domingo, 21 de setembro de 2014

“A EDUCAÇÃO DE UMA GAROTA SÓ ESTÁ COMPLETA QUANDO ELA APRENDE A FECHAR UM BASEADO”!

Mesmo ciente de que “O Garanhão Italiano” (1970, de Morton Lewis) não tinha como ser um filme bom, sempre nutri uma extrema curiosidade em vê-lo. Protagonizado por um Sylvester Stallone em começo de carreira (se é que se pode chamar o que se mostra aqui de carreira), este filme pornográfico ‘softcore’ praticamente não possui trama, apesar de o irmão (?) do diretor, Milton Lewis, ser creditado como roteirista. No filme, uma mulher de ascendência aparentemente oriental (Henrietta Holm) confessa-se sexualmente excitada até mesmo quando se acocora para meditar e, após dançar bastante, separar algumas frutas para o homem que ama e exclamar a constatação que intitula esta publicação, recebe várias cinturãozadas do personagem de Sylvester Stallone, que a convida para uma orgia entre amigos ricos. Tudo embalado a uma trilha sonora cafona que antecipa a era ‘disco’ e demonstra que a era ‘hippie’ chegara ao fim da pior forma. Eis o que “O Garanhão Italiano” sintetiza!

Assisti a este filme numa péssima cópia sem legendas, de modo que precisei ficar traduzindo os arremedos de diálogos para o garoto (casado) que estava ao meu lado. Depois de determinado tempo, já me sentia deveras constrangido de tanto repetir “oh, como estou excitada!”, “estou com muita vontade de chupar o seu pau” e “vou deixar o sabonete cair no chão para que o meu rosto fique pertinho da minha parte favorita de seu corpo...”. Eis do que os exíguos diálogos do filme se tratavam. Ao menos, tudo passa muito rápido: em pouco mais de 71 minutos, tudo se conclui, de maneira pronta para se tornar esquecível, não fosse a aura ‘cult’/’kitsch’ que o filme adquiriu enquanto testemunho do fracasso de uma geração. Dois anos após o seu lançamento, inclusive, Gerard Damiano se tornaria o patrono dos longas-metragens eminentemente pornográficos (‘hardcore’) lançados nos cinemas. “O Garanhão Italiano” estava fadado a ser esquecido, não fosse o próprio Sylvester Stallone descoberto (e aceito) por Hollywood seis anos depois, quando chegou mesmo a ser indicado ao Oscar de Melhor Ator, pasmem! De uma forma ou de outra, talvez ele tenha merecido: esforço de sua parte não faltou!

Em mais de um instante do filme, comentei com meu parceiro de sessão que estava envergonhado diante de tamanha enrolação erótica. Uma dançarina negra bailava nua diante de uma loira e, ao final, engalfinha-se com ela numa cama, ao lado de um casal refinado, numa bagaceira sexual que termina como se fosse um ritual satânico. Uma esculhambação tosca, mas com certo charme fedido, de modo que arrebatou alguns décimos de apreciação em minha cotação demeritória. Não sei se recomendo este filme a alguém, mas, insisto, enquanto testemunho geracional, ele nos diz algo, em suas entrelinhas extemporâneas: “‘carpe diem’, cinéfilos lúbricos: os tempos que se seguem serão ainda menos alvissareiros!”. Recado (involuntário) dado, Morton Lewis!

Wesley PC>

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