Desde que vi “Em Busca do Ouro” (1925, de Charles Chaplin) pela primeira vez, este foi o intertítulo que mais me marcou. Ele aparece na famosa seqüência em que a cabana em que está o protagonista é arrastada até a beira de um penhasco. O único problema é que a cópia do filme a que tinha acesso possuía um irritante acompanhamento monocórdio de órgão...
Apesar de saber que o próprio diretor foi responsável pela versão sonorizada de 1942, até hoje eu me recusei em conferi-la. Até que, inevitavelmente, fui vítima das conseqüências unilateralizantes da cultura comercializada sob o jugo do capitalismo: todas as cópias em DVD que eu possuía deste clássico correspondiam a esta versão sonorizada, com dublagem e músicas adicionais realizadas sob a supervisão estrita de Charlie Chaplin, que nutria uma preferência mui particular por esta obra. É fácil compreender o porquê de sua simpatia, mas... Não gostei de ver o filme remodelado desta forma!
Além de a cópia sonorizada excluir o meu intertítulo favorito, é estranho (no sentido negativo do termo) ouvir o Vagabundo falando, de uma maneira pleonástica, tamanha a efetividade comunicativa de suas pantomimas. Decepcionante, aliás. Mas tive que me submeter a isto: um garoto de 13 anos, filho do dono da padaria na esquina da rua em que moro, queria muito ver um filme chapliniano esta noite. Estou introduzindo-o aos longas-metragens da filmografia do gênio de maneira cronológica: na semana passada, vimos “O Garoto” (1921 – vide comentário empolgado sobre ele aqui) e, hoje, era dia de conferir o citado “Em Busca do Ouro”. Mais uma vez, o menino se engasgou de tanto rir!
Não obstante as gargalhadas terem sido mais discretas neste filme de 1925, o menino pôde perceber que, além de corresponder à quintessência do gênero cômico norte-americano, Charlie Chaplin também balizava os gêneros romântico e dramático-histórico. É um verdadeiro gênio, de modo que fiquei felicíssimo ao rever esta obra-prima diante de toda uma família, por mais que a cópia que publicizei fosse desrespeitosa em relação à arte muda do grande inventor cinematográfico. Hoje, eu chorei de tanto rir – e de emoção também!
Wesley PC>
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2 comentários:
Acredito que no DVD da Warner tem a versão silenciosa desse filme nos extras. Confira.
Irei em busca...
Tenho diversas edições em DVD do filme, todas sonorizadas (irc!)
WPC>
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