Finalmente vi “SuperOutro” (1989), clássico udigrudi do
baiano Edgar Navarro. E, nossa, como eu gostei!
Ao longo dos quase cinqüenta minutos de duração do filme,
Bertrand Duarte corre de um lado para o outro, sucumbindo à esquizofrenia, ao
mesmo tempo em que a renega, pois a sabe como conseqüência espúria dos
desmandos políticos do Brasil: ele encontra uma nota de quinhentos Cruzados e
troca por um balaio de tangerina; defeca num jornal e depois joga a merda num
cara que ouvia Fernanda Abreu, em alto volume, no seu carro; rouba o colar de
uma devota de santo que reza numa igreja católica; cita diálogos de clássicos
de Federico Fellini e Glauber Rocha; recita versículos bíblicos e invade um
desfile cívico de 7 de setembro, gritando para que todos se arrependam;
masturba-se enquanto assiste ao programa “Rolentrando” na TV de uma loja de
eletrodomésticos; tenta voar...
Amei o filme! Não era bem o que estava pretendendo ver hoje
à noite, mas foi o que consegui: era como se fosse uma predestinação! E pensar
que, minutos antes, eu lia uma resenha sobre os filmes dirigidos pelo
roteirista britânico Richard Curtis, em cujas tramas “pessoas de bem”
demonstram que têm problemas, como todo mundo. Afinal de contas, gente rica
também tem problemas. Uau!
Wesley PC>