segunda-feira, 18 de agosto de 2014

QUANDO EU NÃO ACHO ENGRAÇADO...

Gosto muitíssimo do diretor italiano Marco Ferreri, mas, apesar disso, decepcionei-me com seu elogiado longa-metragem de estréia, "O Apartamento" (1958, co-dirigido por Isidoro M. Ferry), visto que o considerei demasiado chanchadesco (no pior sentido do termo) em seu humor negro de intensa carga crítico-sociológica. Por vezes, o filme - que é espanhol - parece uma experiência primeva do Ettore Scola no neo-realismo, mas... Ao cabo, soou-me tão desagradável quanto uma comédia brasileira contemporânea da Globo Filmes: não obstante possuir momentos bem-conduzidos cinematograficamente, a moral oportunista da estória não me convenceu. Talvez seja um problema pessoal,mas... Não conseguir rir daquilo!

Na trama, o protagonista é convencido por sua noiva a casar-se com uma senhorita idosa e convalescente, a fim de que possa herdar o seu apartamento, o que ele aceita a contragosto. O problema é que, por maior que seja a torcida, a velhinha teima em não morrer. No desfecho, o esperado se confirma, mas... Era tarde demais: eu já estava enfadado, irritado!

 Frustrei-me com algumas cobranças domésticas de minha mãe durante a sessão e, ao chegar no trabalho, sou ignorado por um rapaz que muito me encanta. Um desdém proposital, ensaiado, vilanaz, dorido, mas quiçá salutar para a convivência geral. Eu discordo, mas, pelo jeito,sou voz abafada no processo. Resta-me torcer para que o desfecho da vida real não seja tão moralmente torpe (ainda que pretensamente engraçado e sagaz) quanto foi o do filme... Tomara!

Wesley PC>

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