o golpe militar de 1964, reapresentado em tom de pastiche anti-clichês norte-americanos, urgh! Sinceramente, o filme beira a nota zero (0,4 para ser exato). É muito, muito ruim! Eu estava correto em minha intuição, afinal, pude relaxar... 

Passado algum tempo após a sessão - e ainda cantarolando a ótima música-tema, composta por Caetano Veloso e cantada por Bebel Gilberto - repensei os meus sentimentos: como relaxar sabendo que um filme destes não está isolado?! O projeto de releitura histórica da Rede Globo dominando o cinema brasileiro é o de higienização pútrida, o da mentira tornada fato, o do engano convertido em piada. Nada no filme funciona (ou quase nada, já que gostei da atuação do Rodrigo Santoro e da participação à la João Cândido terciário do Seu Jorge), nem as ridículas vozes propositalmente atreladas a dublagens de enlatados, nem a pavorosa composição anglofílica do Selton Mello, nem a abominável interpretação afetada do Cauã Reymond, nem os chistes com visigodos mediúnicos, nem a assunção dos conchavos entre militares brasileiros e agentes da CIA estadunidense, nada! Horrível este filme, abominável. Mauro Lima é um engodo em crise com suas próprias dubiedades morais, portanto. O mal-estar que TIM MAIA me causou (mesmo que o filme nem seja tão ruim, afinal) não era um acaso: minha intuição serve para algo, ela me protege. Obrigado! (WPC>)"

Nesta autocrítica condescendente, eu me referia à insipidez deste texto aqui, afinal redimida pela lamentável confirmação acima transcrita. Puxa, eu até gosto do Cauã Reymond, mas... Por que ele se deixa estragar tanto nas mãos do Mauro Lima?! Por quê?!

Wesley PC>

domingo, 9 de novembro de 2014

“APROVEITEI E DORMI OITO HORAS SEGUIDAS, COMO OS MÉDICOS RECOMENDAM E OS VAGABUNDOS ACATAM”...

Não é o meu caso! Nos últimos dias, por razões de sobrevivência financeira, dormi muito pouco. Isso, porém, não me impediu de sonhar: na madrugada de ontem para hoje, sonhei que entregava ovos para uma amiga fã de egiptologia, quando percebo que um deles continha um pintinho germinado, moribundo, prestes a morrer, caso eu não encontrasse a metade superior de seu umbigo, quer estava grudado na casca do ovo. Acordei, levantei, fui ao banheiro, mijei, voltei, deitei e dormi de novo...

No segundo sonho, eu estava numa cadeira de dentista. Tencionava adiar o dia de uma consulta para limpeza odontológica, mas o profissional da saúde bucal surgiu de jaleco, decidido a fazer o meu tratamento naquele exato instante. De repente, eu estava pedindo para um amigo por quem fui/sou eternamente apaixonado que ele me gravasse alguns filmes (bergmanianos?) num DVD. Ele recusou-se, alegando que eu me apaixono demais, o tempo inteiro... Acordei frustrado, preocupado, pensando nisto!

Queria ver um filme do Alberto Pieralisi [“O Enterro da Cafetina” (1971)], mas eu tinha que trabalhar. Alguns dias antes, vi “Memórias de um Gigolô” (1970), colorido e divertido, cujo protagonista, ao narrar as peculiaridades de sua vida num bordel, pronuncia o libelo cafajeste que intitula esta publicação. Sinto-me cansado, acho. Por isso, esta confusão (pós-onírica) toda...

Wesley PC>

terça-feira, 4 de novembro de 2014

NOME DA DIRETORA DOS VIDEOCLIPES DO THIAGO PETHIT: RAFAELA CARVALHO

Há algumas madrugadas, deparei-me com a imagem acima movendo-se em minha TV. Trata-se de um fotograma do videoclipe de "Romeo", primeiro 'single' do aguardadíssimo terceiro disco do cantor Thiago Pethit, "Rock'n'Roll Sugar Darling" (2014), que será lançado ainda neste mês de novembro.

Estou ansiosíssimo para ouvir o disco na íntegra. Gostei bastante não apenas do videoclipe como também da sonoridade sexualmente ambivalente e bilíngue da canção. Fascinante. Sem contar que o modelo masculino Lucas Veríssimo excita qualquer um, o mesmo sendo dito acerca dos mamilos em 'close-up' da protagonista feminina, Maria Laura Nogueira. A diretora Rafaela Carvalho está de parabéns!

Pesquisando sobre o videoclipe, descobri que ela fora responsável por outro complemento audiovisual mui sensual à sonoridade tendenciosamente anglofílica e sedutora do cantor paulistano, "Moon", do disco anterior, "Estrela Decadente" (2012). A imagem abaixo diz muito - ah, se diz...

Wesley PC>

QUIS ESCREVER ANTES, MAS MEUS DIAS ESTÃO CORRIDOS E SENTIDOS...

Robert Bresson está me olhando nos olhos (mesmo quando os fecha), Damien Rice está cantarolando em meus ouvidos (mesmo quando sua voz é abafada pelos instrumentos gritantes), Ingmar Bergman está me (re)ensinando o perdão, à custa das repetições e da expelição da culpa (algo que ele considera fingido, já que, segundo ele, isto consiste em "incutir em si mesmo o sofrimento causado a outrem"). Noutras palavras, coisas estão acontecendo ao nosso redor, em nossas vidas. O tempo inteiro!

Wesley PC>

domingo, 2 de novembro de 2014

DO ENFADO ERÓTICO, QUANDO O EROTISMO É SUBTRAÍDO

Recentemente, fui abordado ciberneticamente por um leitor deste ‘blog’, que confessou apreciar as minhas referências virginais. Inicialmente, não entendi bem do que se tratava, mas conhecer pessoas interessantes é algo que me apraz e, como o interlocutor em pauta demonstrou-se inteligente e sensível, tentei retribuir a atenção com a simpatia que ele me destinava. Porém, estava cansado: tinha que trabalhar bastante neste final de semana, sexta e sábado de matrícula dos estudantes aprovados num vestibular para Universidade à Distância...

Trabalhei por quase doze horas ininterruptas e, ao chegar em casa, senti uma forte irritação na mucosa anal, que sangrava após o ato fecal. Talvez eu esteja padecendo de hemorróidas, o que me atemoriza sobremaneira, principalmente levando-se em consideração a virgindade que atraiu o meu interlocutor. Preferi não pensar muito nisso: pedi que minha mãe me pusesse um prato de sopa e assisti a um filme britânico que começava na TV, “Histeria” (2011, de Tanya Wexler).

Propagandeado como uma obra leve e simpática (e, em minha opinião, imperdoavelmente assexuada) sobre a invenção do vibrador, em verdade, a trama é sobre a paixão de um médico idealista (Hugh Darcy) por uma rapariga feminista e altruísta (Maggie Gyllenhaal), que é acusada de ser histérica por não ceder às exigências sociais preconceituosas, que a proibiam de ter vida social para além da cozinha. Sua irmã estuda frenologia e, inicialmente, pretendia casar com o médico por quem ela se apaixona ao final. No meio, uma estória exageradamente cômica (e verídica) sobre mulheres ricas e insatisfeitas que pagavam a um médico mais velho (Jonathan Pryce) para que este massageasse as suas vulvas. Seguiu-se o enfado. E um dia após o outro também!

Wesley PC>

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

TALVEZ O NORMAN MCLAREN TENHA ME ATRASADO... MAS NÃO ME ARREPENDO: VALEU A PENA!

"Hen Hop" (1942, de Norman McLaren) foi realizado no mesmo ano em que minha mãe nasceu.Ela não viu o filme comigo, entretanto. Eu estava no quarto de meu irmão, ela estava na sala. E as nossas galinhas estavam no quintal!

No filme, uma galinha põe um ovo, sendo que este ovo, antes disso, era uma galinha em potência (afinal, confirmada). À medida que o filme evolui, a galinha é desmembrada, transformada em galeto assado, ela não é interessante para os seus donos imaginários enquanto ser dotado de individualidade animal, mas enquanto comida. Uma música 'country' dançante irrompe na tela. A palavra anglofílica "save" (salvar) também. A galinha precisava ser salva (da morte certa no forno)? Teria conseguido? Os galináceos que vivem em meu quintal conseguem. Morrem de velhice ou de doença!

Terminada a sessão, vi um portão aberto. Ao entrar na residência, ouvi um barulho de chuveiro. Era um rapaz, masturbador contumaz. Espiei pela brecha, providencialmente aberta próximo ao chuveiro. Enxerguei um pênis intumescido, pulsante, recém-ejaculado. O cheiro forte de sabonete. A expressão de gozo do banhista. A noite, lá fora...

Wesley PC>

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

"7 CAIXAS" (2012, de TANA SCHÉMBORI & JUAN CARLOS MANEGLIA) PODE NEM SER BOM, MAS ESTE FOTOGRAMA DIZ MUITO!


Infelizmente, a nefasta herança dos arremedos tarantinianos prejudica sobremaneira este ingênuo (porém bem-intencionado) filme paraguaio, mas o grito imagético permanece após a sessão: a homogeneidade nociva perpetrada pelo capital internacional é algo que devemos refutar! Viver é possível. Enfrentar, também!

Wesley PC>

PARA ALÉM (OU AQUÉM), O QUE CONSOLA!

Pela primeira, pude acompanhar um evento via Twitter, na noite de ontem: o resultado das Eleições 2014. É incrível como o que diziam é verdade: a sensação é a de que estamos lá, no "não-local" (o Brasil inteiro, em termos virtuais) em que acontece o evento. Aprovei a experiência!

Mas, como não sou destes que se limitam a um única experiência, aproveitei a deixa para examinar outras possibilidades de oferta "entretenedora" via Twitter e pude analisar as propostas eróticas do 'site'. Algumas me pareceram deveras aprazíveis! (risos)

Indo mais além: na madrugada de hoje, sonhei com uma rapariga que não fala mais comigo. Ela estava detrás de mim na fila do banco automático de um posto de gasolina. Ela conversava com alguém, enquanto eu lia as sinopses dos filmes exibidos pelo Eurochannel na tela do computador do banco. Despertei, fui ao banheiro, deitei e dormi e sonhei de novo. Agora, eu estava no apartamento de um grande amigo, buscando discos de Núbia Lafayette. Dois rapazes bonitos que trabalhavam comigo banhavam-se ao mesmo tempo, no mesmo cômodo. De repente, eles aparecem, molhados, e se despem à minha frente. Um deles, coincidentemente, está aniversariando hoje. No sonho, seu pênis era bastante triangular e seus pêlos púbicos eram raspados apenas do lado esquerdo. Enviei um SMS para ele, parabenizando-o pelo aniversário (risos). O mundo é bom!

Wesley PC>

domingo, 26 de outubro de 2014

UFA, O SEGUNDO TURNO ACABOU! (MAS FALTA MAIS, MUITO MAIS...)


"Apesar do propagandismo óbvio, o filme de [Thorold] Dickinson é uma obra-prima em menor escala, uma análise intrigante da motivação e do heroísmo em meio à batalha ideológica mortal". 

À página 309 da edição que possuo do guia "1001 Filmes para Ver Antes de Morrer", lê-se o trecho acima, referindo-se à produção israelense "A Colina 24 Não Responde" (1955), que vi na tarde de hoje, em homenagem ao clima belicoso que se instalou neste segundo turno das eleições para Presidente do Brasil. Oficialmente, nunca ouvira nada sobre o britânico Thorold Dickinson, e há de se reclamar que o filme envelheceu mal, que há inúmeros problemas de feitura e, principalmente, de conjunção ideológica, mas o modo como a trama costura os 'flashbacks' é muito interessante: um oficial que se apaixona pela mulher que espiona; um judeu que demonstra-se descrente depois que é ferido, mas recupera a fé após conversar com o rabino que suplica para que, "não importa o que aconteça, não se deve desistir"; e um israelense que captura um ex-nazista que luta contra a causa que ele defense...

O ritmo do filme é um tanto moroso (apesar da rápida montagem), mas, do meio para o final, melhora significativamente. A discussão acerca das manipulações e funções eminentemente religiosas no segundo episódio e as alucinações hitleristas no terceiro são impressionantes, bem como o genial estratagema de iniciar a narrativa apresentando imagens dos principais personagens no instante em que morreram. Não compactuei efetivamente com o discurso de posse territorial israelense no desfecho, mas o crédito final que indica um "começo" ao invés do tradicional "fim" é brilhante. Não é um filme fácil, mas tem méritos laudatórios.

Do lado de fora da tela, Dilma Rousseff venceu as eleições presidenciais por uma diferença percentual ínfima. Meus amigos estão contentes. Minha mãe finge indiferença, mas ela torcia por isso também. Política é algo diuturno!

Wesley PC>

PARA QUE NÃO DIGAM QUE EU NÃO SEI O QUE É UMA URNA ELEITORAL...

Atendendo a uma exigência acadêmica da disciplina Fotojornalismo: preciso, ao longo do dia, registrar imagens que exibam situações envolvendo o ímpeto eleitoral. Vale destacar que a professora deixou bem claro que não queria que fizéssemos campanha em favor de nenhum candidato, mas a objetividade jornalística me protege na exibição desta imagem, única residência da rua em que moro que ostenta externamente o seu voto. Mais: eu concordo com o mesmo. Não obstante não ser um partidário explícito da candidata à reeleição Dilma Rousseff, entre ela e o mineiro Aécio Neves (do PSDB), a escolha é óbvia: o PT é o "mal menor"!

Wesley PC>

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

HÁ AQUILO QUE É RUIM, HÁ AQUILO QUE É PÉSSIMO, E HÁ "SHARKNADO" (2013, de Anthony C. Ferrante)


Não posso me estender agora, mas este telefilme é ruim, muito ruim! Minha mãe ficou temerosa de não conseguir dormir em seguida, tamanho o sobejo de sangue na tela. Eu, por minha vez, capotei de sono. Estava cansado, mas acordei na madrugada, apavorado por conta de um pesadelo: eu estava guardando, numa tenda de pano, o automóvel de meu irmão mais velho. Era madrugada, 2h da manhã, e um drogado aparece, visivelmente transtornado, me pedindo algum dinheiro. Não tinha, ele me ameaça, "depois eu volto". Levantei, depois que acordei, fui ao banheiro e, quando voltei para a cama, tomei um grande susto ao ouvir a voz rouca de minha mãe. O filme é muito ruim, aff!

Wesley PC>

PUBLICAÇÃO EMERGENCIAL #14.001: EU ESTOU AQUI!

Vou logo confessar: ainda não tive tempo de pesquisar detidamente sobre o trabalho do fotógrafo Richard Avedon (1923-2004), mas já me confesso apaixonado. O conheci graças a uma colega de classe de Fotojornalismo, que mostrou-me o seu pendro crítico acerca da sociedade estadunidense, mas suas imagens com nudez me enfeitiçaram de imediato. Estou apaixonado! 

Por estar apaixonado, submeto-me a diálogos como o que se segue:

" - Te acho lindo! 
- Falando em beleza, só de vez em quando me acho bonito, exótico por ser moreno e ter olhos verdes. Em outras ocasiões, acho a minha aparência de brejeiro mesmo... Falo da beleza externa, e ainda não aturo o nariz de pêra! kkkkk
- Tu podes ter o nariz de pêra, mas a rôla é de beterraba! (risos)
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
- Gosto de tua aparência brejeira. 
- Você agora vai caçar tabaréus na roça, é? Vai virar fetiche?". 

No quarto, alguém me chamava: Jean Renoir e Henri Langlois, ambos sob a tutela de Éric Rohmer, querendo dialogar comigo sobre o poderio histórico das "vistas cinematográficas" lançadas no final do século XIX. Tratava-se do filme "Louis Lumière" (1968), com aproximadamente 65 minutos de duração. Estava cansado, entretanto. Cochilei um pouco, adormeci sobre o braço direito e, meia-hora depois, levantei. Neste exato instante, sinto fome. Vou tomar sopa de cogumelos em alguns minutos. O mundo é bom!

Wesley PC>

domingo, 19 de outubro de 2014

O PARÁGRAFO QUE FALTA:


Nalgum momento, eu falava sobre a beleza lúgubre desta árvore, sobre a necessidade suprema da fé, para além de qualquer agrura, sobre a magnificência de Robert Bresson em minha vida cotidiana, sobre as brigas, sobre as reconciliações, sobre o amor e a necessidade de amor que não se extingue, sobre Deus, sobre mim em contato com outrem, sobre a vontade de fazer o bem para receber o bem e devolver o bem, sobre...

Tive de apagar: não cabia no espaço!

Wesley PC>

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

SE NÃO FOSSE AQUILO QUE JUSTIFICA O TÍTULO...

Por que os personagens de “China, China” (2007, de João Pedro Rodrigues & João Rui Guerra da Mata) tinham de ser chineses? Em minha apreciação, não há algo que justifique esta opção. Uma contingência, talvez?

 Na trama, um ‘rap’ chinês antecipa a primeira aparição da bela protagonista, casada e parida aos 19 anos de idade. Seu marido esbraveja com ela, dizendo-lhe que as últimas palavras de sua mãe, antes de morrer, foram que ela é uma vadia. O casal possui um supermercado de bairro. O filho pequeno dos dois gosta de pirulitos (“chupa-chupa”, no idioma local) e de assistir a filmes violentos ao lado do pai. A moça carrega um revólver com seis balas e sai de casa arrumada. O tiro desferido contra seu peito, ao final, foi uma surpresa?

Enquanto via este corriqueiro curta-metragem, sentia-me deveras sonolento. Minha mãe se preocupava com meu desemprego. Os cachorros latiam. Nalgum lugar do mundo, pessoas se masturbam ou fodem ou choram. Pássaros cantam. Por que a família tinha de ser chinesa? Por que isso precisava constar duplicadamente do título do filme? Por quê?

Wesley PC>

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

POR MAIS EGOÍSTA QUE TU SEJAS (OU MELHOR, QUEIRAS SER), UMA PALAVRA TUA E EU FICO BEM, EU SORRIO POR DENTRO...

Um amigo brasiliense recomendou-me emergencialmente o filme francês “Faz de Conta que Eu Não Estou Aqui” (2000, de Olivier Jahan). Não obstante o amigo em pauta ser obcecado pelo ator que protagoniza o filme, o talentoso loiro Jérémie Renier, presumi que a sua adesão personalizada ao filme tinha a ver com algum acentuado conteúdo homoerótico. Dito e feito: mas, nossa, como demorou...

No filme, o personagem principal é um esnobe e taciturno garoto que passa os dias e noite a observar os seus vizinhos. Traumatizado por ter presenciado a morte do pai na infância, ele reluta em voltar a se comunicar com outrem, distancia-se propositalmente. Até que se apaixonam por ele – e ele, por sua vez, sente-se atraído por um casal que mora num apartamento à sua frente: ela, tendente ao alcoolismo e sexualmente liberada; ele, portador da sexualidade descendente de árabes e bissexual. Ao longo do filme, o protagonista é tachado de egoísta por quase todos os seus interlocutores. Durante os créditos finais, ouve-se um choro bem-vindo e redentor...

Ao término da sessão, conversei com um rapaz que muitos também acusam de ser extremamente egoísta. Sua mãe é depressiva e seu pai espirituoso em excesso. Há suspeitas de que o pai dele seja infiel. Além disso, seus irmãos são alcoólatras ou desengonçados sexualmente. Conclusão: o rapaz tende à infelicidade auto-estabelecida. E coube a mim tentar ajudá-lo, ouvir as suas dores, aconselhá-lo. Mas o cano da espingarda do afeto se inverteu. Durante os créditos finais, houve um choro bem-vindo e redentor!

Wesley PC>

terça-feira, 14 de outubro de 2014

MINHA NOVA PAIXÃO MUSICAL OBSESSIVA:

Faz exatamente uma semana que fui apresentado ao músico norte-americano Mike Hadrea, cognominado Perfume Genius em seus três álbuns lançados até então. E já estou completamente apaixonado por ele. Oficialmente, "Learning" (2010) e "Put Your Back nº 2 It" (2012) não me agradaram por completo, mas "Too Bright", lançado este ano, já entrou com vigor em minha lista dos melhores discos de 2014. Lá em cima!

 Estou exagerando? A letra (e o videoclipe) de "Queen" desmente esta hipótese desconfiada:

"Don’t you know you’re queen?
Yet even flower bloom at my feet
Don’t you know you’re queen?
Cracked, peeling
Riddled with disease
Don’t you know me?

No family is safe
When I sashay"

Eis o que ouço obcecadamente nos últimos dias. Enquanto o meu amor se vai e eu sequer encontro um emprego (in)decente...

Eu amo!

Wesley PC>

O AMOR E A RELEVÂNCIA...


Se eu confessar que eu prefiro Deus a qualquer partido político, isso seria enxergado como um ato regressivo, em termos combatentes hodiernos? Num telejornal, por acaso, vi que os políticos do Vaticano estão discutindo a emergência de uma postura mais tolerante em relação aos homossexuais (consumidores como quaisquer outros). Alas conservadoras já se manifestaram chocados com tal possibilidade. O rapaz que eu abraçava no momento rechaçava toques em suas zonas erógenas (havia muita gente em sua casa, seria insensato de minha parte insistir...). À frente, a casa que estava para ser vendida agora ostenta placas de "aluga-se". E, por dentro, o langor...

Wesley PC>

"MAS TAMBÉM SEI QUE QUALQUER CANTO É MENOR QUE A VIDA DE QUALQUER PESSOA"...



"Por isso, cuidado, meu bem!"

Eles venceram... 
Eles venceram... 
Eles venceram...  
Eles venceram... 
Eles venceram...  
Eles venceram... 
Eles venceram...  
Eles venceram... 
Eles venceram? 

Wesley PC.

ALÉM, MUITO ALÉM DA DECEPÇÃO FACEBOOKIANA (CONFISSÃO NACIONALISTA, OU ALGO PARECIDO)

Oficialmente, decepcionei-me bastante com a versão de Walter Lima Jr. para a obra-prima literária de José Lins do Rêgo. Infelizmente, o protagonista infantil (vivido, sem muito carisma, por Sávio Rolim) é desrespeitado pelo roteiro, relegado a uma coadjuvação distanciada, que muito me frustrou. Porém, enquanto via o filme, uma reflexão me tomava de assalto, conforme acabo de publicar em meu perfil de Facebook:

"No sábado, numa conversa informal, comentei com um amigo que acabara de voltar de uma temporada documental numa reserva indígena que, agora, eu me assumo como nacionalista, visto que a grande maioria dos filmes que vejo são brasileiros. Ele brincou: "isso é bom e ruim ao mesmo tempo". Perguntei-lhe o porquê do segundo adjetivo, e ele me explicou que, enquanto opção restritiva, o nacionalismo é uma prática perigosa (vide os antecedentes ditatoriais infames). Expliquei que essa postura atual, acentuada após a minha intensa e apaixonada pesquisa de Mestrado, advém muito mais de uma constatação de que existem muitas jóias fílmicas propositalmente obliteradas no Brasil, enquanto as estrangeiras contam com facilidades distributivas avassaladoras. Não por acaso, pouco antes de morrer, o cineasta Paulo Cézar Saraceni (1933-2012) brincou que era um dos patronos do Movimento Sem-Tela, visto que se sentia lamentavelmente desalojado nas salas de cinema de seu próprio país. Ele não era o único, afinal... 

Na manhã de hoje, precisei marcar um exame para minha mãe num hospital público. Tentei, na verdade, visto que, ao chegar no tal posto de saúde, às 6h da manhã, deparei-me com hordas e mais hordas de gente, espalhadas por todas as direções, brigando entre si por conta de espaço, prioridades e condições de atendimento. Fiquei num canto, observando tudo, quando escuto algumas pessoas conversando sobre as eleições deste ano: uma mulher explicava que jamais votaria no Aécio Neves, dado o seu mau desempenho no Estado de Minas Gerais, do qual foi Governador; outra perguntava se Marina Silva ainda tem chances de ganhar, ao que alguém prontamente lhe explicou que ela não está mais concorrendo e que, por conta disso, declarou apoio ao referido candidato rejeitado em seu próprio Estado natal. Ela sorriu, pasmada. Ao final, todos ao meu redor declararam altissonantemente que votariam em Dilma Rousseff, enquanto eu apenas esperava o horário em que seriam distribuídas as senhas... 

Às 7h, uma funcionária do hospital abriu o portão. Qualquer resquício de fila se esquivou e as hordas se espalharam com violência pela recepção. Eu fiquei à distância, tentando saber o que fazer e como me comportar naquela situação. De repente, ouvi a atendente gritando: "alguém mais para o dentista? (Na verdade, ela falou o nome de um odontólogo em particular, mas, por não conhecê-lo, fiei-me apenas em sua profissão). Eu levantei o dedo, à distância. Ela me chamou, perguntou se eu tinha prontuário e marcou uma ficha para mim, dizendo-me que eu seria o sexto a ser atendido naquela manhã. Os atendimentos começariam em meia-hora. O exame de minha mãe, que pretendia agendar inicialmente, teve que ser protelado, pois o setor responsável só funcionaria à tarde. No instante em que digito estas linhas, o meu molar inferior esquerdo está obturado, visto que o dentista achou desaconselhável que eu o extraísse. Entretanto, ele disse que eu precisarei voltar, para adiantar outros tratamentos. O problema é que talvez amanhã ele não vá trabalhar, pois, em conversa com um funcionário no interior da sala (enquanto eu estava com a boca escancarada), ele comentou - talvez brincando - que ainda não recebeu o salário deste mês. Ao voltar para casa, alguém adivinha a nacionalidade do filme que vi? E como está o meu humor neste exato instante? O mundo é bom, criaturas. O mundo é bom!"

Não reli o texto, mas concordei de imediato com o que eu próprio escrevi: por mais decepcionado que eu tenha ficado com o filme, apreciei muito tê-lo visto. Era uma trama essencialmente brasileira, afinal. E é brasileiro que eu me sinto neste exato instante!

Onde quer que esteja, que São Paulo Emílio Salles Gomes me guie...

Wesley PC>

“OPINIÃO PÚBLICA É 1% DE FASCISMO E 99% DE INTERESSE”!


O apotegma que intitula esta publicação é do filme “Hitler 3º Mundo” (1968, de José Agrippino de Paula) e a imagem pertence à pornochanchada mexicana tardia “Sólo com tu Pareja” (1991, de Alfonso Cuarón). Mas o que me interessa hoje é narrar o que passei na fila de um hospital público, onde tencionava agendar um exame de sangue para minha mãe hipertensa e, de repente, me vi como o sexto paciente a esperar o atendimento odontológico. Não obstante o sobejo de gente gritando e mal-educada pelos corredores, não achei o procedimento ruim: o dentista foi muitíssimo simpático comigo, as funcionárias me reconheceram do local em que eu trabalhava e, em menos de quatro horas, eu estava em casa. Foi como se eu tivesse sido rebatizado. Por dentro, entretanto, o langor...

 Wesley PC>

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

SOBRE O QUÃO BAIXO PODE-SE DESCER (EM MATÉRIA DE AUDIÊNCIA TELEVISIVA)...

Há alguns anos, um rapaz mais jovem que me atraía à época alegou que se masturbava freqüentemente diante do quadro "Teste de Fidelidade", do péssimo programa de TV comandado pelo apresentador (sic) João Kléber.Já tive algumas oportunidade de conferir do que se tratava o referido programa - e, de fato, ele é excitante - mas a coisa é tão moralmente aviltante que eu me recusei a coadunar com aquela atrocidade. Até que, zapeando os canais de TV neste domingo, deparo-me com o mais recente quadro (que não é esse da foto)...

Na tela, um belíssimo rapaz loiro alisava fervorosamente uma modelo quase completamente desnuda. Seus seios eram eventualmente tapados por uma tarja negra, que sumia vez por outra, para a empolgação forçada do apresentador, que queria mesmo ver peitos e se preocupava negativamente em não mostrar "homem nu". Aos poucos, entretanto, o rapaz se despia. Ficou apenas de cueca azul, com uma ereção latejante à mostra. Outra modelo apareceu e também se despiu, quase completamente. As mulheres, claro, ficaram nuas, enquanto o rapaz não tirou a cueca, por mais que se insinuasse sexualmente, falasse mal da namorada e estivesse ansioso para foder. Conclusões: 1 - é inegável que o quadro é uma farsa mal-feita; 2 - é difícil não se excitar com aquilo; 3 - eu senti vergonha, mas não consegui desviar o olhar (nem mudar o canal) enquanto o ridículo apresentador não apareceu para estragar o meu tesão.

Pronto, falei!
E não sinto orgulho em confessar isso tudo, mas sinceridade é sempre a melhor pedida.
Eis a verdadeira fidelidade!

Wesley PC>

domingo, 12 de outubro de 2014

DAS LEMBRANÇAS... E AMORES... E FLUIDOS HUMANOS NO CHÃO...

Muitas vezes em minha vida, eu já remexi gotículas de sêmen abandonadas no chão ou em paredes... Sempre achei isso um desperdício atroz e precisei controlar-me bastante para não colocar essas gotas na boca e adquirir as doenças advindas do local em que elas estavam... Ralos de banheiro, azulejos próximos a vasos sanitários, cuecas meladas em cestos de roupas sujas... Já fiz de tudo - e me controlei!

Quando vi "Cronos" (1992), elogiado longa-metragem de estréia do diretor mexicano Guillermo Del Toro, não pude controlar a admiração pela seqüência emulada em fotograma, na qual o protagonista Federico Luppi (excelente!) disfarçadamente se deita no chão do banheiro de um clube para lamber o sangue externado por um tuberculoso: ele precisava ingerir o precioso colóide, depois que se tornou uma espécie de vampiro ao remexer o artefato do título, que prolonga temporalmente a sua vida, mas destrói-lhe a sanidade e o aspecto externo. Não gostei tanto do filme, mas a seqüência em pauta é primorosa: identifiquei-me por completo. Muito recentemente, inclusive!

Wesley PC>

sábado, 11 de outubro de 2014

“ESCÓRIA DINAMARQUESA!”

Na edição que possuo do guia elementar “1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer”, “O Reino” (1994), minissérie inicialmente televisiva dirigida por Lars Von Trier e Morten Arnfred, é elogiosamente citada à página 841. Na mesma, a articulista Kim Newman alega que este telefilme sintetiza muitos dos temas recorrentes na obra trieriana, o que voltaria com mais vigor em “O Reino II” (1997, co-dirigido pelos mesmos cineastas do primeiro), em minha opinião bem mais elaborado roteiristicamente. O problema: achei tanto o primeiro telefilme quanto o segundo capengas!

 Se o primeiro incomodou-me sobremaneira por causa de seu ritmo moroso (os atores e personagens são ótimos, mas as situações – arrastadas ao extremo, como é típico em seriados de TV – não!), o segundo tem na forçação de barra acerca das convenções do gênero horror o seu maior problema. Exemplo: o veterano ator Udo Kier interpreta o bebê gigantesco que provém do intercurso erótico entre uma médica e um demônio. É concebível que ele possua dimensões extremadas, mas não dá para suportar a sua loquacidade existencial!

 Acerca do ótimo protagonista Ernst-Hugo Järegård, que interpreta um médico sueco que odeia os dinamarqueses que o acolheram, lamenta-se que ele seja obrigado a ficar se escondendo em arquivos, para obliterar o suposto erro médico envolvendo a operação cerebral de uma garota que ficou mentalmente debilitada após o procedimento. Acho um desperdício obrigar um profissional que passa a segunda temporada da série analisando a própria merda, depois de ter viajado ao Haiti para sintetizar um soro zumbificante, se submeter a isso! (risos)

Por mais que eu tenha desgostado oficialmente de ambos os filmes (o segundo é um décimo melhor que o primeiro), não posso negar que as marcas registradas trierianas estejam lá: os arroubos protecionistas de sarcasmo societal (e/ou xenofóbico), as crenças legítimas no cristianismo (ainda que por um viés irônico) e as interações problemáticas entre personagens egoístas que se desejam estão todas lá. O problema é que a duração de quase quatro horas e meia para cada um dos telefilmes prejudica bastante o andamento do processo narrativo. Mas vale a pena ser visto, analisado e discutido. E – por que não? – também sentido, como um inequívoco filme de terror religioso merece!

Wesley PC>

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

“VOCÊ É TÃO DELICADINHA, MINHA FILHA! TEM QUE TER CAUTELA COM A TUA SAÚDE...”

Ainda não consigo reconhecer a Cristina Aché fisicamente, mas sei que ela é uma linda mulher e uma excelente atriz. Mais de uma vez, tive a oportunidade de me deslumbrar frente às suas atuações, mas esta dificuldade distintiva fez com que eu prejudicasse apreensivamente alguns dos aspectos dramáticos mais chamativos do belo e vagaroso “Noites do Sertão” (1984, de Carlos Alberto Prates Correia), que acabei de ver...

No filme, Cristina Aché interpreta Lalinha, uma moça recém-divorciada que resolve passar uma temporada na fazenda do seu sogro (Carlos Kroeber). Lá conhece as duas filhas dele, uma soturna e religiosa (a ótima Sura Berditchevsky) e a outra jovial e lúbrica (Débora Bloch). A primeira morre de desgosto, enquanto a segunda passa algumas noites de prazer ao lado da nora de seu pai. Lalinha, entretanto, resolve seduzir o sogro. Despe-se para ela, faz perguntas calculadas acerca da beleza de sua efígie e de seu corpo, enquanto Maria da Glória, a rapariga jovial, perde a virgindade com um serviçal, antes de ser cortejada matrimonialmente por um jovem médico da região (Tony Ramos), a quem é legado o desfecho, uma narração plácida sobre os acontecimentos que virão... Na derradeira imagem, o sol nasce, deixando o céu avermelhado. Autor do argumento original: João Guimarães Rosa, através da novela “Buriti”.

Assim, de cara, não fiquei de todo interessado na leitura do livro que inspirou o filme, mas sinto que, quando revê-lo, gostarei muito mais: já estarei apreciando a formosura de Cristina Aché, excelente atriz, que aparece nua, encantando-nos com o brilho de sua pele alva e mui graciosa. Linda!

Wesley PC>

terça-feira, 7 de outubro de 2014

IAN McEWAN RESSIGNIFICANDO A MINHA VIDA!

Não vou recair no equivocado estratagema de comparar livro e filme nem tampouco poderei demorar-me em citações proveitosas da magistral obra literária que é “Reparação” (2001), do escritor britânico Ian McEwan. Mas adianto: a versão cinematográfica que Joe Wright perpetrou em 2007 [“Desejo e Reparação”, no título brasileiro] é igualmente excelente. Diferente, porém soberba!

No filme, a personagem Briony é loira, enquanto que, no livro, ela faz questão de orgulhar-se de seus cabelos negros. Imaginativa e mui talentosa, esta garota, no auge de seus treze anos de idade, pensa ter presenciado um estupro e denuncia o namorado da irmã como culpado. Ele é preso, vai para a II Guerra Mundial e, sobre o restante, só lendo o livro, que é dividido em quatro partes: na primeira, dividida em capítulos, conhecemos os personagens e entendemos as suas motivações primárias; na segunda, unimo-nos aos dramas copiosos de guerra; na terceira, reencontramos Briony, adulta, como enfermeira; e, no quarto, glupt, a instância narrativa do romance culpa a si mesma de ser incapaz de atingir a redenção por seus pecados. O motivo: “não há reparação para Deus, ou para romancistas, mesmo se eles são ateus. Seria sempre uma tarefa impossível, e este é precisamente o ponto: a tentativa é tudo!” (página 351, a derradeira da edição anglofílica que me deram de presente).

Levei pouco mais de uma semana para ler o livro, com as devidas para respirar, visto que a minha identificação com a Briony era inevitável. Ao mesmo tempo, como não amar Cecilia Tallis e Robbie Turner, o casal que se apaixona e é impedido de levar à frente as suas pretensões românticas: ela é rica e espevitada; ele é filho da serviçal da casa, mas disposto a se formar em Medicina. Ambos são inteligentes e amorosamente correspondidos, mas... Há alguém, que faz algo, e os impede, e, assim, faz a trama jorrar. E, enquanto eu lia aquilo tudo, por mais que eu torcesse pelo amor deles [vide confirmação individual aqui], era como se eu estivesse sendo cúmplice da separação. Noutras palavras: por mais que eu tenha desgostado infinitesimalmente da Segunda Parte do livro (que era intencionalmente desagradável, forte em sua violência gráfica e sobrevivencial), estive diante de uma obra-prima, que, ao deslindar o seu desfecho transcendental, ressignificou por completo este magnífico fotograma do filme wrightiano, que tem tanto a ver com a minha vida, a minha própria vida...

Wesley PC>

domingo, 5 de outubro de 2014

“NUNCA SABEMOS QUEM NOS AMA DE VERDADE. POR ISSO, DEVEMOS CONTINUAR AMANDO. AS PESSOAS PASSAM POR NOSSAS VIDAS, E O QUE NOS SOBRAM SÃO ALGUMAS LEMBRANÇAS, ALGUNS SORRISOS E A INEVITÁVEL SENSAÇÃO DE FRACASSO”... (EM DEFESA DO PEDRO CARLOS ROVAI)

Este melancólico julgamento sobre a vida está contido no segundo episódio (“A Assinatura”) da alegada pornochanchada primeva “Adultério à Brasileira” (1969), dirigida e roteirizada por Pedro Carlos Rovai. Apesar de o último episódio (“A Receita”) realmente conter os chistes machistas atrelados a este subgênero cômico, o tom do filme é quase merencório, chegando mesmo a emular os filmes neo-realistas de Michelangelo Antonioni. Surpreendi-me positivamente, a ponto de me empolgar solenemente com o talento directivo subaproveitado do realizador brasileiro associado a comédias eróticas rasteiras...

Ao voltar para casa, depois de exercer o meu “direito democrático do voto” (sic), arrumei-me para ver “A Viúva Virgem” (1972), um dos filmes mais elogiados do diretor, mas a cópia era falsa. Consolei-me, então, com mais uma pornochanchada em episódios, “Os Mansos”, que, além da direção de Pedro Carlos Rovai, contava também com as colaborações de Braz Chediak e Aurélio Teixeira. Minha mãe e meu irmão sorriram bastante durante a sessão, mas o filme me desagradou por seu conteúdo preconceituoso. Exceção ao tom irônico do primeiro episódio, “A B... de Ouro”, sobre um homem (Mário Benvenutti) que oferece uma fortuna apenas para tocar nas nádegas de uma loira escultural (Sandra Bréa), que convence o seu marido (José Lewgoy) a consentir com a negociata. Lema do episódio: “Deus foi injusto com os homens: com tanta mulher no mundo, ele nos fez com dez dedos e apenas um pinto”. Urgh! Machista até o talo, mas quem diz isso é o protagonista, ridicularizado ao final, e não o diretor/roteirista. Menos mal...

Wesley PC>

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

“SE ISSO FOSSE TRABALHO, O MAR NÃO SERIA SALGADO!”

A afirmação acima faz sentido? Talvez sim, sabendo que se trata de uma declaração responsiva dalgum personagem de Tony Vieira, interpretado pelo próprio. Em “Desejos Sexuais de Elza” (1982), ele interpreta Dalmi, um ex-presidiário que, depois de resgatar duas mulheres, uma jovem e sua madrasta, das garras sujas de três estupradores, aceita trabalhar na residência delas, como mecânico. A mais velha e uma vizinha ficam violentamente atraídas por ele, e o seduzem alternadamente, enquanto a filha do patrão é violentada, entra em coma e, quando se recupera, casa-se com a filha do caseiro, que estudara Medicina. Enquanto isso, uma moçoila que vive solitária numa ilha, ao lado de seu pai adotivo, sonha com o dia em que conhecerá alguém, em meio a devaneios telúricos...

 O enredo parece absurdo, mas, contando com os diálogos tipicamente queirozianos [o diretor utiliza o pseudônimo Mauri de Queiroz (na verdade, seu nome verdadeiro) como crédito de roteirista], o resultado é ainda pior (ou melhor, a depender do âmbito avaliativo). As cenas de sexo entre Dalmi e a vizinha, por exemplo, são permeadas por toques sadomasoquistas hilários (“me bata! Me bata! Bata mais, mais forte!”) e as ameaças perpetradas pela gangue do marido da personagem-título, um traficante de cocaína disfarçado de filantropo, são chistosas, de tão escrotas. A própria concepção da personagem Elza escandaliza o espectador, visto que era parece frágil e benévola a principio e logo se revela uma facínora ciumenta e perniciosa. “No fundo, somos todos iguais. Quem sabe até nos sentimentos”...

Em verdade, a personagem do filme que mais gostei foi uma prostituta com quem Dalmi se envolve depois que foge da casa do seu patrão, depois que Elza, encolerizada e sexualmente insatisfeita, assassina a sua rival subclassista. Esta surge num cabaré meia-boca, onde uma cantora nos encanta com uma voz similar à da musa brega Diana, encetando uma canção sobre afetos desencontrados. A prostituta narra uma desventura envolvendo um namorado, que, depois de ser preso por roubo de carros, apaixona-se por outro homem na prisão. “Além de virar viado, ele ainda me apresentou ao seu homem, quando eu fui lá visitá-lo”, lamenta a prostituta, antes de ser fustigada por tiros.Gostei muito do filme, muito mesmo!

Wesley PC>

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

(QUASE) NINGUÉM FALOU SOBRE A SUA MORTE, ESTA JAGUATIRICA...


Na madrugada desta quarta-feira, 01 de outubro de 2014, o cineasta Francisco Cavalcanti morreu, em decorrência de um câncer intestinal.Oficialmente, eu não gostava muito de seus filmes (inicialmente, ao menos), mas, aos poucos, fui percebendo o quanto ele era coerente em sua obsessão por ser um arremedo de "Charles Bronson brasileiro". Em quase todos os seus filmes, ele próprio interpretava o protagonista, alguém injustiçado que, de repente, se tornava um vingador. Comentei diversos deles por aqui e, à medida em que ia mergulhando em sua vasta filmografia de ação e semi-pornografia, fui descobrindo uma ou outra jóia suja de cocô (por causa das dificuldades produtivas da Boca do Lixo). No começo, eu não era fã do Chicão, mas, hoje, sou um grande admirador de suas obras irregulares, de seus filmes tronchos, de sua fidelidade a uma idéia. Vá em paz, Francisco Cavalcanti (1941-2014)!

Wesley PC>

“PARA CONSEGUIRMOS TER CONTROLE TOTAL DA SITUAÇÃO, PRECISAMOS ESTAR SOZINHOS!”

Este era o lema do garotinho Reine (Tomas Fryk, impressionante em sua eloqüente precocidade), que, aos onze anos de idade, vistoria periodicamente a sua genitália, a fim de se certificar de que nenhum pêlo púbico apareceu na região compreendida por seu pênis e seu saco escrotal. Ele teme que, quando os mesmos aparecem, ele perderá a sua inocência, vivendo então sob o apelo irrevogável da luxúria. “Anjos não fodem”, explicava ele. O comportamento angelical era, portanto, um objetivo inalcançável, conforme se perceberá á medida que o filme avança...

Vi “Barnens Ö” (1980, de Kay Pollak) enquanto muitas pessoas em, minha cada zoadavam: meu irmão e minha cunhada estão ambos desempregados e minha mãe é excessivamente zelosa (logo, barulhenta). Para que eu consiga me concentrar nalgum filme, nos últimos dias, preciso recorrer a esforços hercúleos. Digo mais: não posso reclamar, a fim de prejudicar a já periclitante harmonia familiar intermitente! Em minha mente, para piorar, os arroubos do desemprego que também me atingiu...

Voltando ao filme: depois que sua mãe solteira sai da cidade, Reine desiste de ir para o acampamento de verão para o qual ela o havia mandado e zanza por Estocolmo. Foge do padrasto violento e inseguro, interage com um bando de solteironas que vivem confinadas num ateliê de costura, apaixona-se por uma atriz mambembe (o momento em que testemunhamos, em ‘close-up’, a sua primeira ereção é de uma violência poética incrível), refugia-se entre motoqueiros ébrios, adentra o setor feminino de oncologia de um hospital, e, ao final, envolve-se com delinqüentes juvenis, que resolvem pôr à prova a sua ambição de quebrar o recorde mundial de tempo sob a água: três minutos. No derradeiro depoimento, entretanto, posterior aos seus questionamentos sobre a existência de Deus e a sua própria função no mundo, Reine constata que um pêlo surgiu em seu escroto. Ele envelhecerá, gozará, fará sexo, quiçá se reproduzirá seminalmente. A vida é assim – e o filme é muito bom, corajoso, quase surreal...

Wesley PC>

terça-feira, 30 de setembro de 2014

"NENHUM LUGAR PARA IR" (2000). Direção: Oskar Roehler.

Um filme. Alemão. Em preto-e-branco. Triste. Sobre a mãe depressiva e suicida do diretor .Que mais de um amigo desaprovou. E eu gostei. Muito!

No filme, a personagem interpretada por Hannelore Elsner zanza pelas ruas de uma Alemanha recém-unificada, a fórceps. O Muro de Berlim caiu, as pessoas na rua comemoram. Nem todo mundo tem o que comemorar, entretanto. Hannelore, apelidada Hanna Flanders, se sente deslocada nos dois lados do muro caído: à esquerda quando o consumo era regra (assim pensava ela); à margem quando confrontada com o ideal falido do comunismo que pregava, idílica e confortavelmente.

Ela não consegue devolver à loja o sobretudo chique que comprara. Ela não pára de fumar quase nem um minuto e, como tal, adquire uma doença que quase ocasiona a amputação de uma de suas pernas. Ela reencontra o homem com quem tivera um filho (o diretor do filme, justamente) e este está bêbado, entristecido, velho, com pouco cabelo. O pênis ainda fica ereto, mas não é suficiente para manter uma relação. Ela desmaia. Ela tem medo de um relógio imenso e com um tique-taque muito barulhento. Ela pula para a morte, depois de um 'close-up' móvel e significativo. Ela morre. Ela é culpada!

Ao contrário dos meus amigos que viram o filme antes de mim, eu gostei muito do que vi. Senti como se algo de mim estivesse passando diante da tela. Por dentro, a felicidade se esmera, ameaça, atinge êxitos. Por fora, eu sou um espectador!

Wesley PC>

POR MOTIVOS ALHEIOS À MINHA VONTADE...

...A minha vontade segue alienada!

Ter detestado"Vendo ou Alugo" (2012, de Betse de Paula), como era de se esperar, é um detalhe quase irrelevante. Outros assuntos se somam, outras angústias, outras pendências. Queria dizer que não estou com medo, mas estar sem medo é algo de quem não diz. Eu digo. Por mais que, na tarde de hoje, eu não tenha sabido o que dizer. Ainda assim, não silenciei. Eu disse... Ou tentei.

Wesley PC>

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

COMO BEM DISSE UM AMIGO MEU, "MORRE A ÁRVORE, FICAM AS SEMENTES!"


A imagem desta lagarta belíssima consta do filme "A Floresta de Jonathas" (2012, de Sérgio Andrade), que vi com muita ansiedade na tarde de ontem. Não gostei tanto do resultado final, mas era o filme que eu precisava e queria ver. E gostei. E funcionou. E a minha paixão pelo Begê Muniz (o rural, ao menos), segue ativa, vívida. Não é por acaso!


Wesley PC>