“O cinema é, e sempre foi, ‘business’. Agora, no entanto, as
coisas vão ficando meio desproporcionais. Um único filme policial na América
custa mais que uma rede de televisão no Brasil. É um produto para multidões. Tem
de render explorando o gosto médio, que hoje é um gosto planetário. E nisso,
uma vez mais, reside um talento monstruoso. Não só na plasticidade, na
fotografia, no ritmo, nos clichês magistralmente costurados. Há muito talento
artístico da indústria cinematográfica em acertar, na mosca, o gosto médio de
populações tão distantes entre si. [...] O gosto médio – ou o medo médio? – foi
premiado com competência extrema”.
Na tarde de ontem, recebi uma visita dos Correios. Felizmente,
a greve que já durava mais de um mês encerrou! Recebi uma encomenda que
comprara há duas semanas. O carteiro, ao me entregar o pacote, perguntou se era
algo que eu estudo, disse-lhe que sim. Ele sorriu: “é isso mesmo, estás no caminho
certo!”. Chuviscava...
No pacote, havia justamente algumas edições antigas da
revista SET. Quero completar uma coleção, inicialmente, até a edição 120, que configura
exatos dez anos de publicações. Será o escopo de uma monografia. Na edição 112
(outubro de 1996), a propósito, há uma matéria de capa chamada “Os 10 maiores
astros de Hollywood – e por que este cara pode ser o próximo da lista”. Ao lado
de Humphrey Bogart, Sean Connery, Marlon Brando, Paul Newman, Jack Nicholson, John
Wayne, Clint Eastwood, James Dean, Robert Redford e Harrison Ford, estava uma
foto de Matthew McConaughey, “ilustre desconhecido” que acabara de estrelar o
elogiado “Tempo de Matar” (1996, de Joel Schumacher).
O tempo, entretanto,
parecia lograr esta manchete, tanto quanto as más escolhas do ator, que se
tornara astro freqüente de comédias românticas bobocas. Até que, em 2014, ele
recebe um merecidíssimo Oscar que premiava não apenas o seu ótimo desempenho em
“Clube de Compras Dallas” (2013, de Jean-Marc Vallée), mas todos os audaciosos papéis
que defendeu no último triênio, dentre eles a protagonização do ‘kitsch’ porém
marcante “Killer Joe – Matador de Aluguel” (2011, de William Friedkin). Vi este filme anteontem. Gostei muito, mas não
tanto quanto alguns de meus entusiasmados amigos. Porém, tenho que levantar a
mão (e outras partes móveis do corpo): Matthew McConaughey arrasa!
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