terça-feira, 30 de setembro de 2014

"NENHUM LUGAR PARA IR" (2000). Direção: Oskar Roehler.

Um filme. Alemão. Em preto-e-branco. Triste. Sobre a mãe depressiva e suicida do diretor .Que mais de um amigo desaprovou. E eu gostei. Muito!

No filme, a personagem interpretada por Hannelore Elsner zanza pelas ruas de uma Alemanha recém-unificada, a fórceps. O Muro de Berlim caiu, as pessoas na rua comemoram. Nem todo mundo tem o que comemorar, entretanto. Hannelore, apelidada Hanna Flanders, se sente deslocada nos dois lados do muro caído: à esquerda quando o consumo era regra (assim pensava ela); à margem quando confrontada com o ideal falido do comunismo que pregava, idílica e confortavelmente.

Ela não consegue devolver à loja o sobretudo chique que comprara. Ela não pára de fumar quase nem um minuto e, como tal, adquire uma doença que quase ocasiona a amputação de uma de suas pernas. Ela reencontra o homem com quem tivera um filho (o diretor do filme, justamente) e este está bêbado, entristecido, velho, com pouco cabelo. O pênis ainda fica ereto, mas não é suficiente para manter uma relação. Ela desmaia. Ela tem medo de um relógio imenso e com um tique-taque muito barulhento. Ela pula para a morte, depois de um 'close-up' móvel e significativo. Ela morre. Ela é culpada!

Ao contrário dos meus amigos que viram o filme antes de mim, eu gostei muito do que vi. Senti como se algo de mim estivesse passando diante da tela. Por dentro, a felicidade se esmera, ameaça, atinge êxitos. Por fora, eu sou um espectador!

Wesley PC>

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