quarta-feira, 15 de outubro de 2014

POR MAIS EGOÍSTA QUE TU SEJAS (OU MELHOR, QUEIRAS SER), UMA PALAVRA TUA E EU FICO BEM, EU SORRIO POR DENTRO...

Um amigo brasiliense recomendou-me emergencialmente o filme francês “Faz de Conta que Eu Não Estou Aqui” (2000, de Olivier Jahan). Não obstante o amigo em pauta ser obcecado pelo ator que protagoniza o filme, o talentoso loiro Jérémie Renier, presumi que a sua adesão personalizada ao filme tinha a ver com algum acentuado conteúdo homoerótico. Dito e feito: mas, nossa, como demorou...

No filme, o personagem principal é um esnobe e taciturno garoto que passa os dias e noite a observar os seus vizinhos. Traumatizado por ter presenciado a morte do pai na infância, ele reluta em voltar a se comunicar com outrem, distancia-se propositalmente. Até que se apaixonam por ele – e ele, por sua vez, sente-se atraído por um casal que mora num apartamento à sua frente: ela, tendente ao alcoolismo e sexualmente liberada; ele, portador da sexualidade descendente de árabes e bissexual. Ao longo do filme, o protagonista é tachado de egoísta por quase todos os seus interlocutores. Durante os créditos finais, ouve-se um choro bem-vindo e redentor...

Ao término da sessão, conversei com um rapaz que muitos também acusam de ser extremamente egoísta. Sua mãe é depressiva e seu pai espirituoso em excesso. Há suspeitas de que o pai dele seja infiel. Além disso, seus irmãos são alcoólatras ou desengonçados sexualmente. Conclusão: o rapaz tende à infelicidade auto-estabelecida. E coube a mim tentar ajudá-lo, ouvir as suas dores, aconselhá-lo. Mas o cano da espingarda do afeto se inverteu. Durante os créditos finais, houve um choro bem-vindo e redentor!

Wesley PC>

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