quinta-feira, 13 de março de 2014

TENHO QUE ADMITIR: EU ME VI NO FILME!

Por mais que eu tenha detestado "Ninfomaníaca - Volume 2" (2013, de Lars von Trier - crítica aqui), em mais de um momento eu me senti diagnosticado pelo filme, por mais canhestro que sejam os seus suportes psicanalíticos. Durante as aparições imponentes do sádico personagem de Jamie Bell, eu fiquei sexualmente excitado. Porém, enquanto ele chicoteava a protagonista, eu pensava comigo mesmo: "jamais terei coragem de confiar em alguém a este ponto, de me deixar ser amarrado, sem 'palavra de segurança'"... Tomara mesmo, é perigoso! A minha sexualidade como um todo é perigosa, afinal...

Wesley PC>

“HOJE A FILOSOFIA INVADIU O TERRENO DO AMOR”...



Revi “Lição de Amor” (1975, de Eduardo Escorel), ao lado do espectador ideal, alguém que, volta e meia, permite ser aconselhado por mim. Ao final da sessão, disse-lhe que sou eu que aprendo com ele, mas, como todo bom contexto educativo, é um processo marcado pelo mutualismo. Sentia-me higienizado, portanto!

No filme, a imigrante alemã obrigada a se prostituir por razões econômicas apaixona-se por seus pupilos: ela é contratada para iniciar rapazolas nas artes do sexo, mas envolve-se emotivamente com eles. Para ela, o que está sendo ensinado é o amor em sua plenitude. Não o sexo, como os contratadores pretendem, mas o amor!

Tencionava escrever um texto mais passional, mas percebo que as palavras fogem. Identifico-me pungentemente com este ótimo filme, que, apesar de um ou outro defeito relacionado à sua sonorização (a dublagem é problemática, a banda sonora é mais alta que os diálogos, etc.), é lindo, é genial! Meu companheiro de sessão ficou impressionado: “como um filme como este pôde ser realizado durante a ditadura? Esse tipo de coisa acontecia mesmo, Wesley? Ôxe, que menino atentado é este?”. E eu me sentia feliz: por mais que o filme me dilacerasse por dentro, ele me reconstituía animicamente. Lindo!

A protagonista é interpretada por Lilian Lemmertz, impecável. O rapazola é interpretado por Marcos Taquechel, que não precisa se esforçar tanto. Ele esfrega a sua genitália, antes de ter coragem de declarar o seu amor para ela. No filme, ele aparece se banhando ao menos duas vezes. Masturbara-se antes. Suas irmãs percebem o seu interesse afetivo pela governanta: “vá bulir com a ‘fräulein’!”, diziam. Ele a amava, entretanto. Ao final, quando ela é obrigada a se despedir, percebe que ele é um dentre vários. E, de todos, ela se despedia: o amor estava ensinado, impregnado, inscrito a tinta nas almas dos rapazolas...

Não posso escrever mais, desculpem. Não agora, pelo menos. Depois volto: é um filme para mim, está tudo lá!

Wesley PC>

terça-feira, 11 de março de 2014

EPIFANIA RESNAISIANA:


Neste exato momento, estou feliz - e romanticamente excitado também: Alain Resnais, eu te amo - e sinto que sou correspondido!

Wesley PC> 

segunda-feira, 10 de março de 2014

EM LUGAR DE VERGONHA, NASCEU PENA!


"Não suma de minha vida medíocre!", brincou ele. Quis crer que ele falava sério, que eu merecesse a glória de poder atender a este pedido. Preferi não investigar, fantasiar platonicamente. À noite, telefonei. Falei mal do cigarro, como se fosse uma brincadeira. "Se a minha respiração ficar ofegante, é porque corri para desligar a boca do fogão", brinquei também, insinuando que me masturbava enquanto conversávamos, a fim de reagir chistosamente a um arremedo de sedentarismo que, fosse proferida por quase qualquer outra pessoa, muito me desagradaria. Sou despótico! Em minha casa, quase todos dormiam. Beirava a meia-noite. Às 23h15', o telefone tocou. Era alguém, discando a cobrar. Não conseguiu completar a ligação, obviamente. Ejaculação!

Wesley PC>

DIZ A LETRA DA CANÇÃO: “VENTO QUANDO AÇOITA A BANANEIRA, ELA GEME, ELA CHORA DE DOR... PORQUE VIVE ABANDONADA, COITADA, SEM CARINHO E SEM AMOR!”

“O Lamparina” (1963, de Glauco Mirko Laurelli) não é um bom filme protagonizado por Amácio Mazzaropi. Poucos o são, na verdade, mas, apesar do roteiro prejudicado em suas bifurcações românticas, alguns momentos são divertidos, principalmente durante as canções. Como este caipira inconfessadamente homossexual canta bem! Eu e minha mãe sorrimos durante a sessão, enquanto, numa casa próxima à minha, o pai de um amigo gargalhava, conforme me confidenciou sua filha, mais tarde, enquanto eu ensinava noções de Mecânica ao filho do dono da padaria local. Ao dormir, tive um pesadelo assombroso, em que alguém que eu distinguia como minha mãe (mas era diferente da minha mãe verdadeira, visto que era bem mais magra e com cabelos longos) não queria que eu saísse de casa, chantageando-me emocionalmente com o fingimento de uma doença. Quando eu percebo que ela estava mentindo, ela esbraveja: “eu sei o que tu estás a sentir: quanto eu tinha a tua idade, a minha mãe também adoeceu, e eu detestava ter que cuidar de suas feridas purulentas”. Acordei apavorado, pois sabia que a minha avó materna havia falecido em decorrência de uma tuberculose, poucas semanas após o meu nascimento. Dias depois, o marido dela morreu. Minha mãe ficou, então, órfã de mãe e de pai no mesmo mês, enquanto eu ainda era um bebê... É algo que impressiona!

Wesley PC>

domingo, 9 de março de 2014

O PODER DA CRIAÇÃO (EM P&B):


“Deus está abandonado sozinho, e se mata estripando-se com uma navalha. A Mãe-Natureza emerge de sua morte, e com o sêmen do moribundo Deus fertiliza-se, dando origem à Humanidade, uma criança doente e fraca, que em toda sua existência é surrada e torturada por zumbis sem face”.

 Por esta sinopse, era quase óbvio que “Begotten” (1990, de E. Elias Merhige) se instalaria prontamente entre os meus filmes favoritos de terror. Infelizmente, entretanto, tal sinopse é uma interpretação apaixonada dalgum fã – ou, quiçá, do diretor/roteirista/fotógrafo/produtor – e não é facilmente identificável na trama do filme, lenta, silenciosa, em preto-e-branco granulado e estourado...

 Não vou dizer que achei o filme ruim: seu ritmo é monocórdio, mas as imagens são bonitas e impressionam descerramento, mas o que se pode discernir do enredo se desgasta na segunda metade, quando o ciclo de criação e destruição, vida, morte e podridão se revela. É bonito, mas enfada. Ou talvez o problema estivesse comigo, durante o instante que escolhi para ver o filme... Um dia, eu o revejo, ao lado de alguém que amo. Quem sabe não funciona melhor? “Begotten” é um filme de amor, afinal!

Wesley PC>