quarta-feira, 30 de abril de 2014

REDUÇÃO DE GASTOS E COSMÉTICA DA FOME!

Por causa do fim do Mestrado, encontro-me numa situação delicada: por mais que nos programemos, sempre somos surpreendidos por alguma rasteira inesperada. Como, no meu caso particular, as atitudes persecutórias foram freqüentes, o estágio intermediário entre a suspensão da bolsa e a obtenção de um novo emprego está me fazendo perder o sono: atendendo a uma sugestão de minha mãe, hoje diminuirei o meu pacote de TV por assinatura. Cancelarei os canais da rede Telecine e da rede HBO. Talvez seja uma decisão que tenha suas benesses, além do alívio monetário imediato...

Antes que eu fosse perturbado pela insônia da angústia, assisti ao longa-metragem baiano “Trampolim do Forte” (2013, de João Rodrigues Mattos), que é tão denuncista quanto pretensamente hipnótico. É um filme sobre as conseqüências da miséria na vida de alguns garotos, mas a fotografia é tão esmerada, as cenas subaquáticas são tão bonitas, que o efeito se inverte: o filme inebria de uma maneira suspeitosa, o que não impede que constatemos os inúmeros outros defeitos da película!

 Marcélia Cartaxo interpreta a mãe evangélica de um garoto chamado Felizardo (Adailson Dias), obrigado a vender picolés na praia todos os dias para pagar o dízimo de sua igreja, o que deixa o garoto emputecido. Ele chora tanto que seus colegas querem mudar o seu apelido de feliz para Triste. Seu melhor amigo é Déo (Lúcio Lima), um garoto simpaticíssimo que passa o filme inteiro vestindo a mesma bermuda vermelha. Ele foge de casa depois que sua mãe é espancada pelo padrasto. E nada para esquecer os problemas, mergulha o dia quase inteiro...

Numa das mais belas cenas do filme, Déo deita-se lado a lado com a sua amiga Tetéia (Jéssica Duarte), que se prostitui, mesmo ainda sendo uma adolescente. Apesar de ser acostumada a foder por dinheiro, o que ela sente por Déo é sincero. Logo, até mesmo os beijos que eles trocam são cândidos, quase assexuados. Até que Tetéia é estuprada por um pedófilo que, mais tarde, saberemos ser o pastor que a mãe de Felizardo tanto venera. A polícia assume a responsabilidade por sua prisão, quando, na verdade, foi Déo quem atirou em seu joelho. Quem compra a arma é o travesti interpretado por Zéu Britto. Quem oferece a interpretação mais delicada do filme é Everton Wallace, como o trombadinha Fuleirinho: não é uma atuação muito boa, mas corajosa, difícil. Nesse sentido, por mais que o filme queira ser muito melhor do que é (ignorando as complicações de sua feitura cosmética), ele ainda merece alguma exortação. Veio num momento certo de minha vida!

Wesley PC>

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