domingo, 26 de janeiro de 2014

TANTA COISA QUE EU AINDA NÃO SEI NESTA VIDA!


Estou chegando ao estágio final de meu Mestrado e, como tal, precisarei dedicar-me cada vez mais à minha dissertação. Para tal, acatei com fervor uma sugestão que me foi dada durante o meu exame de qualificação: ler com cuidado a dissertação “A Cultura do Lixo: Horror, Sexo e Exploração no Cinema” (2002), de Lúcio de Franciscis dos Reis Piedade. Ainda estou no antepenúltimo capítulo, mas, até agora, gostei enormemente do que descobri no texto. Exemplo primordial: descobrir que “Mona: The Virgin Nymph” (1970, de Howard Ziehm) é, oficialmente, o primeiro filme “a associar uma linha narrativa estrutura com sexo não simulado”. Além disso, constatei que ainda na vi nenhuma das obras canônicas do ‘explitation’ dirigidas por Hershell Gordon Lewis. Preciso corrigir isto o quanto antes!

Enquanto as oportunidades acima mencionadas não chegam, contento-me sobremaneira em revalorizar a filmografia de Victor di Mello, cada vez mais se apresentando para mim como um grande cineasta. “O Seqüestro” (1981) que o diga! Vi este filme na manhã de ontem e continuo impressionado com os seus diversos méritos extra-narrativos!

Além de ser um exímio filme policial, que reconstitui com brilhantismo as investigações sobre o seqüestro de um garotinho, filho de um industrial falido, aos poucos, o roteiro desvenda estórias de corrupção, de ninfomania e de resquícios de tortura militar que me deixaram estupefato: como permitiram que este filme fosse lançado?!

Num dos momentos mais insuspeitadamente geniais, inclusive, o personagem do produtor Carlo Mossy, um detetive que faz questão de andar com um chapelão estadunidense na cabeça, é flagrado fazendo sexo com um travesti, irritando-se com o seu colega homofóbico. Noutro instante, quando se descobre a sanha erótica da personagem de Helena Ramos, mãe do garotinho seqüestrado, diversas cenas de sexo – com homens absolutamente diferentes – numa praia se sucedem. Um apanhado incrível de fodas oportunistas (a vagina da atriz é mostrada em ‘close-up’), mas integradas de forma mui crítica à narrativa, em que se descobre posteriormente que um dos motivos que justificaram o falso seqüestro (na verdade, o pai do garoto é o culpado por sua organização) foi a suspeita de que os filhos desta personagem ninfômana seriam ilegítimos, pertencentes a pais desconhecidos. Sem contar que a canção-tema de Marcus Valle associa a malevolência disfarçada dos policiais a violentos instintos animalescos, num cotejo associativo com o que se percebeu em “Serpico” (1973, de Sidney Lumet), mencionado nos créditos finais. Um filme absolutamente genial e injustamente desconhecido. Precisamos exibi-lo e retrazê-lo à tona!

Wesley PC>

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