domingo, 2 de março de 2014

MINHAS APOSTAS (OU IMPRESSÕES PRÉVIAS) SOBRE O OSCAR 2014:


Acordei ansioso neste domingo de Carnaval: mais tarde, é hora de celebrar os melhores filmes hollywoodianos do ano passado! Estava preocupado sobre como me reuniria com os meus amigos, por causa de minha fobia carnavalesca, mas, por sorte, um deles habilitou-se a vir me buscar em casa, em seu carro recém-comprado. Terei, portanto, a oportunidade de perguntar mais uma vez, em tom chistoso, “quem é o mestre?” (risos)

Dentre os nove indicados a Melhor Filme deste ano, muitos lamentaram a ausência de “Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum” (2013, de Joel & Ethan Coen), indicado apenas a Melhor Fotografia. De fato, talvez seja a melhor obra cinematográfica estadunidense do ano passado, mas, atendo-se aos que foram indicados, comentarei brevemente cada um deles a seguir, todos produzidos no ano passado, em ordem decrescente de qualidade (segundo os meus critérios cada vez mais particulares):

  • ·         “O Lobo de Wall Street” (Martin Scorsese) - **** 1/2: apesar de repetir o arco narrativo de outras narrativas tipicamente scorseseanas, é um dos melhores do diretor. Infelizmente, periga não receber nenhum prêmio, pois é cáustico em excesso, mas Leonardo DiCaprio (finalmente indicado a Melhor Ator) está soberbo como o protagonista. A ausência da veterana Thelma Schoonmaker entre os indicados a Melhor Montagem é um verdadeiro crime! Filmaço!

  • ·         “12 Anos de Escravidão” (Steve McQueen) - ****: tenho uma relação complicada com o diretor. Gosto muito de “Fome” (2008) e detesto “Shame” (2011), mas, aqui, ele conseguiu encontrar um meio-termo ideal entre a personificação militante do primeiro e o langor autodestrutivo do segundo. Não é um filme piegas ou a obra definitiva contra a escravidão, como apregoam por aí, mas sim um roteiro corajoso que mostra o que acontece quando um homem negro emancipado é traficado como escravo numa região que ainda considera legal este verdadeiro crime contra a humanidade. Um filme que merece ser revisto e debatido, pois é muito mais inteligente e sensível do que a sua conotação espetacular deixa perceber numa primeira sessão. Talvez receba o prêmio principal, mas aposto nele em Roteiro Adaptado (para John Ridley) e Atriz Coadjuvante (para a soberba Lupita Nyong’O). Tomara que seja devidamente laureado...

  • ·         “Ela” (Spike Jonze) - ****: um filme lindo, magnificamente dirigido e escrito (favorito extremo na categoria Melhor Roteiro Original), com um Joaquin Phoenix em estado de graça como protagonista (uma ausência lastimável entre os indicados a Melhor Ator), uma belíssima trilha sonora (se receber os prêmios de Melhor Trilha Musical e Melhor Canção, não focarei chateado) e um tom melancólico que não recai da depressão vitimizadora. Muito pelo contrário: é um filme motivador! Preciso revê-lo, pois a primeira vez em que o vi foi relativamente prejudicada...

  • ·         “Gravidade” (Alfonso Cuarón) - ***1/2: sou fã do diretor desde outros carnavais e ficarei exultante se ele for o mais premiado da noite, mas não gosto tanto do filme quanto a quase totalidade dos críticos do mundo. Tecnicamente, o filme é deslumbrante, irrepreensível, mas desgostei do tom maternalista (devidamente autoral, diga-se de passagem) do roteiro. Sandra Bullock surpreende e merece a indicação de Melhor Atriz. Quem diria? Muito bom, afinal de contas.

  • ·         “Clube de Compras Dallas” (Jean-Marc Vallée) - ***1/2: este o caso contrário do anterior. Desaprecio a insistência do diretor em relação a acertos de conta homossexuais do passado, mas admito que direção e montagem são muito boas neste filme, além dos ótimos trabalho do elenco. Matthew McConaughey e Jared Leto são os favoritos absolutos a Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante, respectivamente. Por mim, mais do que levam!

  • ·         “Philomena” (Stephen Frears) - **1/2: não gostei tanto do filme quanto os meus amigos, mas é uma obra de mestre, com todas as marcas registradas do diretor. Judi Dench está magnífica (e até sorridente) e o roteiro é irregular, mas, quando acerta, o faz com louvor. Periga não ser premiado em nada (tomara que não vença Melhor Trilha Musical, pois não gostei do trabalho do competente Alexandre Desplat aqui), mas é muito simpático, uma fofura!

  • ·         “Nebraska” (Alexander Payne) - **1/2: o diretor está se repetindo, admito, mas ainda sou fã dele. Aqui, ao comandar o roteiro de outra pessoa (o estreante Bob Nelson, premiado no Independent Spirit Awards), ele erra a mão, ao demonstrar-se muito superior aos seus personagens, que são presunçosos e abobalhados. Mas Bruce Dern fez por merecer o seu prêmio de Melhor Ator no Festival Internacional de Cinema de Cannes e a direção de fotografia é magnífica. Apesar de eu não ter gostado, tenho uma simpatia contida por ele. Jane Squibb é uma coadjuvante magnífica, a melhor coisa do filme!

  • ·         “Trapaça” (David O. Russell) - **1/2: malgrado eu curtir os trabalhos anteriores deste diretor, considero-o cada vez mais hiperestimado por Hollywood. Ele tem um dom para conduzir atores (está todo mundo esplêndido neste filme!), mas achei o roteiro cifrado, não funciona muito fora dos EUA. O uso da seleção de canções clássicas de ‘rock’ é soberbo, a montagem é maravilhosa e, tecnicamente, ele é ótimo, mas... Não funciona a contento! É um dos mais indicados da noite, mas talvez não receba nenhum prêmio de consolação, além da aguardada – por alguns – láurea de melhor triz Coadjuvante para Jennifer Lawrence.

  • ·         “Capitão Phillips” (Paul Greengrass) - *1/2: não vou mentir que a direção e a montagem são ruins, mas que este filme é execrável em mais de um aspecto, ah, ele é! O enredo é pavoroso, Tom Hanks está sub-automático, Catherine Keener infelizmente aparece muito pouco e o preconceito econômico contra os bandidos somalis é terrível. Mas o ex-motorista Barkhad Abdi tem uma ótima atuação. Sinceramente, é uma vergonha este filme está sendo tão elogiado. Por que, ao invés dele, não celebraram o magistral “Rush – No Limite da Emoção” (2013, de Ron Howard), lamentavelmente ignorado pela Academia? Vai saber...

Nas demais categorias, talvez não haja surpresas. Mas adianto que a produção italiana “A Grande Beleza” (2013, de Paolo Sorrentino) é, de longe, um dos melhores e mais arrebatadores filmes do ano passado. Que ele comprove o seu sucesso com mais um prêmio justo! Até depois da cerimônia, camaradas.

Wesley PC>

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